Untitled Part 14

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Daniel

Eu deito na cama pensando na vida enquanto espero a Melinda chegar. No notebook toca uma música que gosto e começo a cantarolar junto.

"... Estamos loucos?

Vivendo nossas vidas através de uma lente

Presos em nossa cerca branca de madeira

Como ornamentos

Tão confortáveis, estamos vivendo em uma bolha, bolha

Tão confortáveis, não conseguimos enxergar o problema ..."

-Música legal!

Melinda chega de repente e se senta próxima a mim.

-É uma versão do Boyce Avenue para a música Chained To The Rhythm.

Digo ainda deitado e olhando para o teto do meu quarto.

Ficamos em silêncio enquanto escutamos a música até o fim.

-Por onde começamos?

Ela pergunta e a olho com a sobrancelha levantada.

-Como assim por onde começamos? Quem tem de dizer é você! Foi você quem pediu minha ajuda.

Digo. Melinda revira os olhos, levanta-se da cama e começa caminhar em círculos.

-Tudo bem! Vamos ver...

Ela diz e continua caminhando pensativa.

-Quantas pessoas teriam motivos para fazer isso comigo?

Ela indaga como se tentasse entender como alguém poderia desejar mal a ela.

-Então, eu acharia melhor começar a lista por quem não teria motivo. Essa seria bem pequena.

Falo e dou de ombros. Melinda me fuzila com o olhar.

-O que você espera Melinda!? Que eu diga que ninguém queria o seu mal, só para te agradar?

Digo exasperado.

-Um pouco de sensibilidade faz bem, sabia? Você sabe pelo o que estou passando!?

Ela diz exasperada também.

-Sensibilidade? Sério? Por acaso você sabe o que isso quer dizer? Quantas vezes você teve "sensibilidade" com as pessoas que você magoou?

Digo exaltado.

-Nossa essa doeu!

Ela diz desanimada e se senta no sofá no canto do quarto. Melinda está com a cabeça baixa e com os cabelos em volta não consigo enxergar seu rosto. Caminho pelo quarto respirando lentamente para tentar me acalmar. Quando noto seus braços tremendo e os pequenos soluços. Ela está chorando. Isso é sério. Melinda Barcellos está chorando bem na minha frente. Nunca pensei que veria essa cena nem nos meus sonhos mais loucos. Sei que não deveria, mas me sinto mal.

-Seja lá o que for não deve ser tão ruim assim, né!?

Digo e faço uma careta. Acho que não me sai muito bem, pois ela começar a chorar mais ainda.

-A minha vida está desmoronando! Meu pai está traindo minha mãe, meu irmão está sendo perseguido por uns idiotas e meu namorado e minha melhor amiga estão transando pelas minhas costas. Ah claro, não vamos nos esquecer que estou praticamente morta em uma cama de hospital e nem sei quem quer me ver morta.

Ela diz melancólica.

-Uau! Eu nem imaginava! Bom na verdade, a parte do namorado e da amiga eu já sabia. Mas o restante não.

Digo e me sento próximo a ela. Melinda me olha de canto e pergunta:

-Você sabia do André e da Laura?

-É, eu sabia! Eu vi eles se agarrando na sua festa.

Digo dando de ombros.

-E você estava na minha festa?

Ela pergunta séria e eu não consigo interpretar seu semblante. Então imagino que está brava por achar que eu era um penetra.

-Eu tinha um convite, beleza! E além do mais eu não fui o único naquela festa que com certeza não foi convidado por você.

Falo chateado. Será que ela não aprendeu nada com sua situação? A patricinha ainda preocupada com penetras na sua "Festa Exclusiva". Argh.

-Como assim?

Ela indaga.

-Porque a Beatriz também estava na sua festa.

-Beatriz? Você tem certeza!?

Ela agora me olha atenta esperando uma resposta.

-Claro que tenho! Era ela. Só os cabelos encaracolados e cheios que estavam diferentes. Ela deve ter ido ao salão, sei lá!

Melinda faz uma cara de quem descobriu algo muito importante e se levanta rápido e volta a caminhar em círculos no quarto. Então de repente ela para, me olha e diz:

-Daniel! Nós temos que investigar a Beatriz! Ela com certeza não gosta de mim.

-E quem gosta!?

Falo divertido e Melinda me repreende com o olhar.

-Então se vamos investigar a Beatriz, acho bom investigarmos o André e sua amiga também. Eles também não parecem gostar tanto assim de você.

Melinda parece desanimada ao responder.

-É verdade! Eles também. Eu preciso ir não me faz tão bem ficar tanto tempo longe do meu corpo.

E é estranho vê-la falar isso, porque ela parece tão real que até esqueço que ela é praticamente um fantasma.

-Beleza!

Digo e ela fala:

-Amanhã eu apareço então, para continuarmos nosso plano.

-Tudo bem.

Respondo.

Ela para no meio do quarto e eu olho fixamente para ela. Ela fecha os olhos e de repente some. Nossa isso foi estranho e muito louco. Deito para dormir e rolo na cama por muito tempo. A cena de Melinda sumindo não me sai da cabeça.


Uma Patricinha em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora