II

17 4 0
                                    

[...]

Nas últimas semanas venho tendo alguns sonhos relacionados ao ocorrido com o meu pai, o montsro assombra minha mente todas as vezes que fecho os olhos (isso é loucura!).
Venho passado algumas noites em claro tentando distrair minha mente do passado que sempre vem à tona para me atormentar.
[...]

Ouvi minha mãe me chamar para o jantar, mas evitei ao máximo descer até lá; tenho que concluir minhas pesquisas.E para minha sorte ela não subiu ao meu quarto como vinha fazendo à algumas semanas, bom não sei ao certo...talvez não seja sorte mas talvez mágoa pelo o que eu lhe disse na noite passada, sim nós discutimos e feio, minha mãe se irritou pra caramba , e desde então não me chama e não fala nada até agora.Talvez ela queira respeitar meu "momento" meu luto, ou coisa perecida, ou apenas esteja esperando um singelo e humilde pedido de desculpas; mas é algo que não vai rolar agora, não porque eu esteja de má vontade e não esteja à fim de me desculpar com ela (não sou ruim à esse ponto) e tecnicamente ela está aparentemente mais abalada que eu emocionalmente, ou talvez estejamos igualmente abalados mas prefiro evitar mostrar fraqueza e vulnerabilidade.
[...]

00:00

Já faziam algumas horas que eu digitava informações à esmo em frente ao computador em meio à escuridão que engolfava meu quarto, o sono já me consumia, mas eu não me daria por vencido e não tinha a pretensão em dormir esta noite , não com aquele louco me assombrando durante o sono, mas meu corpo começava à dar sinais de cansaço, à cadeira em que eu me encontrava parecia tão confortável, logo minhas pálpebras começaram à pesar, pisquei algumas vezes por fim fechando os olhos me dando por vencido.

[...]

Eu caminhava ofegante em meio à uma floresta escura, minha respiração era densa e eu sentia muito frio, senti um arrepio percorrer meu corpo e uma sensação esquisita nascer em meu peito, as árvores farfalhavam de maneira assustadora em meio ao silêncio da floresta, logo pude ouvir o estalar de galhos e uma gargalhada maníaca.
-Quem está aí?
Perguntei com à voz trêmula.
Mas não fui respondido, o medo intensificava-se de uma forma desconhecida por mim, desatei à correr no meio da floresta, tropeçando em meus próprios pés.
Sem ousar olhar para trás um segundo sequer com um medo e receio enorme do que eu veria, mas sou um ser humano e logo sou curioso, é algo institivo e natural.
Olhei para trás; e nossa como me arrependi do feito.
Ao olhar para trás pude ver o mesmo que me atormentava todas as noites, o responsável por transformar minha vida em um verdadeiro inferno, sim era ele mesmo o poltergeist, o meu medo inexplicável pôde ser compreendido por meu cérebro.
A criatura aparecia e reaparecia de maneira macabra logo atrás de mim, sem produzir nenhum som ou ruído, o único barulho que ouvia-se era o barulho do farfalhar das árvores e meu desespero ao percorrer à floresta, o mesmo sorriu ao ver meu desespero ele se divertia com minha situação, com o medo percorrendo cada artéria cada centímetro do meu corpo,tratei de correr mais rápido ainda, mas eu sabia que não correria para sempre eu não aguentaria, logo meu corpo não resistiria e eu estaria cansado, e bem foi exatamente isso o que aconteceu, senti minhas pernas tremularem, procurei forças para continuar à "maratona" mas tropecei em meus próprios pés , caindo abruptamente no chão úmido da floresta,me virei e apoiei-me rapidamente nos cotovelos tentando levantar-me novamente, meu peito arfava pela longa corrida, eu estava demasiado fraco para prosseguir, esquadrinhei o lugar na busca do poltergeist, mas parece que eu o havia despistado,sorri um tanto aliviado.
Mas me enganei, o maldito apareceu de forma repentina, próximo à mim, trntei me afastar da criatura ,mas à ação foi apenas um pensamento não concretizado, ele tinha um efeito estranho sobre mim uma força descomunal eu não era capaz de sequer mover um dedo para escapar dali, e logo me vi na mesma situação em que me encontrava no dia em que o maldito matou meu pai.
E eu o vi erguer novamente um objeto comprido e afiado que parecia uma mescla de estaca e espada ou uma estaca com lâminas laterais.
Ele fez menção de enfiar o objeto em minha barriga, e de minha garganta saiu um grito agudo e desesperado.

