Prologue

15 2 2
                                    

Vinte e dois meses.

É o tempo exato que passei ao lado de Austin. Sei disso porque contei cada dia e cada segundo, não literalmente, é claro. Sinto sua falta. Já faz cinco meses desde que aquilo aconteceu, eu diria que ainda estou anestesiada, não me permiti sentir essa dor, não me permiti aceitar tudo isso. Simplesmente não posso.

Austin Lindermann

As pessoas nunca param para pensar nas coisas boas que você faz se nada trágico acontece. É fato. Você já viu alguém dizer "Ele ainda é muito jovem e tem muito para viver" ou "Ele tinha um bom coração" enquanto você está apenas vivendo? Indo para faculdade, se matando de estudar, trabalhando como estagiário em uma editora ou simplesmente tomando um café na lanchonete da esquina enquanto a garota que está destinada a ser seu amor fala com você. Tenho certeza que não.

Uma vez Mia me contou de uma matéria que havia lido em um site de pesquisa científica sobre a morte, de acordo a matéria, quando alguém morre mantém seu cérebro ativo por mais sete minutos e nesses sete minutos é lembrado todos os momentos importantes que teve durante a vida. Na hora eu não levei tão à sério, Mia sempre falava sobre a morte e se perguntava como ela seria, falava assim, como se estivesse me perguntando qual minha música favorita e o que ela significava. 

Não levei à sério até descobrir por mim mesmo a verdade. Não eram todos os momentos importantes da vida, eram todos os momentos ao qual eu dava valor. Tudo passava diante dos meus olhos e eu me sentia feliz em vê-los. 

As pessoas acham que morrer nos traz pensamentos filosóficos e emocionais. Não é bem assim. A primeira coisa que eu pensei foi se Mia estava sã e salva, depois a dor fora se espalhando pelo meu abdômen, se espalhou por todo meu tronco e fiquei fraco, caí de joelhos e alguém correu a tempo de impedir minha cabeça de bater no chão. Era ela. Era Mia que estava ali comigo. 

Foi aí que tudo começou; as memórias. 

Mia Rose Hart

-Acha que ele está nos ouvindo agora? - pergunto com o olhar fixo na lua. 

Estamos no terraço do prédio onde Caroline mora, o relógio marca 23:06. Ela está servindo a segunda taça de vinho e para com a garrafa no meio do caminho quando ouve minha pergunta, solta o ar pesado e deixa tudo na pequena mesa de ferro coberta com uma toalha xadrez vermelha. Não preciso olhá-la para saber que está vindo com passos tensos até mim e tenho certeza disso quando ela pára ao meu lado, eu olhando o céu e ela olhando a movimentação da rua lá embaixo, alguns carros buzinam, outros correm e é difícil tentar entender o que a mistura de vozes aleatórias conversam. 

-Você precisa seguir em frente, amiga. - ela diz cautelosa.

Travo o maxilar e respiro fundo.

-Eu já segui, Carol. Mas isso é diferente de esquecê-lo. - suspiro controlando a vontade de chorar que vem. 

-Não estou dizendo para esquecer o Austin. Estou dizendo que ele não querer te ver desse jeito! 

Ouvir seu nome outra vez faz uma pontada se instalar no meu peito e solto um riso irônico.

-Por falar em esquecer, você acha que ele é muito distraído lá no paraíso também? - brinco superando minha própria vontade de chorar como um bebê. Eu não faria isso.

-Deus, garota! - ela se espanta levantando as mãos para o seu e me olha incrédula. - Quer saber, Mia? Eu pensei que você estava desse jeito por causa dele, mas será que consegue deixar essas suas piadinhas pra lá pelo menos no seu próprio luto? Quer dizer, se é que está de luto mesmo. - desdenha.

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: Jan 22, 2018 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

Mia Before AustinWhere stories live. Discover now