Por Onde Andei

Bruna - Altair passou a tarde na piscina

Altair passou a tarde na piscina ouvindo pagode e tomando cerveja. Ele me encheu de atenções, assim como toda a equipe do hotel. Não faltou absolutamente nada. Nunca fui tão bem tratada antes. O próprio fotógrafo do estabelecimento bateu as nossas fotos para manter a privacidade e divulgou na imprensa.

Daniela telefonou eufórica por causa da publicidade. Disse-me que propostas de trabalho não paravam de acontecer. E que por ela, nós dois já poderíamos pensar em noivado. Ela é brincalhona. Posso ouvi-la daqui calculando lucros.

Agora, o meu namorado dormia a sono solto. Ele me chamou por uns instantes no começo da noite, mas estava bêbado demais para esperar pela resposta, capotou com o ar-condicionado na temperatura mínima e a televisão em um jogo qualquer.

Eu estava com fome depois de uma tarde de piscina e praia. Desci sozinha até o restaurante do hotel. Fui muito bem atendida. O próprio chef me deu uma sugestão de jantar. Uma escolha excelente de peixe e mariscos. Mas tudo em que eu conseguia pensar era no cachorro-quente da noite anterior com o rapaz de olhos azuis e tatuagem de tigre.

A ansiedade, como sempre, me fez comer mais do que achava que deveria. Eu detestava a solidão e a comida sabia ser reconfortante. Depois do jantar e da sobremesa, fui o mais rápido que pude até um banheiro reservado e fiz o que já estava acostumada a fazer. Vomitei tudo.

Espero que ninguém tenha me visto. Ainda era um banheiro comum do hotel.

Desde que comecei a trabalhar com televisão é assim, eu tremo mais de imaginar fotos minhas publicadas na internet ao lado de Altair com uma gordurinha indesejada fora do lugar do que pelo esforço feito para colocar a comida para fora.

Lavei a boca, escovei os dentes e bebi um litro de água antes de voltar para o quarto. Infelizmente, ando prevenida para essas situações. Elas acontecem com bastante frequência.

Deitada ao lado de Altair, senti mais uma vez a vontade de chorar. Sempre que vomitava, além da comida, alguma coisa dentro de mim também descia pela descarga. Talvez fosse a confiança. E esta já estava mesmo bem abalada.

Apesar do luxo, eu não me conformava, pois eu tinha a mais absoluta certeza de que ali também não era o meu lugar. Mas onde seria?

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