Cap. 53: Chá De Conflitos

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5 minutos. Esse havia sido o tempo necessário para entrarmos, sentarmos no sofá e esperarmos os seguranças depositarem as malas na porta. Também havia sido o tempo necessário para Ônix arranjar briga com o pai.

- Jaspe, Jade, lembram que falei de seus irmãos? - Martino exclamou, chamando as crianças que brincavam no tapete. O pesar em sua voz era claro: - então, estes são Ônix e Rubi. São eles.

O homem apontou para os dois outros filhos, sentados no lado oposto da sala. Rubi sorriu para os pequenos, que pareciam ter substituído o medo pela curiosidade.

- Oi! - exclamou, tentando aproximar-se. As duas cabeças loiras apenas observaram-na sentar-se no chão - como vocês estão? Gostam de brincar?

A palavra "brincar" foi o suficiente para que sorrisos alcançassem seus rostos. Praticamente agarraram-na, arrastando-a até uma pilha de brinquedos no canto do cômodo.

Ônix, assim que o encarei, continuava rígido como uma estátua. Estátua essa, com uma careta extremamente diabólica. Era impressionante a maneira como suas lindas feições podiam desfigurar-se.

- Então... - Martino continuou, tirando os olhos das crianças e de Rubi - como... como você está?

O artista esforçou-se para não soltar uma risada sarcástica, algo que pude sentir devido a sua proximidade.

- Maravilhosamente bem. Tanto, que nem sequer preciso me preocupar com... viver, no geral.

Cutuquei-o de leve, na perna, aproveitando o fato de estar sentada ao seu lado. Calma, quis dizer, você está sendo grosso demais.

- Hã... eu não quis... - as palavras de Martino morreram, conforme a vergonha tomou forma em seu rosto.

Baixei o olhar, sentindo-me totalmente excluída. Era horrível estar no meio de uma zona de guerra, por isso, avaliei a casa.

Persianas claras, longe do tom vermelho escarlate. Chão polido, móveis novos e cinzentos e uma mesinha de centro feita em vidro. Várias flores, assim como o jardim em frente a residência, encontravam-se espalhadas em belos arranjos. O cheiro de chá transbordava pelo ar.

- Querido, aqui está. - disse Isadora, a madrasta loira de Ônix - eu fiz chá de laranjeira, espero que gostem.

O olhar que deu em nossa direção, estava repleto de remorço. Confesso que me surpreendi, afinal, ela não tinha nada a ver com a situação.

- Querida, disse que faria chá eu mesmo. - Martino exclamou, parecendo repreendê-la e ao mesmo tempo temer por ela - você não pode ficar se esforçando do jeito que está, com a floricultura e tudo mais. Finirà per danneggiare il bambino.

Assim que o italiano dominou seu inglês forçado, perdi-me nas palavras. Pelo menos sabia que todas as flores na casa deviam-se a uma floricultura.

Quase tive tempo de ficar curiosa, não fosse a expressão incrédula de Ônix.

- Un altro? Mio Dio, non fosse il padre di "solo due figli"? - Ônix revirou os olhos, enrijecendo ainda mais - le cose cambiano anche.

Acompanhei enquanto Martino rangeu os dentes, avermelhando-se mais do que o normal.

- Eu não admito que fale assim comigo, Onice. Isso... - Isadora bateu em seu ombro, calando-o imediatamente.

- Sinto muito, Ônix. Seu pai não sabe o que fala. - a loira ralhou, irritada com o mais velho.

- Ah, não se preocupe. - o artista murmurou, retrucando - disso eu já sei.

Porcelana - A Sociedade Secreta (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora