Prólogo

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- 9:00 hrs -

Eu gostaria que todos voltassem. Claro, meus tios são as pessoas mais amáveis desse mundo e sou muito grato a eles, eles são a minha família sim, mas é claro que a saudade da mamãe e papai, e claro do maninho me cortam o coração as vezes.

Parando para pensar agora, tudo naquele dia estava predestinado a dar errado.

Meu pai não olhava para minha mãe por muito tempo, eles tinham brigado mais uma vez. Não pense que eles eram um desses casais que mais brigam que amam, é claro que não, mas como todo casal com muito tempo de convivência, eles tinham momentos de intrigas. Mas voltando, meu irmão dois anos mais velho, porém tão criança quanto eu (na época em meus 7 anos e pouco) estava com uma careta indescritível, era óbvio que em algum ponto daquele dia estaríamos os quatro em uma sala de hospital por conta de mais uma virose dele.

Não deu em outra. Era umas nove da noite quando estávamos indo ao hospital, ele estava muito mal. Meus pais, claramente estavam aflitos querendo ajudar seu menininho, logo, a velocidade era alta. Nós morávamos em uma área mais afastada, então o caminho até o hospital era cheio de curvas e tropeços (buracos na estrada). Eu me divertia quando o carro passava pela lambada e aquela sensação de frio na barriga tomava conta.

As coisas deram errado quando em um espasmo de vomito meu irmão regurgitou tudo que estava em seu estomago. Nesse momento meu pai que dirigia olhou para trás quase não escondendo a cara de infelicidade (afinal homens amam seus carros).

Nesse singelo olhar para trás, meu pai não percebeu a caminhonete vindo de frente. Mamãe tentou pegar no volante, mas era tarde demais.

Não entrarei em detalhes de como ficou a situação dos carros, mas já é de se imaginar. Eu apaguei na hora.

Acordei um tempo depois com luzes piscando e barulhos altos ao meu redor, parecia estar em um circo. Eu amava circos.

Sou erguido por braços fortes e logo ouço um homem dizendo "Você vai ficar bem garotinho".

Agora você deve estar achando que essa é uma história onde um irmão culpa o outro por um acontecimento trágico e traumático. Mas não é bem assim, pois fazem treze anos que meu pai; mãe e irmão morreram. Me deixando sozinho na maré.

Foi constatado que o motorista da caminhonete estava em um nível muito alto de bêbado, ou seja, ele estava indo contra a lei dirigindo naquele estado. Soube que ele não ficou muito tempo na cadeia, já que tem grana e pôde pagar a fiança. Eu também não odeio ele e o culpo por tudo, mas se um dia eu encontrasse com ele, definitivamente eu iria lhe fazer um pouquinho mal, do meu jeito, usando palavras.

Depois do acidente meus únicos tios receberam minha guarda. Hoje moro na Itália com eles, já estou com meus dezenove anos e estou prestes a ingressar na faculdade, no curso de Medicina, que se tornou meu sonho.

Meus tios são pessoas ótimas, que nem se importaram quando eu disse ser gay (foi bem embaraçoso). Nós conversamos bastante sobre tudo, inclusive sobre meus pais e irmão. Nós não fingimos que aquilo não aconteceu, pois aconteceu.

Todos os dias eu passo um tempo olhando para a foto dos meus pais e irmão, pode parecer estranho mas me faz bem.

Hoje é sábado, e Lucca (melhor amigo) vai me arrastar ao shopping. Não me entenda mal, eu até gosto de sair, mas hoje não estou muito animado.

- 14:00 hrs -

- Finalmente princesa, pensei que ia me deixar sozinho aqui - diz Lucca assim que chego na porta da loja.

- Desculpa fofo, meu tio precisava passar em alguns lugares antes de me deixar aqui.

- Não tem problema, mas agora que já está aqui vamos logo pra eu escolher nossas roupas pra festa de recepção dos calouros...

- Eu realmente não acho necessário irmos nessa festa, ainda mais você escolher minha roupa.

- Só fique caladinho e segue o mestre.

Parecia que estávamos ali por horas e Luc ainda não tinha decidido entre  duas camisetas que sinceramente pra mim eram a mesma coisa. Decido ir comprar um sorvete e vou indo pro quiosque que fica no meio do shopping.

No meio do caminho meu celular toca indicando mensagem, pego mas continuo andando e vejo que é da Luna, dizendo alguma bobeira qualquer que me faz rir. Continuo andando e quando levanto a cabeça, percebo que um pouco mais longe há um menino me olhando de forma estranha, ele parecia mais alto (e forte) que eu, mas da mesma idade.

Peguei o sorvete e segui meu caminho de volta pra loja, sabendo que aquele menino continuava a me olhar, não posso negar que ele é bonito, mas a forma como ele me olhava era estranha.

Parecia que me conhecia de algum lugar. Estranho, muito estranho.

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Então gente, essa é uma história que eu mesmo escrevi <3

Ps: o moço da foto seria o Enzo

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⏰ Última atualização: Sep 30, 2017 ⏰

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