35 • Surpresa

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Durante o caminho, fomos sempre em silêncio e eu fiquei a pensar sobre os amigos do Gabriel. Eles pareceram-me exatamente o oposto do rapaz calmo e simpático que caminha ao meu lado. Pareciam estar a esconder alguma coisa, pois ficaram bastante irritados com a minha presença.

Eu - Os teus amigos são sempre assim?

Gabriel - Não, eles devem estar chateados por causa de algum jogo. Não penses mais nisso.

Continuámos a caminhar silenciosamente, até que o Gabriel parou e disse:

- Se não te importas, a partir daqui vou ter de te tapar os olhos.

Eu - Tudo bem. Mas agora estás a deixar-me curiosa.

Gabriel - Não te preocupes, já estamos mesmo quase a chegar.

Fechei os olhos, mas quando senti a mão suave dele a cobrir-me a visão, abri-os novamente para tentar espreitar. Tentativa sem sucesso.

Senti uma mão a agarrar-me a cintura e imediatamente estremeci com o contato. Ele começou a massajar-me suavemente e eu quase adormeci em pé com a delicadeza do seu toque.

Após alguns segundos, imagens de um Diogo com um olhar acusador apareceram na minha mente. O meu coração começou a bater mais forte mas, desta vez, consegui soprar aquela imagem torturosa, que começou a desvanecer, e concentrar-me no momento prazeroso que o Gabriel me estava a proporcionar.

Comecei a ouvir música típica de festas e várias pessoas a falar e a gritar.

Gabriel - E chegámos.

Ele destapou os meus olhos e eu fiquei boquiaberta quando vi o que estava à minha frente. Imensos jovens passeavam e conversavam no meio de um enorme parque de diversões. Olhei em volta e vi imensas atrações, cada uma mais espetacular que a anterior.

Subitamente veio-me à memória um dia em que os meus pais me levaram a um parque de diversões pela primeira vez. Lembro-me perfeitamente de ter ficado super excitada e querer logo experimentar tudo, ao contrário das outras crianças, que se escondiam atrás dos pais quando viam a velocidade a que as montanhas russas iam. Como é óbvio, quem me acompanhou foi sempre o meu pai, pois a minha mãe nunca entraria numa "monstruosidade" daquelas, nem que lhe pagassem.

Tenho imensas saudades do meu pai. Gostava que ele estivesse aqui, comigo. De certeza que ele também ia adorar este parque cheio de luz e vida.

Gabriel - Então... gostaste?

Eu - Se gostei? Adorei! Sou fanática por parques de diversões!

Gabriel - Ótimo, então vamos lá!

Entrámos e começámos a dar uma volta pelo parque, para explorar melhor todas as atrações. O ambiente é fantástico e bastante acolhedor. Só de assistir de longe ao divertimento das pessoas, já sinto uma dose de adrenalina a percorrer todo o meu corpo.

Eu - Aquilo é uma espécie de comboio fantasma? Daqueles assustadores?

Gabriel - Sim. Pelo que dizem, este é dos bons e arrepia qualquer um!

Eu - Ai sim? Então é o primeiro que vamos experimentar!

Gabriel - Tens a certeza? Podemos andar neste mais tarde, quando já estiveres habituada à adrenalina.

Eu - Nem pensar! Vamos agora!

Gabriel - Tudo bem. Depois não digas que não te avisei.

Borboleta Lutadora (✔)Onde histórias criam vida. Descubra agora