Capítulo Único

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Elena acordou às 5:00 da manhã, mesmo que não tenha conseguido dormir direito, ficou acordando a noite toda, mas ela precisava acordar agora, pois tinha que lavar a louça do jantar. Assim que terminou, foi tomar banho, a água naquele momento estava mais gelada que o normal, mesmo assim Elena tomou banho devagar e sem pressa, não se importava se estava tremendo de frio, ela precisava sentir que estava viva. Depois de se trocar, o sino da igreja toca, o que indica que são 6:00 da manhã, hora de acordar seus irmãos, que a tratavam mal, ela achava que realmente merecia ser tratada assim, pois às vezes tratava-os mal também, achava que merecia simplesmente por ser tão desprezível, era assim que se sentia, ela os acorda, e continua a arrumar-se, está penteando o cabelo e se observa, se odiava, tinha nojo de si mesma, se achava feia, gorda, e como a sua mãe havia lhe dito tantas vezes, era egoísta, ruim, ridícula, idiota, vagabunda, e ela realmente, acreditava, se achava inferior às pessoa, depois da separação de seus pais a vida de Elena tornou-se literalmente, um inferno, se encarou no espelho e saiu desapontada, foi arrumar a bolsa e seguiu à caminho da escola, ela observava as pessoas, Elena teve uma amiga que foi bem especial, mas teve que acabar a amizade, pois essa amiga a tratava com arrogância e a fazia se sentir ainda mais desprezível, agora no caminho para escola vê essa amiga, mas é como se elas fossem desconhecidas, se perguntava como a vida poderia ser assim? Ela conheceu essa garota tão bem, e como em um passe de mágica, elas se desconhecem, isso a machucava, ela não era o tipo de pessoa que tinha amigos ou que alguem iria querer por perto, ela era a garota estranha do canto da sala, que se cortava para aliviar suas dores, o abandono do seu pai, e a separação da sua mãe com ele, pai que a criou mas que também havia ido embora, seu primo que era um doce de pessoa e a ensinou a andar de bicicleta, mas que morreu aos 17 anos, dormindo, Elena sentia falta de Martin até demais, ficava se perguntando porque as pessoas que ela amava tinham que ir embora, ou como essas pessoas podiam a tratar tão mal, Elena não tinha a resposta que queria.
Estava ainda à caminho da escola, até que vê um senhor sentado em um banco, vendendo alguma coisa, Elena não sabia o que era, mas sabia de uma coisa, que adorava dar "Bom Dia" àquele senhor que respondia sempre doce e com um sorriso no rosto, ela ficava feliz em ver a felicidade das pessoas que dava "Bom dia" no caminho, mas gostava mesmo era de dar "Bom Dia" para idosos, gostava de vê-los felizes. Elena chega na frente da escola e vê o porteiro, ela dá "Bom dia" pra ele, que a responde sorrindo, ela estudava bastante; tinha amigos, mas ela sempre acabava sozinha, e escrevendo, não podia exigir a atenção deles, não eram obrigados a amá-la, e a querer ficar ao seu lado, então quando tinha alguma crise de ansiedade ou tristeza mesmo, sempre gostava de ir até a biblioteca e ficar no último corredor, bem lá no final, se sentia protegida em meio ao conhecimento, sentia que ali podia desabar, podia exigir o que quisesse mas de si mesma, exigir que se acostume a ser só, então tocava pra ir para a sala, onde estavam seus amigos, ela gostava de uma garota, Elena começou a se apaixonar por sua amiga, que sentava em uma das cadeiras do seu lado, nunca tinha se apaixonado por nenhuma garota mas aquela garota em especial, despertou um sentimento diferente nela, ela sentia medo desse sentimento, não sabia se sua amiga gostava de mulheres, então resolveu guardar para si mesma, Elena só tinha namorado com garotos e se apaixonado por garotos, até o dia em que Mia chamou sua atenção, mesmo sem nem imaginar, tinha o sorriso encantador, era engraçada, Elena adorava observá-la mesmo que isso a incomodasse, Elena observava a maneira meio sem jeito que Mia a olhava, eram amigas, Elena estava realmente se apaixonando, mas ela achava que não era o suficiente para Mia, que Mia a rejeitaria, então preferiu guardar para si mesma, passou o resto da aula observando cada detalhe da sala, até que toca para ir embora, Elena estava tão cansada, e resolveu que não poderia continuar, ela foi abusada quando tinha 12 anos, e simplesmente com 17 resolveu que não queria continuar, queria ter paz, então espera que todos saiam da sala, assim que saem, ela observa cada detalhe, desde a décima janela da sala que está quebrada, a poeira que fica embaixo das bancas, decora cada detalhe, e procura algo que a faça ficar, pensa e repensa na mínima coisa que a faça ficar, mas você sabe, não encontrou, talvez fosse ou com toda certeza, fosse agir errado mas estava decidida a não continuar, então vai pra casa com suas amigas, incluindo Mia, que é a que vai embora primeiro, a abraça e pede em pensamento pra que por Deus ela sinta a sua falta, porque mesmo que Elena morra, vai sentir falta dela, nada acontece, continua a caminhada, se despede das suas amigas como se fosse a última vez, e era, amava suas amigas, porém acreditava que sequer perceberam, prometeu que não faria isso, no entanto, só ela sabia o quanto doía, e o quanto foi capaz de suportar, as amigas que a perdoasse, e sua amiga e amor proibido também, mas ela desistiu, chegou em casa, nada tinha mudado, esperou que alguma coisa a impedisse, nada a impediu, então esperou que todos dormissem, pegou os remédios antidepressivos de sua mãe e bebeu todos sem exitar, deitou na cama e se foi, finalmente ou não, ela pôde encontrar a paz que tanto necessitava, a paz de espírito, porque a alma morreu quando ainda estava viva, todos diziam a amar e diziam que era doce, amou a todos como se fosse a última vez, ela se apaixonou pela primeira vez por um homem, e ela morreu apaixonada por uma mulher...

ElenaOnde histórias criam vida. Descubra agora