13//"Tipo um encontro?"

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Caminho despreocupada pela rua escutando música, as pessoas daqui do morro parecem me respeitar de uma maneira diferente, como se me temessem, algumas realmente parecem ser simpáticas, mas outras parecem ser só por medo mesmo, acho que tudo isso é porque o meu pai é o comandante disso tudo.

As pessoas vêem gente como meu pai como vagabundo, bandido e essas coisas, não é como se eu concordasse com tudo isso que ele faz, mas o meu pai não é só esse monstro que todo mundo pensa, quando se fala no dono do morro as pessoas já imaginam um cara com uma metralhadora matando todo mundo, invadindo barraco, matando inocentes, mas é completamente diferente disso, pelo menos aqui no Alemão é.

O meu pai ajuda pessoas necessitadas, que no caso é a maioria, só que uns precisam mais que os outros, o meu pai nunca matou inocente ou invadiu algum barraco, ele também não saí com uma metralhadora na rua matando todo mundo, o nosso dinheiro pode não ser o mais honesto, mas também não é o pior como as pessoas imaginam.

Eu nunca vi o meu pai como o dono do morro, o comandante do tráfico, eu nunca vi ele como vilão ou o mocinho, eu sempre lhe vi como o meu pai, o meu herói, eu e minha família conhecemos o Felipe que ninguém conhece, e eu queria que as pessoas conseguissem enxergar mais o nosso Felipe.

Mesmo sendo filha única eu nunca pude me sentir só, desde bebê minha casa foi movimentada, acho que sou a pessoa que mais tem tio no mundo.

O tio Jack não é meu tio de sangue, ele é o melhor amigo da minha mãe e me viu crescer, com certeza é o meu tio favorito, a tia Ágda é esposa dele e ela também me viu crescer, soube até que ela era minha babá quando os meus pais saíam para namorar.

A tia Geovana também não é minha tia de sangue, ela é melhor amiga desde sempre da minha mãe, e o tio Bruno, marido dela, é o melhor amigo desde sempre do meu pai, então ele também não é o meu tio de sangue, consequentemente o Rafa também não é o meu primo de sangue.

A tia Sam é a minha única tia de sangue, ela é irmã do meu pai, a mais nova e a mais protegida, ela e o tio Magrin, que não é o meu tio de sangue, começaram a namorar quando eram adolescentes mesmo o meu pai não gostando muito da idéia.

Estava tão distraída pensando nessa minha família complicada que acabo praticamente levando o ombro de alguém sem querer.

- des... Ah, tinha que ser você.- encarei Luan.

- tem que prestar atenção por onde anda princesa.- piscou para mim.

- desculpa, estava distraída.

- eu vi, indo para casa?- era tão engraçado ver o quanto ele tinha que abaixar o olhar para falar comigo, ele é muito alto.

- sim.- respondi simples.

- sabe, eu estava pensando, a gente bem que podia sair né?- falou de repente.

- sair? Tipo um encontro?- perguntei meio confusa.

- sim, estou disposto a te conquistar, e num encontro poderíamos nos conhecer melhor, falar com mais calma, eu juro que não vou avançar o sinal.- falou sincero.- só se você quiser é claro.- sorriu malicioso.

- eu nunca fui a um encontro.- falei pensativa. Não me parecia uma má ideia, afinal, o que eu tinha perder?- ok, mas será um encontro entre amigos, nem pense que vai ter beijo ou algo do tipo.- falei clara.

- sim senhora.- falou com um sorriso maior que o rosto se é que isso seja possível.

- você vem me pegar na minha casa?

- sim.

- então, até as sete e meia- sorrio.

- até, e Isa, eu vou fazer essa noite ser a melhor da sua vida.- beijou minha bochecha e foi embora.

Aquele simples gesto fez umas coisas estranhas acontecerem no meu estômago, uma agonia, parecia que eu ia vomitar, nossa, será que eu tô com gastrite?

...

Passei o resto do dia ansiosa para que a noite chegasse logo, eu ainda não sei muito bem porque eu aceitei, mas o que pode acontecer de ruim? Só vai ser uma saída entre amigos.

Tiro minhas roupas e entro no box, me molhei só do pescoço para baixo, não tô afim de molhar o cabelo hoje, termino, desligo o registro, me enxugo e me enrolo na toalha.

Vou até o closet e visto look na multimídia, eu já tinha escolhido a roupa a muito tempo, penteio o meu cabelo e passo só um gloss labial mesmo, espirro um pouco de perfume e coloco celular, identificação e dinheiro na minha bolsa.

A Emy diz que eu pareço uma velha porque pra onde eu vou tenho que tá com a minha identidade, mas eu penso assim, e se acontecer um acidente? Pelo menos eu já vou está com uma identificação e a polícia poderá achar os meus pais mais rápido, tem que se pensar em tudo.

Olho pela janela do meu quarto e vejo Luan saindo de um carro de luxo, óbvio né Isabela, como você é ingênua de achar que o carro dele seria simples. Dou uma última olhada no espelho e saio do meu quarto descendo as escadas.

- vai aonde?- meu pai pergunta. Eu ainda estou com raiva dele.

- sair.- falei simples.

- para onde?- insistiu.

- eu não sei.- falei pensativa, eu realmente não sei para onde o Luan vai me levar.

- com quem?- bufo irritada.

- com o Luan.- respondo simples.

- você vai a um encontro?- mamãe perguntou animada.

- é só uma saída de amigos mãe.- enfatizei o "amigos".

- ah, mas não vai mesmo.- meu pai falou com a cara fechada.

- deixa a menina em paz Felipe.- minha mãe reclamou.- pode ir filha, se divirta.- sorriu para mim.

- mas Manu...- meu pai tentou falar mas minha mãe interrompeu.

- você não ouviu? É só uma saída entre amigos, deixa a garota.- meu pai suspirou derrotado e não falou mais nada.

- então, tchau gente.- caminhei até a porta.

Saí de casa e dei de cara com o Luan indo bater nela, ele estava lindo, com uma calça jeans escura e uma camisa social preta, e com aquele cabelo impecável de dá inveja.

- nossa, você está linda.- me olhou de cima abaixo.

- que nada, eu nem me arrumei muito.- sorri.- vamos?

- claro.- segurou minha cintura.

- Luan, não é querendo ser exigente nem nada, mas eu não quero ir para nenhum restaurante chique ok?- ele me olhou confuso.- eu já fui em vários com minha mãe para saber o quanto é chato e desconfortável, você não pode ficar a vontade, não pode rir alto e nem comer de qualquer maneira que as pessoas já te olham torto, eu prefiro ir em uma lanchonete, pelo menos a gente fica mais confortável e pode conversa normalmente sem se importa com o olhar dos outros.- expliquei.

- ok, então eu vou ter que cancelar a reserva.- sorrio para ele.

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Oi coalas, tudo bom com vocês?

Para quem não leu a Patricinha e o Dono do Morro eu quis explicar esse negócio dos tios da Isa, para quem não sabe (porque por alguns comentários eu vi que tem gente que não sabe) esse livro é tipo uma continuação de A Patricinha e o Dono do Morro, só que contando a história da Isa, entenderam? Espero que eu tenha conseguido explicar.

Até qualquer dia, bjundas para vocês ;*

A Princesinha do MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora