Capítulo 14

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EMMA

Eu não sabia o que fazer com tudo aquilo, eu não sabia quem estava por trás de tudo isso, e também não importava no momento. Limpo o excesso de lágrimas que se juntou nos meus olhos não deixando que eu enxergasse o caminho que estava percorrendo, já estava ficando escuro, e o congestionamento de fim de tarde nas ruas já normalmente movimentadas não facilitava em nada minha tentativa de chegar logo ao meu destino para em fim desabar e talvez conseguir pensar com clareza.

Mas onde é o meu destino? Sinceramente eu não sei, desde que sai do hospital, estou no automático, furei dois sinais vermelhos, e umas das vezes um carro quase me pegou, não me atingiu em nada esse acontecimento, mas a ideia de alguém estar me vigiando e usar isso contra mim me atingiu como um soco.

Eu não sabia para onde estava indo, mas sabia exatamente onde não queria estar nesse momento, em casa, sozinha com os meus pensamentos e com quem mais que esteja fazendo isso comigo, só Deus sabe o que esse indivíduo pode ter colocado no meu apartamento para ficar de olho em mim — pensamento doido? Claro, mas quando se está com medo, pensa até na mais improvável das hipóteses.

Continuo meu trajeto tentando focalizar minha visão em meio as lágrimas, de vez em quando as limpo bruscamente com o torço da mão, olho em volta e percebo que não falta muito para que chegue onde quero e isso faz com que eu apertasse mais o acelerador. Ao estacionar em frente ao prédio, desci do carro depois de repensar se era uma boa ideia colocá-lo nisso, mas esse pensamento foi substituído por outro — ele sempre esteve comigo, sempre me ajudou, ele não deixaria de fazer isso agora, certo? E só a ideia dele estar ao meu lado nessa situação, me deixa com uma sensação de segurança.

Parada na calçada, pego o celular e mando uma mensagem dizendo que estou aqui fora, enquanto espero começo a andar de um lado para o outro e bato uma mão na outra como simbolo do meu nervosismo, olho para os lados então me sento no primeiro degrau que dá acesso ao interior do prédio, mas nem isso me parou, quando percebi estava batucando agora meus pés, e eles não pararam até eu ver uma sombra conhecida se aproximando por de trás de mim, me levantei num pulo e respirei fundo ao encara-lo.

— Desculpe aparecer a essa hora, eu sei que deve estar ocupado — hipótese que descartei assim que percebi seu pijama, uma camisa branca simples, e uma calça de moletom, os cabelos estavam numa bagunça bonita mas não me prendi a isso por muito tempo — Ou não, eu não tinha para onde ir.

Ele se aproximou ao perceber minha voz falhada e não perdeu tempo em pegar meu ombros e olhar bem no fundo dos meus olhos.

Se esses olhos não me passassem tanta segurança, eu estaria apavorada, correndo a quilômetros de distância.

— Emma, calma, você está bem? Me conte o que aconteceu — Matt diz com a voz calma enquanto acariciava meu braço para me trazer conforto.

Abro a boca para responder, mas ao invés disso acabo chorando, não conseguindo imaginar ele me vendo assim, colo meu rosto no seu peito e o abraço pelo quadril.

— Estou com medo — confesso.

Sinto seus braços me rodearem e aquela sensação de segurança volta me fazendo apertar mais o corpo ao dele para sentir mais disso, única coisa que preciso no momento.

— Vamos entrar, e você me conta o que aconteceu, tudo bem? — ele sussurra passando as mãos pelos meus cabelos, não respondo, só balanço levemente a cabeça em concordância.

Deixo-me ser levada para dentro, não presto atenção no caminho, mas tenho noção das mãos dele no meu ombro e no elevador quando ele me puxou para seus braços novamente e toda vez que ele fazia isso me dava vontade de chorar. Ele só me deixou quando já estávamos dentro do apartamento, ele me pôs no sofá e correu para a cozinha, voltando segundos depois com um copo de água, se pôs a sentar ao meu lado e ficou me olhando em silêncio enquanto eu tomava a água, para então preencher o silêncio com a pergunta que não queria calar.

No limite do Desejo - Série Mitchell | Livro 02Onde histórias criam vida. Descubra agora