Prólogo

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– Ok, Sr. Styles. Que tal começarmos a sessão com você falando um pouco sobre você e como tudo era antes do seu acidente. – disse Albert, o senhor responsável pelo meu caso dentro do consultório de psicologia que minha irmã indicou.

– Hum...eu não tenho certeza se estou preparado para falar sobre isso. – disse entrelaçando minhas mãos sobre meu colo.

– Então por que não começamos com algo simples? Me diga seu nome completo, idade, o que você faz, se tem alguma namorada. Esses tipos de coisa. – meu ouvido ficou mil vezes melhor depois do acidente. Então pude escutar o barulho do click da caneta.

– Está bem. Meu nome é Harry Edward Styles, eu tenho 22 anos, antigamente como o senhor bem sabe já que está na minha ficha médica, eu era pianista da orquestra de Manchester. E eu sou gay Albert, não tenho namoradas. E também não tenho namorado.

– Por que você não tem um namorado? Isso não te ajudaria?

– Primeiro, por que esse interesse toda na minha vida amorosa? E segundo, eu não tenho namorado porque nunca tive tempo para isso. Eu ensaiava no mínimo 10 horas por dia, e no final do dia apenas ia para casa e dormia.

– Eu estou fazendo esse tipo de perguntas porque eu preciso te conhecer melhor Sr. Styles. É normal de todos os consultórios. E nos ajuda a estudar aspectos da sua personalidade.

– Eu nem se quer sei o porque de estar aqui. Apenas vim por queria ver a minha família  feliz.

Pude escutar ele tomando nota de cada um de minhas palavras, era estranho ouvir tudo aquilo sem ao menos saber como era seu rosto ou ver suas expressões enquanto eu falava.

– Muito bom, que tal agora falarmos sobre como você se sentiu depois do acidente.

– Que tal, dolorido, devastado, frustrado, vazio, totalmente sem um rumo. A e claro o principal, cego, não que em algum momento da droga do meu dia eu consiga esquecer disso.

Mais barulhos de anotações, um papel se rasgando, um relógio tilintando no que parecia não ser muito longe de mim.

– Você por gentileza pode fazer esse relógio parar. Os meus ouvidos estão sensíveis e isso me da dor de cabeça.

– Claro Sr...

– E por favor, pare de me chamar de Sr. Styles. Isso me faz sentir como se eu fosse o meu pai ou avó.

– Como você preferir Harry. – disse ele, pude ouvir seus sapatos provavelmente sociais fazendo um rangido ainda mais irritante que o relógio, e logo o barulho sessou.

Silêncio. Era definidamente o que eu queria, mas ao mesmo tempo meu maior medo desde o dia em que acordei naquele quarto de hospital.

Medo de ficar preso dentro de mim mesmo, com um silêncio perpetuo. Sem ninguém para me ouvir, ou me responder. Escutar era tudo que me restava desde aquele dia.

~

– Harry! Acorda, Harry! – pudia escutar Gemma me gritando do lado de fora do quarto. – Por deus garoto, você vai se atrasar para o ensaio final da temporada.

– Gemma, eu já ensaiei a semana inteira! e foram 14 horas só ontem. Por favor, me deixa em paz. O maestro vai entender se eu me atrasar algum tempo. – disse puxando o edredom sobre minha cabeça.

– Você está doente? Quem é você?  O meu irmão nunca se recusou a ir ensaiar. Nem quando o chamaram as 4:30 AM na orquestra de  Londres. – disse ele colocando a cabeça para dentro da porta do quarto.

Never Blind. - l.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora