Ele disse:"É verdade, você anda bem louca ultimamente!"
E eu apenas ri.
Aquelas palavras ditas em tom jocoso carregavam uma verdade dolorosa. Mas eu acatei, guardei como uma realidade a ser aceita - mesmo não sendo a única louca da história - e sorri.
[Relacionamentos abusivos começam assim.]
As discussões se tornaram recorrentes, e de uma forma ou de outra, eu era sempre a louca. As palavras bonitas, e canções com juras de amor se transformaram em palavras de baixo calão, a elguns adjetivos um tanto incômodos de se lembrar. Porém a louca era sempre eu.
É muito fácil ver a loucura no outro, e ignorar a própria. Ver a instabilidade no outro, e ignorar o limite entre estar bem e jogar-de uma ponte.
"As coisas mudaram faz tempo; mas essa é uma daquelas realidades que a gente fecha os olhos pra não ver. A gente finge que tá tudo bem, aceita a responsabilidade pelo erro, pela loucura, pelas brigas, e depois ainda fica pensando o que poderia ter feito diferente pra evitar o fim" essa é a verdade sobre as mulheres (sem generalizar, mas talvez geberalizando... me digam vocês: é assim ou não é?)
Eu era diferente, mas isso foi em outra era, outro tempo. Eu era forte, determinada, bem resolvida, indócil. O conhecimento sempre foi - e ainda é - meu tesouro; e o trabalho, um meio para construir meu mundo. Eu tinha opiniões fortes e objetivos claros. Era diferente.
Uma tempestade com nome, sobrenome, e RG, tirou meu rumo, destruiu minha fortaleza, e deixou-me insegura. Por um tempo, tudo que eu quis foi ser domesticada. Ter um porto, um peito pra me aconchegar, um lugar pra chamar de meu. Aquela sensação de não ter lugar no mundo era muito solitária, e doía.
Mas aí o céu escuro revelou um pequeno facho de luz, e eu esperei pelo sol. Pensei que talvez pudesse encontrar um ninho. Mas tão rápido como se abriu, as nuvens se fecharam novamente.
Eu até chorei. Senti-me mal por ter fracassado outra vez, mas depois pensei melhor e olhei para todas aquelas nuvens escuras que pairavam soberanas e inabálaveis, e sorri.
Talvez aquelas nuvens me protegessem das falsas juras, e me fizessem olhar em uma nova direção. Talvez aquele brilho volte. A determinação está brotando tímida.
Talvez o clima ideal seja nublado, pra que eu me lembre de ser quem sou. Louca mesmo, pode ser, mas ainda assim, independente, indócil, e cheia de amor!
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Texto atualizado.
As vezes precisamos abrir nosso coração, de forma íntima e pessoal, para que o sentimento genuíno chegue ao leitor.
E tem mais.. essa edição é a preparação para a parte II; porque minha vida é uma novela mexicana SIM!
BEIJOS!
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Indócil
Short StoryEla foi atravessada por uma tempestade com nome e sobrenome, mas as nuvens podem ser belas amigas no fim das contas.