Antelóquio

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Os gélidos dedos pálidos da moça dançavam sutilmente pelo rosto moreno do rapaz. Os claros olhos acastanhados ficavam à mostra. Vagarosamente. O globo esquerdo, entrea-berto, desfocado e demasiadamente dolorido graças ao ferimento latejante pouco acima do supercílio, tapado por um curativo ordinário. O direito, mais vivo, admirava com mais nitidez a figura alva de delicados traços, mordendo os lábios rosados, agachada ao lado do colchão velho e confortável. Fios dourados que escorriam até pouco além da nuca. Nariz discreto. Seios medianos e rígidos. A noite estava tão quente. Não sabia se era por-que a garota estava presente ou se a mansarda realmente estava abafada.

– Já passou a hora de você abandonar a insegurança – ela disse.

– Eu sei, eu sei... – respondeu com uma expressão de dor, esforçando-se para levantar-se. Ela aproximou-se tocando os joelhos no assoalho até se desequilibrar. Os rostos cora-dos tão próximos. As batidas cardíacas irregulares. Enquanto eram banhados pelo brilho da luz que atravessava as janelas deitadas sobre o telhado.

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