Um casulo vazio

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Freneticamente. Posso dizer que vivi freneticamente?

Tantos dias, tantas paixões e tanta estupidez.

Sem rancores, mas muitas lágrimas - incluindo as de alegria.

Olhando agora para aquela garota, percebo a diferença: não foi corajoso atirar-me. Foi inconseqüente, ainda que eu tivesse afirmado o contrário.

Mas quem poderia culpá-la? Ou melhor: quem poderia me culpar?

Traçando uma linha de tempo, sabe-se que haveria outra escolha, mas então hoje seria tudo tão linear e monótono...

Fui quem eu achava que queria ser - nem boa, nem ruim.

Nadine releu o que acabara de escrever: medíocre. Como poderia escrever suas memórias assim tão cedo? É certo que se sentia cansada e procurava rugas no rosto nas manhãs de TPM, mas daí a transferir para um livro era muita pretensão!! Sua neurose idade versus experiência versus maturidade havia chegado ao pior estágio. Mas ela ria de si mesma.

Olhou pela janela e viu que chovia; isso sempre a deixava melancólica, como se estivesse num filme em que a mocinha chora a falta do mocinho com a mão e o rosto apoiados na janela. Piada. Ela fazia a cena e se imaginava na telona. Até seria uma boa atriz não fosse a súbita decisão de ser escritora.

Aprendendo a voarWhere stories live. Discover now