Bola De Neve

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    Eu morava em uma pequena vila com a minha mãe e minha avó. Sempre perguntei pelo meu pai e minha mãe me dizia que ele tinha viajado para longe. E eu acreditava. Mal sabia eu, que essa viagem foi para o céu.
    Minha mãe era analfabeta mas se formou e virou juíza. Quando ela se formou, nós nos mudamos para a cidade.
    Na cidade, minha mãe conheceu um homem e disse que esse homem era meu pai que tinha voltado de viagem.
Como sempre, eu acreditei.
    Meu irmãozinho nasceu, ele era tão pequeno, tão frágil... eu amava ele. Um dia, quando eu tinha 10 anos, minha avó me contou tudo sobre o 'meu pai'.
    Disse que ele tinha morrido. Não viajado. Ele e a minha mãe estavam voltando de uma festa, quando eles discutiram e o carro bateu. Mas nada aconteceu. Meu pai percebeu que tinha algo de errado, e que o carro corria risco de explodir. Minha mãe saiu do carro mas o cinto do meu pai emperrou.
    Ela correu até um posto de gasolina atrás de ajuda. Ela tava voltando com uns homens, quando... explodiu. O carro do meu pai explodiu com ele lá dentro.
    Minha mãe chorou, sofreu... até que sentiu muitos enjoos e foi ao médico. Grávida. Ela estava grávida de mim. Eu nasci e iluminei a vida da minha mãe.
    Quando minha avó me contou aquilo, eu entendi o por que de eu ser 'diferente'. Meu irmão, minha mãe e meu padrastos são loiros. Eu? Eu sou albina.
    Minha mãe sempre me chamava de 'bola de neve'. Por eu ser meio gordinha e bem branquinha.
     Fui falar com a minha mãe sobre isso e nós tivemos uma discussão.
   Quando eu ainda estava se recuperando da discursão e do meu passado, a minha avó, luz da minha vida, morreu. No dia do meu aniversário.
    Aí, minha vida virou de cabeça para baixo. Por que? Por que eu entrei em depressão. Eu não me cortava e nem tentava me matar, só me isolava de tudo e de todos. Sem ligar se a minha vida estava indo em borá ou não.
     Um dia, quando eu estava isolada no meu quarto, eu ouvi um estrondo. Não liguei. Coisas quebrando. Não liguei. Em seguida, um grito avido e choro. Aí sim eu me assustei e sai do quarto pela primeira vez em 2 meses, eu saí do meu quarto.
    Meu irmão tinha derrubado a prateleira que caiu com coisas de vidro e porcelana e cima dele. Meus pais não estavam em casa! Corri até o hospital e liguei para meus pais. Eles vinheram até o hospital, e não ligaram pra mim. Mas eu também não liguei para eles.
    Meu irmão saiu da cirurgia e eu esperei meus pais terminarem de fazer drama ao redor dele. Quando o drama acabou, eu fui até ele. Ele estava dormindo, cheio de faixas e cortes. Eu acariciei o cabelo dele e disse para mim mesma que a partir daquele dia, eu iria cuidar dele como se ele fosse a minha vida. Como a minha avó foi.
    "Melhore rápido... minha bolinha de neve". Eu disse. Não para mim! Para ele.

A Vida Não É Tão Ruim Where stories live. Discover now