A Princesinha do Morro

12//"isso se chama ciúmes"

- amigos desde quando?- meu pai me pergunta.

- já faz um tempo pai.- encarei os três em pé na minha frente.

- um tempo quanto?- tio Bruno pergunta.

- algumas semanas.- revirei os olhos cansada daquilo.

- esse garoto usa drogas, eu não quero você andando perto dele, está me escutando Isabela?- meu pai perguntou severo.

- quando a mamãe começou a namorar com o senhor você também usava, e digo o mesmo da tia Geovana.- olhei para o tio Bruno.

- ah, então quer dizer que vocês namoram.- Rafa falou.

- cala a merda da tua boca Rafael.- falei irritada.- se eu quiser continuar andando com o Luan, eu vou andar, e ninguém vai me impedir.- me levantei estressada e subir as escadas.

- espera aí mocinha.- meu pai falou firme.- não terminamos essa conversa.- não dei ouvidos a ele.

Entrei no meu quarto e bati a porta com força, me joguei na cama e peguei o meu celular, conectei o fone de ouvido e deixei em Heavy do Linkin Park, acho que esse é meu jeito de fugir das coisas, escutando música.

...

Escuto uma voz distante me chamando, abro os olhos e sinto uma pequena dor no ouvido, droga, dormi com o fone, tiro eles e agora dá para escutar claramente a voz da minha mãe.

- pode entrar.- falei ainda sonolenta.

- nossa garota, já ia mandar arrombarem a porta, achei que tinha fugido ou morrido.- falou tudo de uma vez só.

- a porta estava destrancada mãe.- me sentei na cama.

-ah, é mesmo.- bateu na sua própria testa.- soube que você e o seu pai brigaram de novo.- se sentou do meu lado.

- foi ele que começou mãe.- falei com os braços cruzados.- ele vem aqui e diz que vai tentar controlar o ciúmes dele, mas o problema é que ele não está tentando.

- ele me disse que você estava no quarto com um garoto, mas como eu sei que o seu pai é exagerado você pode me falar a sua versão.- relaxei mais.

- eu e a Emy íamos fazer um trabalho de química e o Luan se ofereceu para ajudar, e todo mundo sabe que eu e a Emy somos péssimas em química, como o Luan já está na universidade e garantiu saber tudo sobre química a gente resolveu aceitar, só que no meio do trabalho o pai da Emy ligou mandando ela ir para casa, eu e o Luan ficamos para terminar o trabalho.- parei pra tomar fôlego.- quando terminamos eu perguntei se ele queria alguma coisa, quando chegamos lá embaixo o papai, o tio Bruno e o Rafa estavam entrando, e aí começou o auê todo.

- entendi, esse Luan é o mesmo que te trouxe de moto né?- falou calma.

- sim.

- o seu pai me disse que ele é usuário de drogas.- falou preocupada.

- como se ele não fosse.- resmunguei.

- o seu pai não usa drogas.- falou indignada.

- eu posso ser meio lerda mas não sou burra, eu já senti cheiro de maconha vindo do seu quarto.- fiz uma careta.

- ah, e foi?- se levantou furiosa.- o Felipe tem muito que me explicar.- murmurou saindo do meu quarto.

Acho que eu falei o que não devia falar, mas pelo menos conseguir fugir dessa conversa, depois eu tenho que ter uma conversinha bem séria com o Rafael.

...

- agora pode me contar tudo.- Emy deu um gole grande no seu suco de laranja.

Estamos numa lanchonete aqui do morro mesmo, Emy me mandou uma mensagem mandando eu vim aqui urgente.

- sobre o que?- me fiz de desentendida.

- não se faça de besta.- mordeu seu folhado.

Contei tudo para ela que acompanhava com caras e bocas, minha história com o Luan não é a maior de todas, mas contando assim para os outros até que fica interessante.

- eu não acredito que você não me contou nada disso.- falou incrédula.- achei que éramos melhores amigas.

- desculpa, eu me esqueci.- terminei de comer meu lanche.

- só você para se esquecer uma coisa dessas, por isso que ficou toda nervosinha quando viu ele hoje de manhã, e também tá explicado o porquê de você ter sumido no baile.- falou como se tivesse descobrido a maior coisa do mundo.- você gosta dele?

- não, claro que não.- limpei minha boca.- eu nem conheço ele direito, e foi só um beijo, nada demais.

- é, você tem razão.- apoiou o rosto na mão.- por isso vocês tem que saírem mais.- sugeriu animada.- e quem sabe não role mais beijos hein.- me olhou sugestiva.

- chegou a minha vez de dizer essa frase: não crie expectativas.- fiz uma careta.- eu não preciso de um romance na minha vida.

- eu não vejo qual o problema Isa, ele é legal, bonito, um pouco arrogante mas dá para relevar, e parece gostar de você, são perfeitos um para o outro.- suspirou apaixonada.

- quanto ele te pagou para você fazer essa propaganda toda?

- deixa de ser besta, pensa, o máximo de ruim que pode acontecer é vocês terminarem, e isso já vem no pacote de um relacionamento.

- engraçado, você fica falando essas coisas, mas por que não dá uma chance para o Rafa?- mudei o foco da conversa.

- ah não Isa, eu e o Rafa somos bem diferentes.

- diferente como?- arqueei uma sombrancelha.

- diferente muito, o Luan não está sendo treinado para ser o comandante do morro.

- mas o Rafa não é usuário de drogas.- revidei.

- talvez a gente estamos empatadas.

- é, talvez.

...

- eu estou muito decepcionada com você.- falei encarando o Rafa que estava jogado na cama.

- por que eu falei a verdade sobre o seu namoradinho?- perguntou despreocupado.

- ele não é o meu namorado, e sim, você não tinha nada que sair falando aquelas coisas.- falei chateada.- não precisava colocar mais lenha na fogueira.

- desculpa ok?- se sentou na cama.- você é como uma irmãzinha para mim e eu não suporto o fato de você estar com alguém, saber que o Luan chegou perto de você só me dá vontade de bater nele até ele não se lembrar do próprio nome.- falou com raiva.

- resumindo, isso se chama ciúmes.- falei debochada.

- tanto faz, eu só não quero ele perto de você, eu não quero ninguém perto de você.- me puxou para o meio de suas pernas me abraçando.- eu vou te proteger de tudo e de todos.

- mas eu já estou crescendo Rafa, é inevitável eu arrumar um namorado, isso não quer dizer que eu namore o Luan, cruz credo.- fiz um sinal de cruz no coração.

- você sempre foi tão ingênua, a mais inocente do grupo, até a Emy sabia de mais coisas, tem gente no mundo que podem querer se aproveitar disso entende? E eu não posso deixar isso acontecer.- beijou minha testa.

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Oi coalas, capítulo ruim mas é a vida, acho que a parti daqui eu vou deixar as coisas acontecerem, é que eu tenho medo que seja cedo demais e eu esteja me precipitando, mas só vamos saber se arriscar né...

Até amanhã, bjundas para vocês ;*