Meu figurino está lindo. Estou me sentindo uma boneca dentro dele com essa sainha rodada de bolinhas cor-de-rosa. Os sapatinhos de verniz. A meia cheia de babados. O laço de fita na cabeça. E luvas. A ideia das luvas foi da Solange, ficou perfeito. Estou parecendo uma personagem dos filmes da Barbie. Com a maquiagem certa, ninguém vai conseguir tirar os olhos de mim.
Kadu precisou ajustar as calças. Solange quer o jeans escuro bem junto do corpo. Ele está vermelho novamente por causa disso, as costureiras ficam medindo partes constrangedoras. Mas acho que quando ele se viu no espelho com aquela jaqueta de couro preta, entrou no clima.
─ Nos bastidores, só se fala de vocês dois. – Solange puxou assunto. – Dizem que só vai dar vocês no domingo.
─ Estamos trabalhando para isso, não é, Kadu?
─ Arduamente... – Ele passava a mão nas coxas onde acabara de ser acertado por um alfinete.
─ Vocês ficaram simplesmente incríveis juntos. – Falava no seu jeito escandaloso. – Vocês se olham de um jeito que parece que são namorados. – Vi pelo espelho os olhos de Kadu se arregalarem. Sorri.
─ Eu sou uma excelente atriz. – Falei para desviar a atenção dele. – Poderia fingir que sou apaixonada até por esse par de sapatos.
─ Disso ninguém duvida, mas que ficou uma coisa no ar depois da apresentação de vocês. Ah! Isso ficou.
─ Pura encenação. Dançar não deixa de ser representar. – Joguei meus cabelos para trás. Cada vez mais pessoas insinuavam que havia algo entre mim e ele. Aquilo me deixava nervosa.
─ Eu sei, Brunérrima. Eu sei. Todas nós vimos as suas fotos com o Altair. – Imediatamente, passaram para o tom de fofoca. As costureiras que estavam ajustando a calça de Kadu até se distraíram e o espetaram de novo. – E aí? Ele é gato? Beija bem?
Em geral, não tenho menor problema em falar sobre isso com as meninas. Elas são umas queridas. Mas esse assunto na frente do Kadu me constrangia. A ele também, pelo jeito. Porque fazia esforço para que aquele ajuste acabasse de uma vez e ele pudesse ir.
As meninas me faziam mil perguntas que eu nem saberia responder. Até a marca da cueca do Altair elas queriam saber, como se fosse relevante. Os cochichos passaram para gritinhos altos. Um bafafá na cabine de provas. Todas me pediam desesperadamente camisetas autografadas.
─ Gente, o Altair é só meu amigo! – Respondi tentando acabar o assunto.
─ Só porque você quer.
De repente, para delírio das costureiras, Altair coloca a cabeça para dentro da nossa cabine de prova. Ele deve ter vindo experimentar o figurino dele, ouviu o barulho e que falávamos dele. Esperou a deixa e me saiu com essa.
─ Na hora que essa mulher quiser, eu caso com ela. – Piscou para mim e disse para desespero das minhas ajudantes, que a essa altura, mal conseguiam respirar por causa da simples presença dele.
─ Seu brincalhão. – Eu estava tão vermelha quanto meu parceiro conseguia ficar. – Eu não disse? Somos só amigos.
─ Só porque você quer, Princesa. – Ele entrou na cabine e tascou um beijo em mim na frente de todo mundo. Uma costureira até filmou.
***
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Por Onde Andei
Novela JuvenilNo quarto volume da série Nando, pela primeira vez, temos a visão simultânea dos dois protagonistas: Bruna e Carlos Eduardo. Ela, atriz desde menina, não está acostumada a confiar nas pessoas. Resolve os seus problemas a sua maneira, nem sempre acer...