Cap. 1

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Acordei. Me vi envolto em uma nuvem negra de fumaça. Sem força, fechei os olhos e me deixei levar - na doce e calma inconsciência.

Acordo lentamente. Ouço gritos de mulheres.

- Senhor, senhor, venha logo,está acordando!!

- verificem o pulso e tragam lhe mais água e cobertores.

Não me sinto bem. Estou com náusea e parece que a minha cabeça vai explodir .

- O que... O que aconteceu? -Estou rodeado de máquinas e enfermeiras .Tento me levantar, mas um homem, provavelmente um médico, Me empede.

- Calma, Desdmond, calma.

- Por que estou aqui?

- Uma velhinha te encontrou. Estava desmaiado na rodovia.

- Desmaiado ?

- Sim.

- Na rodovia?

- Sim, é o que eu acabo de dizer...

- Ai, Deus... Preciso voltar pra minha casa...

- Não acho que você está em estado de ir para sua casa...

- Não, eu preciso voltar pra minha casa...Onde é minha casa??

- Parece que você está com amnésia.

Me levanto. Estou aparentemente num quarto de hospital.

Espera...eu já não sabia disso?

Caramba... parece que a minha pseudo-amnésia não-sei-o-quê está fazendo efeito...

- Desdmond, está tudo bem??

- Sim, sim, mas preçiso ir embora...

- O quê ? Desdmond , você não pode...

Tarde demais. Não sei como, mas, do nada, atravessei o hospital com uma rapidez e facilidade impressionante. Estou na rua. Pequenas nuvems de fumaça escura desaparecem em volta de mim. Atrás, o hospital. Em volta, prédios,prédios e prédios. Está frio, mas isso me acalma e me faz sentir melhor. A dor de cabeça ainda está aí, mas diminuiu, e a náusea partiu completamente.

Olho mais um pouco em volta de mim e vejo, de longe, um grande conjunto de prédios que me parece familiar. Decido ir para lá. Passo por um pátio envolto pelos prédios que vi logo antes. Pessoas que eu não conheço me interpelam : -oi Desdmond, tudo bem? Como vai? O que se passou lá na rodovia? Não quero responder, eu nem sequer sei quem elas são. É nesse momento que acontece de novo. A rapidez e o medo daquela gente me fazem logo esquecer o reconforto que o frio me trouxe. Me dirijo automaticamente para um beco ao lado de um dos prédios. Um beco. Obscuro. Sem ninguém. Isso é bom, pois eu preciso estar sozinho para pensar sobre o que andou acontecendo. Vestígios de fumaça escura me envolvem. Calma, Ramza, calma. Espera, eu não me chamava... ah, deixa pra lá. Eu me preocuparei com isso daqui a pouco. Boto as mãos nos bolsos, a procura de algum elemento, alguma pista. Encontro um celular, uma carteira, moedas e chaves. Começo pela carteira. Chaves de carro, dinheiro, uma carteira de motorista e uma foto. A carteira de motorista está queimada pela metade. Examino a foto. Um adolescente, provavelmente eu, abraça uma mulher que deve ter entre 40 e 50 anos. Deve ser minha mãe, mas só vejo uma mulher. Subitamente raivoso, rasgo a foto e a jogo num bueiro, com a carteira de motorista. Guardo o dinheiro da carteira no bolso de trás e deixo-a cair no chão. A memória do celular está vazia. Há uma placa na chave, onde está marcado 35, bloco 6. Deve ser o meu apartamento. Vou para o bloco correspondente e passo casualmente pelo porteiro. Subo pelas escadas, pois não quero encontrar ninguém no elevador. Subo para o 3o andar e abro a porta do que foi meu apartamento. Na sala, um sofá e uma mesinha. Um minúsculo banheiro e uma pequena cozinha. Vou para o meu quarto e não o reconheço. Vejo uma mochila, um laptop, um caderno e um estojo. Boto tudo na mochila e vou embora. Na mesa da sala, vejo um isqueiro. O boto no bolso e vou embora. Passando pelo estacionamento jogo minha chave de apartamento numa saída de esgoto. Preciso esquecer essa vida e criar uma nova. Testo a chave de carro. Uma moto roxa e preta produz um barulho característico. É uma Kawasaki Ninja. Potente e fina. Perfeita para fugas, pelo que me parece. A ligo com a chave e o motor ronca, me reconfortando. Passo por três quarteirões até encontrar uma lanchonete. Vou numa mesa isolada, no terraço. Peço uma Coca, uma salada. Tiro o laptop da mochila e ligo o. Nem boto a senha, pois ele aparentemente não tem. Memória vazia, igual o celular. O garçom chega e pergunta:

