Capítulo 79

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"Eu devia ter ficado lá e cuidado de você, mas eu te abandonei e agora você se foi e eu não tenho mais tempo pra compensar o que a gente perdeu."




Alfonso

Anahí não falou absolutamente nada durante o caminho pra clínica e cada lágrima que escorria do seu rosto, parecia como uma agulhada no meu coração. Eu me sentia furioso, impotente, inútil e decepcionado comigo mesmo. Prometi à Any que ia cuidar dela e de sua mãe e agora Marichello estava morta e eu não podia fazer nada pra reverter isso. É nessas horas que eu vejo que às vezes meu dinheiro não significa nada, que eu não tenho o poder que gostaria, que coisas fogem do meu controle e isso me enfurece ainda mais.

Quando chegamos na clínica, a diretora já nos esperava.

- A equipe médica acabou de deixar sua mãe, eu lamento muito.

Encarei minha esposa quando ela não respondeu. Anahí não tinha dito mais nenhuma palavra e isso me preocupava e me machucava.

- O que foi que aconteceu exatamente? - perguntei.

- Uma parada cardiorrespiratória. Aconteceu com ela dormindo, então ela não sofreu nada.

- Vocês mentiram. - Any suspirou e encarou a diretora pela primeira vez. - Vocês disseram que ela estava melhorando. Por que mentiram?

- Não mentimos. Ela estava apresentando melhoras, mas seu corpo ainda estava fraco e debilitado. Uma das hipóteses é que o coração dela parou em conjunto com o pulmão. Quando a enfermeira a encontrou, não havia mais nada que pudéssemos fazer. Sinceramente, eu lamento muito.

- Qual o próximo passo agora? O que precisamos fazer pra cuidar do sepultamento?

- Preciso que assinem alguns documentos e se desejarem que autorizem a autópsia. Ela vai determinar melhor o que provocou a parada respiratória e cardíaca.

- Sem autópsia, por favor. - Any suspirou.

- Como quiser. Como filha preciso que assine estes papéis. - a diretora deslizou algumas folhas sobre a mesa.

Anahí assinou as linhas pontilhadas sem prestar atenção ao que estava fazendo.

- Quero ver a minha mãe. - minha esposa pediu ao devolver as folhas assinadas.

- Claro, venham comigo.

Assim que a diretora se levantou, fizemos o mesmo e a seguimos. Any estendeu a mão pra mim e não hesitei em segurá-la e ir abraçado com ela até o quarto.

- Senhor Herrera, preciso tratar de alguns assuntos com o senhor, talvez ela queira ficar um pouco a sós com a mãe. - a diretora se referiu à Anahí.

- Você quer entrar sozinha?

Any assentiu e mesmo não querendo deixá-la só, respeitei sua vontade, lhe dei um beijo e me afastei com a diretora.



Anahí

O vazio que eu estava sentindo pareceu aumentar quando Alfonso me deixou, mas eu sabia que precisava fazer aquilo sozinha. O enfermeiro abriu a porta pra mim e entrei.

Minha mãe estava deitada na cama, a expressão tranquila como se dormisse. O lençol cobria até a altura do peito e suas mãos estavam repousadas do lado do corpo. Sentei na cadeira, segurei sua mão e meus olhos marejaram.

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