Sou feliz na simplicidade da minha vida, foi minha escolha. Terminei o ensino médio e não quis fazer faculdade, não por falta de capacidade ou pela cor de minha pele, mas sim por querer dessa maneira. Se eu me determinasse a fazer com certeza conseguiria. Trabalho desde os meus dezesseis anos em uma cafeteria, daquelas redes enormes, onde serve vários tipos de cafés, sanduiches, salgados e doces. Hoje em meus vinte e cinco anos sou gerente de loja. Sei que aqui serei gerente para o resto da minha vida, não estou nem aí! Gosto dessa rotina, pago minhas contas e vivo tranquilo.
Meu companheiro é meu violão, quando meus dedos tocam suas cordas, o som expressa meu sentimento, me acalma a alma e me faz sonhar. Sonho este que é simples: encontrar minha alma gêmea. Sim! Acredito que em algum lugar nesse mundo exista alguém que me complete e me ame como sou. Piegas? Pode ser, mas no meu sonho quem manda sou eu. Já conheci muitas mulheres. Graças à minha herança de genética familiar, tenho um corpo legal. Ah! E uma voz da hora, bem característica, não é, fazer o quê? Então aproveito o que tenho de melhor, e não nego, chamo atenção da mulherada, mas nunca pensei: é essa. Nunca encontrei alguém que fosse especial.
Aliás, eu acreditaria que já encontrei minha alma gêmea. Ela está entrando agora pela porta da cafeteria e é linda! Seus cabelos pretos assim como os olhos, pele levemente bronzeada, um rosto e nariz de boneca, com seus lábios sempre impecavelmente delineados pelo batom e toda vez se encontra bem vestida. Quando a vejo sinto meu coração disparar como um adolescente e meu corpo vibrar como um homem. Vou próximo ao caixa só para escutá-la fazer seu pedido de sempre, aquela voz chega em meus ouvidos como música.
—Por favor, um café espresso mentolado e um cookie com gotas de chocolate.
O espresso mentolado é algo raro de se encontrar e é uma sensação entre as mulheres, eu prefiro o meu tradicional.
Enfim, eu até acreditaria que ela seria minha alma gêmea se não fosse pela aliança em seu dedo. Exatamente! Ela é casada, tão jovem, mas casada. Por essa razão eu apenas entrego seu pedido, o qual faço questão de eu mesmo preparar, todos os funcionários já sabem, apenas eu a sirvo e falo com meu melhor sorriso:
—Tenha um bom dia, senhora.
Ela não sorri, nunca a vi sorrir, mas escuto mais uma vez o som da sua voz:
—Bom dia.
E fico observando-a.
Em minha rotina os dias vão passando, eu a vejo mais três dias. Depois disso, três meses se passam e ela não aparece durante esse tempo. No dia em que ela reaparece eu quase tenho uma síncope. Quando percebo seu dedo sem aliança, meu coração dispara de tal maneira que devo ter ficado branco. Tento me recompor para poder fazer seu pedido e não me contenho.
—Acho que a senhora esqueceu sua aliança em algum lugar.
Ela olha sua mão e sorri ficando ainda mais linda.
—Ah não! Aliança nunca mais... sem casamento e nem compromisso.
Fico tão eufórico que não consigo falar nada, mas mostro meu melhor sorriso reluzente. Ela vai para uma mesa. Penso em algo para poder ir até lá e começar uma conversa e só uma coisa vem em meu pensamento: o cookie de confetes de chocolate, novidade da loja. Coloco um no prato e vou até ela.
—Estamos oferecendo a degustação do nosso novo cookie, gostaria de uma amostra?
Ela olha para o meu crachá.
—Claro, Frederico.
—Fred, prazer.
Estendo a mão para ver se ela fala seu nome.
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Um Amor Assim...Eu quero
Short StoryUm rapaz seguro de suas convicções. Uma jovem que apesar de sua pouca idade já sofreu. Entre eles nasce um sentimento. Ele é o que ela precisa... ela só não quer um amor intrincado. Ele sabe o que quer. Ela sabe o que não quer. Entre querer e não q...