Acordei ensopado de suor ainda sentado sobre à cadeira e com o rosto enfiado no teclado, eu estava ofegante como se realmente tivesse corrido uma maratona meus braços doíam muito, puxei as mangas da camisa comprida que vestia até à altura dos cotovelos, os mesmos estavam como se tivessem sido arranhados muito recentemente, meneei à cabeça tentando tirar à possibilidade de ter realmente vivido aquele sonho.
Desci à cozinha para beber um copo d'água e tentar me acalmar um pouco.
Me encostei em um dos armários, e respirei um pouco, logo pude ver minha mãe surgindo em meio à escuridão da cozinha acendendo à luz, ela parecia preocupada.
-Tudo bem Dave?
Fiz que sim com à cabeça.
-Tem certeza ?pude ouvir seus gritos do quarto.
-claro que sim.
Afirmei tentando não alongar o caso e evitar uma conversa entediante sobre meus sentimentos e que eu não precisava ocultar nada de minha mãe e que ela sabia como me sentia e que poderia me ajudar, ah eu já estou farto disso.
-Escuta meu filho...(Não falei? Lá vem o discurso...)-Eu sei como você se sente, você sabe que não há necessidade de esconder as coisas de sua mãe,eu estou aqui para te ajudar no que for necessário, não se cobre tanto,não foi culpa su...
Eu já estava me irritando com aquele discurso decorado que ela sempre repetia desde a morte de meu pai , eu não precisava de pena muito menos apoio psicológico.
-Chega!-A mulher me olhou um tanto assustada pela resposta.-Você não sabe como me sinto!você não faz idéia de como me sinto!tendo que carregar o fardo de me chamarem de louco desde a creche!agora não me basta todos me culparem pela morte do papai?
-...meu filho...
-Não mamãe.Agora você vai ouvir o que eu sinto.Sabe como eu me sinto? Quer realmente saber?imagina como se sente um rapaz que sempre foi rejeitado por todos, um rapaz solitário sem amigos ,tendo de ser levado ao psiquiatra o tempo todo!Quer saber como me sinto?
EU ME SINTO UM MERDA! um porcaria! tendo que me manter afastado até de minha irmã para dar à ela à chance de ser normal, e não!você não sabe um terço do que eu passo!mas não é porque eu não quero falar mas sim por que você nunca está disposta à aceitar à verdade!Toda essa porcaria que você e papai sempre insinuaram ser mentira é à mais pura e verdadeira realidade, eu vejo...e-ssas coisas!
-Pare de inventar Dave!Você sabe que nada disso é real!
-Nada é real?-Ri debochado.-Nada é real?!Não são vocês que são perseguidos dia e noite que não podem dormir em paz por causa das criaturas que me rondam vinte e quatro horas por dia!Eu não estou inventando nada mãe acredite em mim eu não inventei nada disso minha vida inteira, se eu quisesse chamar atenção o faria de outra forma!
A mulher correu até um armário e pegou alguns remédios que eu conhecia muito bem, ela sempre os dava pra mim quando eu era menor.
-Tome um desses David você precisa se acalmar.
Ela se aproximou de mim com as pílulas e eu empurrei sua mão para longe de mim fazendo assim os remédios se perderem em baixo da mesa da cozinha.
-Não me dê essas porcarias!eu não preciso disso!Você está me drogando, não vê?!Você está destruindo minha vida!
Fez-se um breve silêncio no cômodo, minha mãe parecia perplexa, e eu caminhava de um lado à outro coçando o queixo, e por fim dei um riso nasal à fazendo voltar à atenção para mim assustada.
-...sabe mãe eu não queria viver assim...se você acha que faço isso por atenção você está enganada, eu quero mais que tudo me manter longe dessa minha anormalidade você não sabe o quanto...-Senti meus olhos marejarem e embaçarem um nó se formou em minha garganta, mas o engoli e tentei parecer o mais controlado possível.-Sabe...as vezes tenho inveja da vida de Serena...ela sim tem o direito de ser normal ela pode seguir à vida sem problemas, e quando eu raramente conto algumas coisas à ela,e para que ela saiba um pouco da verdade que me rodeia...Não faço isso para à deixar com medo eu faço para protegê-la...vocês são minha família.
A mulher me abraçou emocionada e eu simplesmente não reagi, há tempos não recebia um abraço de minha mãe ,era algo raro e em vez de retribuir o gesto e aproveitar o momento eu simplesmente não reagi, deixei-a chorar em meus ombros.
Ela encostou à mão em minha bochecha e me encarou com os olhos marejados.
-A-Ah...meu filho.
E logo depois voltou à enterrar o rosto em meu peito e eu fiquei ali um bom tempo tentando entender o ocorrido.

You Mind (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora