Vinho que é bom, nada!

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Texto inédito.

Eu sei que é errado pedir para que as outras pessoas resolvam os meus problemas. Mas sabe como é? Às vezes me dá uma preguiça! Homens, como sempre costumo mencionar, são minhas fontes de inspiração para dias tortuosos e minha desgraça pessoal e também os assemelho sempre com uma bebida. Os dois últimos relacionamentos que tive foram um expresso frio e um uísque intragável. Então as vezes prefiro lidar com eles por último, afinal, minha vida sem eles não é pura emoção. Muitas vezes eles apenas atrapalham tudo isso, e acabo me divertindo no final. Mas eles são muito problemáticos. Me deixam malucas por querer arrebentar aquelas caras.

Primeiro, minhas necessidades básicas como um belo café da manhã, um hamburger duplo de picanha da esquina, jogar GTA no meu playstation 4 e encher a cara com um belo copo de uísque escocês, de boa qualidade, claro. É para isso que eu ganho, é por isso que eu levo as pancadas nesse meu trabalho de mercenária do submundo.

Faço o que faço para sanar meus vícios e necessidades, que não são poucas. É claro que não é uma vida saudável, quase todos os dias eu tenho que fugir de gente que quer me bater ou só me matar. Mas antes, claro, eu quebro muito cara de patifes petulantes. Mas uma hora ou outra eu acabo estourada, não sou o Wolverine, né. Acho que estou mais pra Deadpool. Uma costela quebrada, um nariz fora do lugar, uma bala no ombro. Isso para mim é um dia normal de terça-feira. E nem me olhe desse jeito. Até parece que eu sou coisa ruim. Sou peça rara, meu bem! Mas as vezes eu atraio cada uma, que se eu contasse, você ia ficar bege.

Mas sabe de uma coisa? Diante de todo esse quebra-costela e murros no nariz eu conheci o Eduardo, um dos médicos mais gatos e charmosos que existe aqui na cidade de Amparo, minha terra natal. Uma cidade bem tranquila no interior de São Paulo. Malditos olhos de oceano.

O meu trabalho é na capital, e lá em São Paulo é muito complicado fugir da polícia que fica de olho nos caras que chegam nos hospitais, sempre acabo indo para Amparo que fica umas três horas de viagem, mais seguro. Claro que sempre tenho que tomar doses de analgésicos para não morrer no meio do caminho, mas aí lembro que verei o Eduardo e aquela pele macia, barba rente e bem feita, aqueles dentes brancos e perfeitos e uma colônia europeia que me deixa falecida. Ele sim é um típico vinho do porto, com alto teor alcoólico, um aroma e doçura tão delicado que me dá vontade de beber a garrafa inteira. Mas infelizmente esse ainda não o levei para casa. Sempre quando encontro ele eu estou estourada, então já viu. Ele deve ter medo de mim.

É, as vezes dá vontade de morrer naquele abraço mesmo assim. Por isso se eu tiver falecendo por causa de um tiro no estômago, eu espero com todas as minhas forças chegar até Amparo só para respirar fundo naquele pescoço e depois morrer. Vai dizer que isso já não aconteceu com você? Não precisa ser um médico. Vai que sua tara é pelo jornaleiro da esquina? O barman, o bancário?

E você aí que está torcendo o nariz? Vai dizer que você não fica todo feliz quando encontra aquela gata que você é apaixonado na escola ou na faculdade e acaba interagindo com ela fisicamente? Quando eu falo com você, não necessariamente preciso lhe imputar um gênero, você não precisa imaginar aquele homão da porra que eu estou acostumada. Você imagina o que quiser. O mundo é livre, não é verdade? Quem não gosta da Jeniffer Lawrence ou a Ivete Sangalo, por exemplo? Eu gosto!

O problema é que, além do vinho naquela cidade, eu ainda tenho o expresso e o uísque, minhas outras tormentas.

O Cigano e o Italiano moram na mesma cidade que eu, não sei como pude ser tão trouxa. E com eles eu me relacionei até demais. Chegou um momento que eu enjoei, acabei preferindo ficar com minha cama king size, meu travesseiro entre as pernas, meus lençóis macios e uma garrafa de vodka quando eu sentir sede. Mas sabe, aqueles dois acabaram me colocando em cheque num dia desses. Me disseram para escolher um dos dois.

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⏰ Última atualização: Jun 18, 2017 ⏰

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