Capítulo 1

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Eu sonhava desde criança em fazer faculdade de direito era um sonho antigo e distante, quase impossível, mas sempre ficou guardado num cantinho do meu coração

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Eu sonhava desde criança em fazer faculdade de direito era um sonho antigo e distante, quase impossível, mas sempre ficou guardado num cantinho do meu coração. A minha infância não foi fácil, nasci em meio à miséria e enfrentei as dificuldades de uma família que se estruturou aos poucos à base de muito trabalho e dedicação.

Nunca reclamei da minha condição social, mas algumas coisas nos marcam para sempre e eu presenciei a luta de meus pais para nos dar uma vida digna de sobrevivência. Assisti de perto o sofrimento deles que muitas vezes mal tinham comida para por a mesa.

Talvez por minha origem bastante humilde, aprendi desce cedo a valorizar as pequenas coisas da vida. Conheci o submundo da marginalidade, mas nem por isso segui esse caminho. Não faltou oportunidade, infelizmente a isca sempre é lançada e quando você percebe já está submerso num caminho sem volta, porém eu tive um bom suporte e inteligência para seguir em frente.

Minha cidade natal é pequena e sem muitos recursos, a economia gira em torno da pesca e do turismo. Venho de uma família de classe média baixa, meu pai trabalha no setor de obras da prefeitura, mas antes desse emprego ele trabalhou como coletor de lixo.

Minha mãe tem uma pequena empresa de reciclagem e foi nesse trabalho do lixo que os dois se conheceram, namoraram e casaram. Uma linda história de amor e superação. Sinto-me honrado e orgulhoso por fazer parte da vida dos dois. Na verdade dos três, pois eu tenho uma irmã de doze anos que ajuda minha mãe com a reciclagem.

Eu deixei tudo para trás e vim morar numa cidade grande com o objetivo de realizar o sonho de fazer uma faculdade. Para minha felicidade, tive o mérito de conseguir uma bolsa de estudos do Prouni. Conquista essa que facilitou muito minha vida para o acesso à faculdade e favoreceu no processo de mudança para o Rio de Janeiro.

Na verdade com bolsa ou sem eu viria igual, precisava sair de São Sebastião. A vida na favela já não estava me favorecendo, pois tive a infelicidade de conhecer pessoas sem escrúpulos, as quais eu não gosto de lembrar. Essa é uma fase da minha vida que virei à página e quero esquecer.

Após a mudança, eu passei a morar com dois colegas, Martin e Luke. Nós dividimos as despesas e mesmo a minha parte sendo pequena sobrecarrega o orçamento dos meus pais. Não quero ser um fardo para eles, por isso resolvi trabalhar e colaborar com os gastos. Quero me tornar independente.

Hoje tenho uma entrevista de emprego, dei preferência para os escritórios de advocacia área que estou estudando há três anos. A expectativa é grande, por isso já me antecipei e fiz minha matrícula no período noturno.

Atualmente estou com vinte e um anos, sou moreno claro, olhos e cabelos castanhos, uma pessoa simples que gosta de viver a vida plenamente. Sou homossexual e bem resolvido com minha sexualidade. Com quinze anos eu contei para os meus pais que gostava de garotos e eles acabaram aceitando.

Quanto a isso, eu tive sorte, pois os meus pais embora sejam pessoas sem um nível de bagagem cultural avançado, eles sempre me apoiaram. Somos uma família unida e o preconceito nunca foi um tabu dentro de casa.

INSENSATEZ - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora