Princípio de um amor futuramente Morto

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Apenas um toque dele. Sua pele presa a minha, meu primeiro namorado, ou melhor, meu primeiro relacionamento onde eu possa ser apenas eu.

  A noite, seu toque era único, me fazia desejar estar com ele em todos os momentos, eu sempre queria mais, mais do seus toques, mais dos seus beijos, mais amor intenso.
   Antes de nós dormirmos, olhei para ele, seus olhos brilhando feito a lua em seu ápice no céu, e pedi apenas um beijo, antes da noite acabar.

- Você nunca cansa, não é?- Falou ele.
-Sempre sonhei como séria a minha primeira vez... - Disse com um sorriso, aquele bendito sorriso não saía da minha cara.-Foi melhor que eu imaginava, é diferente de tudo que eu soube.

  Ele riu, me beijou e foi ao banheiro, eu sabia que ele não poderia fugir da casa, pois a casa era dele.
  Como foi incrível, como foi profundo aquele toque, aquele orgasmo, como foi incrível. Ele seria meu futuro marido? O pai dos meus filhos? Não sei, mas se for, estarei lá por ele e com ele, assim como ele estará para mim e por mim.

   Decidi ir dormir enquanto ele estava no banho, queria economizar energia para experimentar o paraíso novamente.
  
  Eu adormeci, o cansaço da noite me venceu tão facilmente que chegava a ser humilhante. Em um dos meus sonhos, acabei tendo uma recordação perturbadora do meu passado, que vem me perseguindo desde seu acontecimento...

Em um domingo comum na minha casa, meus pais saíram para cumprirem seu habitual costume de comparecer à igreja e voltar para casa todos os finais de semana. Eu, como de costume, fiquei cuidando do meu irmão mais novo, Daniel, como sempre fiz. Entretanto, não era um domingo comum onde meus pais cumpririam seu habitual costume, pois nesse dia específico, eles não voltaram para casa. Chovia esta noite, trovões e alagamentos por toda a região, estrada molhada e escorregadia, e com apenas um deslize, o carro onde se encontrava os meus pais capotou, tirando a vida deles. Eu e meu irmão, dias depois, fomos parar no orfanato da região, ou melhor, no inferno particular. Daniel andava sempre com a bota amarela que ganhou de presente de Natal dos nossos pais, tornando-se alvo de bullying entre os seus colegas e mesmo com apenas nove anos, ele nunca deixou que eu o defendesse. O que mais marcou, entretanto, foi o dia em que eu acordei e não o encontrei em sua cama como sempre, o que mais marcou, entretanto, foi o seu desaparecimento repentino, o que mais marcou, entretanto, foi que horas depois de seu sumiço, oficiais encontraram uma criança com uma pedra amarrada no tornozelo no fundo do lago perto do orfanato, parecida com o meu irmão. "É o Daniel! É o Daniel!" As outras crianças diziam, a governanta Clotilde até me levou para perto da criança para poder confirmar se realmente era o Daniel, porém eu, covarde como era e com apenas doze anos, não consegui ver a face do cadáver, o que mais marcou, entretanto, foi que em seus pés estavam as botas amarelas que Daniel sempre usou. O que mais marcou, entretanto, foi que em um domingo, sim, um domingo, eu o enterrei sozinho em uma cova abaixo da árvore onde nós brincávamos, eu fiz sozinho uma cruz com galhos da árvore, e o que mais marcou, entretanto, foi que eu sozinho, segurando apenas uma rosa negra, assim como fiz no enterro dos meus pais, fiz o funeral de Daniel naquela neblina, com um pôr do sol acontecendo e dando início a mais uma noite sombria na minha vida.

Acordei em um sobressalto, assustado e ensopado, chorando de desespero e a única coisa que senti foram os braços do meu namorado me rodeando e repetindo incontrolavelmente "Eu estou aqui por você." Depois que acalmei, o larguei e olhei nos olhos, ficamos trocando olhares, enquanto eu aguardava qualquer comentário, mas a única coisa que ele disse foi:

- Eu apareço em seus pesadelos?
- Você é a cura deles. - Foi, sem sombra de dúvida, a melhor resposta que poderei ter dado a ele, pois era a minha verdade absoluta.

  Voltei a olhar para ele, seu sorriso lindo, seu olhar, seu corpo eram perfeitos, mas nossa relação tinha que ser em segredo, pois a igreja comandava tudo e nossa relação podia nos levar a morte. A população não aceitam a homossexualidade, a igreja também não, eles acham um pecado.
  
   Tal futuro que os nossos antepassados diziam ser é o pior, futuro, de tudo, mortes o tempo todo, parece que voltamos A Era da Inquisição.

   Hoje moramos em 2081, como a igreja ainda tem esse poder, a pergunta é, por que ?

   Não quero mais pensar nisso, agora só quero pensar nele, ele é meu ponto de refúgio nesse tal "futuro perfeito", quem dera as máquina tivessem dominado o mundo.
  
   Eu so quero que essa noite não acabe, não morra. Eu quero está com ele toda noite.
  
    No dia seguinte, sai da casa dele, com cuidado, não queria ser pego pelo o exército.

   As execuções da igreja são as piores, o enforcamento é o mais leve, o pior de todas é arrancar sua veia sem anestesia, eles cortam seu pulso e com uma mão só ele pegam sua veia e puxam, esse é a mais apavorante de todos. Agora, para não morrer, tenho que sair com cuidado, com medo, e coragem.

   Um amigo meu sempre diz, "Você tem sua coragem, ele pode lutar nesse guerra, sua intuição tem seu uso, ele pode dizer para que serve, sua raiva aterrozia e seu medo terraforma", até hoje não sei o que é terraforma.
 
   Ele acha que essa guerra é fácil, pelo amor de Deus.

   Isso n é fácil, não quero morrer, e nem quero ser torturado.

   A igreja não so comanda aqui, na Astralia, na Itália, Paquistão, Espanha e Brasil também são comandados.
 
   Hoje em dia, so existe a morte, a invocações falsas para Deus, vendas para curas falsas e Satanismo, não sei como o Satanismo fuciona, mas já há igrejas do tipo no mundo.

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⏰ Última atualização: Jun 20, 2017 ⏰

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