- "Está esperando alguém? Sua namorada?"

- Não, não, obrigado.-Ele parece japonês. Como lentamente minha salada e tento saborear a Coca, mas as perguntas fusam: quem sou eu? O quê estou fazendo aqui? Quantos anos devo ter?-

Estou farto de perguntas sem repostas.

- Deve ter uma resposta para a minha amnésia!- Falei Alto. O garçom me diz:

-" está procurando respostas? Então tome." Ele me dá um papel. O desdobro. Está escrito um endereço nele.

- O que é isso?- pergunto, mas ele já desapareceu.

Olho de novo para o papel: 25th,strange avenue, 134. Strange avenue? Que nome bizarro é esse ??

Olho para a tela do computador e navego para o MSN notícias. Um grande título atira a minha atenção : "Louco foge de hospício e desaparece"-clico na notícia e leio: Desdmond Dwelve, jovem de 18 anos, foi encontrado no 9 de abril, desmaiado na rodovia Kingsley. Foi levado ao hospital de Hotterdam, onde o doutor Aurelian Teetht diagnosticou uma amnésia no garoto, que não sabia nem o nome nem o local de residência. Aparentemente usou uma bomba lacrimogênea no médico e nos guardas que tentaram ajudar e fugiu do local. "

- merda...- digo. Como assim ? Eu não usei bomba nenhuma! Será que... A cada vez que acontece, há uma fumaça negra-roxa em volta de mim... Por quê será ?...-Meus pensamentos são interrompidos pela voz da apresentadora na televisão : " Uma câmera de vigilância flagrou a fuga do indivíduo durante o acidente que ocorreu no hospital de Hotterdam, olhem bem ! - Hipnotizado, olho para a tela do grande televisor e me vejo ali, e depois, nada! Só vejo uma pequena nuvem de fumaça negra se dirigindo rapidamente para a porta do hospital. Será que... eu me transformei nessa...-A apresentadora interrompe de novo meus pensamentos e diz:

- "Se verem-no, por favor, avisem a Polícia, ele provavelmente é perigoso. Muito obrigada."-

De repente percebo os olhares assustados que me miram. Um bebê chora. Não faço nada, só deixo acontecer: rapidamente me transformo e saio em disparada. Vejo policiais examinando a minha moto lá fora, e compreendo que não será possível usá-la na fuga.paro um segundo em frente a eles e continuo minha corrida. Eles entram nos carros e me perseguem. Mas já estou longe na frente. Viro uma esquina, duas e paro. Me rematerializo e me dou conta que deixei o laptop na lanchonete! Vejo o itinerário mais rápido para a strange avenue, no Google Maps, pelo celular. Ouço os carros se aproximando e memorizo a rota antes de arrumar o celular no bolso e sair em disparada. Chego na avenida, vejo o número 25 ,me materializo e loucoogo os carros de polícia se afastando daqui. Deixo escapar um suspiro de alívio e sento no chão da calçada,exausto. A adrenalina baixa lentamente. Essa corrida não foi tão mal:Tenho a impressão que vivo fugindo. Ando tranquilamente para o número 25 quando ouço:

- Pare aí e maos ao Alto!

Policiais. São menos bestas do que eu pensava. Me viro para eles, bem devagar. Digo:

- nunca.

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