Sou famosa desde que me entendo por gente. Na primeira série, eu era a melhor leitora de tanto que lia e relia minhas falas para a novela que estava fazendo. Sei todos os percalços da fama indo e voltando. Mas não vou mentir. Andar por aí com o Altair é elevar isso ao cubo.
Não há passo que damos que não seja fotografado. Intimidade é algo que não existe. Principalmente depois dos boatos de que ele foi comprado por um time alemão por uma verdadeira fortuna. É tanto assédio que já até desisti de tentar comer em um restaurante. As pessoas não param de chegar e bater fotos. Comprar um presente no shopping é impossível, um tumulto colossal, os seguranças enlouquecem. Por isso, tudo que fazemos é com fornecedores exclusivos, atendimento personalizado. Chique, mas bastante solitário.
Hoje, insisti em vir aqui. Eu viria com ou sem ele. Levei um gelo do Carlos Eduardo e isso me doeu. Está tudo as mil maravilhas com Altair. Resolvi me acertar com meu namorado e tentar fazer dar certo. Acho até que posso amá-lo um dia, mas ainda não estava preparada para levar uma dura do Kadu.
Não depois de ter comprado um carro para ele. Depois de ter ajeitado com meus amigos para melhorar o funk dele. Depois de descobrir que não consigo dormir uma noite sem pensar na mão dele na minha cintura.
Bastou uma olhadinha nos olhos azuis e já estou resplandecente. Nem ouvi o que Altair e ele conversaram, eu precisava vê-lo. Hoje ele não está de barman. Usa um jeans preto de marca, uma camisa social branca, um colete risca de giz, uma gravata preta e o cabelo espetado no gel. Não sei quem escolhe as suas roupas de trabalho, provavelmente a mãe. Ela tem um bom gosto impecável.
Derreti com aquele sorriso tímido.
Altair me leva para os camarotes. Nós nos beijamos e os flashes ainda nos acompanham. Tenho que estar constantemente perfeita, pois estamos sempre sendo abordados. Daniela disse que conseguimos pelo menos quinze novas campanhas publicitárias e que a emissora quer conversar sobre uma protagonista para o horário nobre. Eu deveria estar feliz.
Mas, cinco minutos depois, Altair se afasta para atender a seus fãs e eu sei que ele não vai conseguir voltar tão cedo. Fico sozinha novamente. Ele me dá toda a atenção que pode, entretanto, ele não tem muito mais atenção disponível.
Fico observando os casais. Não tenho vontade de dançar sozinha. Encontro Milena e Joana se acabando na pista. Felipe não viera. Estava nos Estados Unidos. Mesmo assim me animei. Não me faria mal uma noite com as garotas. Ainda que Milena não gostasse muito de mim, poderíamos nos aturar no barulho da boate.
Quando estou chegando nelas, esbarro em Jodernan e Jefferson no meio da pista. Nem acreditei. Jamais imaginaria vê-los ali. Uma entrada para a Atmosfera custava praticamente um mês de transporte. Eu os abracei com força.
─ O que é que vocês estão fazendo aqui, seus malucos? Não é muito longe das áreas de vocês?
─ O Kadu nos convidou. E como o cara é chapa. Tamos aí. – Respondeu Jodernan.
─ Gaby, - Só eles em todo o universo ainda me chamavam de Gabrielly – isso aqui é o paraíso. Nunca vi tanta mulher bonita junta.
─ Pois aproveita, meu irmão. Ah! Não vão embora sem conhecer meu namorado.
─ O Altair? – A boca do Jefferson caiu. – Ele está aí? – Fiz que sim com a cabeça. – Caracas! Vou pedir um autógrafo.
─ Agora ele está ocupado, mas daqui a pouco dá certo. Levo você dois no camarote. Não vão sem falar com ele, tá?
─ Sem problemas, Gaby. Pode ficar tranquilight que a gente só vai com o Kadu. Ele vai nos dar uma carona.
Aquilo me deu uma paz no coração. Kadu não só não ficou com medo da minha antiga vizinhança, como estava fazendo uma gentileza incrível para dois grandes amigos meus.
─ E cadê aquele tratante? Trabalhando? Nem vem dançar com a gente?
─ Agora não dá. – Jodernan apontou para as pick-ups. Era Kadu quem as comandava.
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Por Onde Andei
Teen FictionNo quarto volume da série Nando, pela primeira vez, temos a visão simultânea dos dois protagonistas: Bruna e Carlos Eduardo. Ela, atriz desde menina, não está acostumada a confiar nas pessoas. Resolve os seus problemas a sua maneira, nem sempre acer...