2005

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Tyler completara 19 anos no fim do ano anterior, e o peso de crescer caía sobre seus ombros agora; estava vivendo aquilo que aterroriza todas as crianças, mas que no fundo sempre o intrigou. O universo Tyler Joseph estava cada vez mais em expansão.

Com a chegada de 2005, aquela promessa de ser diferente e fazer a diferença, os tempos clichês de mudanças, veio à tona. E finalmente, era hora de explorar o mundo afora, mesmo que isso significasse o seu próprio mundo; conhecer alguns dos seus detalhes e escolher o sentido correto no qual orbitar.

Após terminar os estudos – mesmo que com a educação em casa – Tyler precisava seguir adiante agora, crescer ainda mais. A ideia de iniciar uma faculdade o empolgava, e uma certa brisa começara a soprar desde o início daquela "nova era" – pelo menos para ele. Se sentia com uma nova espécie de liberdade, como dançar folk por entre um campo de flores amarelas num dia ensolarado, sentindo o vento úmido no rosto, como nos filmes camponeses. Mas, apesar dessa genuína felicidade, a ideia de frequentar uma universidade presencial o causava um certo tipo de náusea, como se houvesse um estômago em seu cérebro. As pessoas normalmente seriam aquele fenômeno que faz com que o vento pare de soprar, que roubam o perfume das flores para engarrafá-los, e trocam a música para algum hit vazio. Ele nunca estaria pronto para viajar de seus planetas até o mundo real.

Contudo, Tyler começara faculdade à distância, daquelas que duram quatro semestres e meio e quase não fazem testes. Aquela era a liberdade. A sua melhor escolha: a arte.

Porque toda vez em que ele fechava os olhos, sentia a temperatura ideal da brisa do pôr-do-sol em seu rosto, e enxergava as maçãs do quintal de casa, as cores de aquarela que sempre usava para colori-las. A vida, o amor, todos os sentimentos confusos demais que as pessoas costumam sentir, todos eles se uniam como um esfumaço das cores azul e amarelo, um elo, as pinceladas espessas e carregadas como nas telas de van Gogh. Escrever, pintar, desenhar, ou apenas falar, todos os seus propósitos reunidos, aquela necessidade que tinha de entender e explicar a sua complexidade, descobrir o porquê de todo esse ciclo de ser uma alma, algo flutuando universo além. Todas as perguntas que martelavam sua cabeça, aquilo que somente a arte explicaria tempos depois: ele mesmo. Tyler não era apenas uma alma – ele era o universo que as abrangia. Vasto e acolhedor, sugando a tudo com toda aquela perfeição como se fosse baseado apenas em buracos negros, ao invés de sistemas, planetas e pontos de luz, como a intensidade da cor amarela, aquela tão feliz e tão mórbida que machuca os olhos.

E toda essa onda de informação e identidade o arrastou, uma vaga nas ondas quando o mar está tão violento a ponto de levar todos ali presentes para o seu confortável leito, afundando e os abraçando com as mãos frias e elegantes do mar. A verdade é esta; as vezes, até a mais grandiosa existência, como o oceano, se sente só, tão só, a ponto de arrancar a força alguma companhia. E isso ocorreu a Tyler enquanto pintava tons de azul, num dia em que sua cabeça pesava toneladas. Estava cansado de ser a própria vaga das ondas, sendo tão calmo e tão tormento, as ondas rasas que se transformavam em tsunamis em um piscar de olhos.

Tão certo que blocos ruíam com o mínimo sopro, tomou a única decisão que poderia estabilizá-lo. Estudar todos aqueles períodos, estilos, histórias, toda essa junção de sensações diversas, o fazia crer cada vez mais na necessidade. De se entender, se descobrir, se içar, interna e externamente, fincar bandeiras em sua Lua como os astronautas norte-americanos, o feito de controlar a expansão de seu universo. Tudo aquilo o levou de volta à terapia. Por vontade própria e um sorriso.

E então chegamos ao ponto em que, de olhos fechados e de ponta cabeça, em todos os 6.912 idiomas, qualquer um de qualquer lugar pode afirmar que a arte salvaria Tyler Joseph.

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