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- O que ela vai te avisar? - pergunto.

- Se encontrar uma casa com aluguel barato.

- O quê?

- Suga, nós já conversamos, eu não vou ficar morando aqui para sempre - ela diz calma. - Já tenho quase dezoito anos, já tirei a carteira de motorista e arranjei um emprego ontem.

- E você vai morar sozinha agora?

- Você não sabe como eu me sinto horrível morando aqui.

- Então é horrível morar comigo? - cuspi as palavras com raiva.

- Não. É horrível depender de você. Você paga a comida e a casa e eu só te dou despesas, e está indo mal na faculdade por causa de mim.

- Não ouça o que minha mãe fala - ela sempre tenta colocar os outros pra baixo.

- Você acha que eu não percebi? - ela está um pouco alterada, como se fosse chorar. - Que não percebi que você falta um monte de aulas? Que você mal dorme pra entregar os trabalhos no prazo porque passa seu tempo comigo?

- Mas...

- Sem mas, Suga. Não posso depender de um homem para o resto da minha vida. Sair de casa sempre foi meu sonho, eu quero independência.

- E eu só quero proteger você - digo cansado de guardar tudo pra mim. - Te proteger te tudo que há de ruim por aí. Nunca mais te deixar passar pelo que passou. E antes de tudo te manter perto de mim, para que me proteja também.

- O que você está falando, suga? - ela está mais calma e as lágrimas começam a descer lentamente por seus olhos, contornando suas bochechas.

Me aproximo e passo a mão no seu rosto, limpando-o.

- Estou querendo dizer que não sei mais viver sem você. Desde pequeno me apaixonei por você, e quando paramos de nos falar foi uma das piores coisas pelas quais passei. Trabalhei meu tempo tentando te esquecer, mas você voltou do nada, chorando e parecia tão frágil e abatida, e eu queria te proteger. Tinha que te proteger.

- Suga... - coloco a mão na boca dela e volto a falar.

- Você não sabe como foi difícil não ir lá agredir seu irmão depois do que você me contou, e só não o fiz porque sabia que você me odiaria depois.

Ela me encara meio desnorteada.

- O que eu quero dizer é que você me tem nas palmas das suas mãos, se me pedisse para me jogar de um prédio talvez eu o fizesse - Ela se assusta e volta a chorar. - Eu não tenho mais controle sobre mim, tenho ciúmes dos seus amigos do seu primo e eu não durmo antes de você chegar em casa.

- Suga...

Olho para baixo, para o chão e não para ela.

- Mas acho que você é mais forte do que isso, para superar e perdoar o que seu irmão fez e para ficar aqui ouvindo as besteiras eu eu estou dizendo, eu não posso te obrigar a ficar.

- Tem razão  - me assusto. - Não pode pedir para eu ficar, mas não quer dizer que não podemos ficar juntos.

Ela se coloca na ponta dos pés e me beija, e eu a beijo também.

21st Century Girls - myg (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora