Capitulo 1

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- Parte 1

Minha mãe pensava que eu era lésbica.

Ótimo!

Depois que ela mesmo estando a duas cidades de distancia de mim, conseguiu me arranjar um encontro às cegas eu desisti de suas insinuações e acabei aceitando ir ao encontro. Não que eu seja lésbica. Muito pelo contrario, eu sou apenas assexuada. Isso mesmo, assexuada. Eu não gosto de nada, nem de ninguém em um sentido romântico, e olha que eu tento.

E ao contrario do que tudo indica eu sou uma romântica, sim, não tem o menor sentido certo? Eu também não entendo. Acho que preciso da ajuda de um especialista. Minha melhor amiga Sarah que é estudante de psicologia me fala as vezes que eu me auto saboto por causa do antecedente da minha família. E nisso eu acho que posso concordar.

Meus pais são separados, meus tios e tias também são e meus avós eu não recordo muito bem pra saber como era o relacionamento deles. Sarah me falou que isso é um modo que eu assumo pra não correr riscos de me decepcionar, mas o que eu mais faço é tentar achar alguém pra ser minha cara metade!

Por mais que eu procure e olhe para todos eu nunca consigo sentir aquele frio na barriga, aquela sensação de borboletas no meu estomago, ou pelo menos algum arrepio. Esses são os sinais não é? Pelo menos são os sinais que eu encontro nos livros e filmes que eu vejo. Aquele olhar quando duas pessoas que são almas gêmeas trocam quando se olham pela primeira vez, é mágico, e eu quero isso pra mim.

Então por mais que eu goste de homens, eu não gosto de nenhum em especial pra passar o resto da minha vida comigo. Mas pra minha mãe o fato de eu não estar com nenhum cara, significa que eu gosto da outra fruta, e isso é completamente desnecessário da parte dela ficar empurrando rapazes em mim a cada oportunidade que ela tem.

O problema é que eu não quero desperdiçar nenhum momento da minha vida em relacionamentos rasos e sem importância quando eu posso ter AQUELA coisa com o amor da minha vida, e se eu encontrar ele e já estiver comprometida com outro, isso seria a minha morte.

E pensando nisso vem uma sequencia mensagem da minha mãe na mesma hora:

Mamãe: Já pensou no encontro com o Leo?

Mamãe: Pensou???

Mamãe: Filha linda do meu coração me diz que você pensou com carinho?

Mamãe: Ele é tão bom rapaz meu amor, ele é um príncipe...

Mamãe digitando...

Eu: MEU DEUS MÃE. Para por favor!

Mamãe: Meu coração a Dona Regina mãe dele e eu somos amigas de longa data, ela me disse que ele é tão bom filho, vai ser bom marido.

Mamãe: Não fale assim com a sua mãe!

Nem mesmo por mensagens ela descansa, ontem mesmo foram duas ligações e umas vinte mensagens, e hoje parece que ela está empenhada. Suspiro de indignação e me apoio na parede ao meu lado e respondo logo antes que ela comece a falar mais do adorável Leo, que deve ser só mais um filinho de papai igual todos os filhos dos amigos da minha mãe e do Valmir meu padrasto.

Eu: Eu vou nesse encontro, juro por Deus que se você falar mais alguma coisa eu cancelo!

Mamãe digitando...

Eu: Nem mais uma palavra sobre ele!

Mamãe digitando...

Deve vir um textão daqueles agora, alguém me mata, o encontro vai ser um inferno, mas só assim pra acabar com os ataques intermináveis dela, juro que a mulher é terrível, quando ela quer uma coisa ela sempre acaba conseguindo.

Mamãe: Graças a Deus minha filha! Você não vai se arrepender! Já estou preparando o enxoval, que felicidade!

Eu: Não conte com isso, se eu não for com a cara dele vou deixar bem claro!

Mamãe: Mas meu amor, vá com o coração aberto, você não esta ficando mais nova a cada dia não...

Começou o discurso. Ótimo. Largo o celular na minha mesa de trabalho e termino de varrer meu apartamento enquanto meu celular fica apitando loucamente a cada instante.

Eu já faço um trabalho maravilhoso tentando achar meu príncipe encantado sem ter que ficar aturando ela me atirando aos sapos a todos os instantes. Não aguento mais esses caras que ela fica me empurrando. Na ultima vez que fui a um encontro com um partidão dela, o homem que ela me arranjou tinha espinhas, meleca no nariz e tinha voz de pato! Eu sei que beleza não é tudo na vida, mas pra melhorar o conjunto ele era insuportável e só falava de futebol, coisa que eu não suporto.

E se ela pensa que ter 22 é ser velha eu nem vou falar nada pra ela, quem ela pensa que é pra me julgar, ela achou o amor da vida dela com 45! Estou bem tentando me virar por mim mesma. Estou de olho em um homem que mora no prédio do lado, ele é muito bonito e eu sempre o vejo quando vou comprar minha revista toda terça feira, não senti nada, mas a gente sempre pode se surpreender.

Os toques de mensagem do celular pararam e começou a tocar a minha musica favorita do mês. Mamãe tava ligando.

- Oi mãe – já atendi na defensiva esperando a bronca por ter a deixado falando sozinha.

- Por que você não me responde filha? O que eu fiz pra você? EU sou uma mãe tão boa e você me trata tão mal... Eu só quero o seu bem coração – ela começa com a voz de choro – Eu sinto tanto a sua falta, quando você arranjar um bom moço vai voltar a morar pertinho de mim...

- Mãe, por favor, para, não é nada disso! O celular travou e não consegui te responder, foi só isso... - Menti pra não deixar ela pior.

- Eu já falei pra você trocar de telefone, ele vai acabar te deixando na mão, para de ser orgulhosa e deixa o Valmir te comprar filinha... – Se não é encontro ela sempre da um jeito de me perturbar, mas apesar de tudo amo aquela mulher. Eu ri e já a corto, do contrario o assunto vai render.

- Eu já vou comprar, juntei o dinheiro todo, já disse que não preciso do dinheiro dele mãe, alem disso ele dá pro gasto, estou me virando como posso...

- Coração, voltando pro que interessa você vai ao encontro e vai dar tudo certo, eu prometo intuição de mãe! – ela começa a falar toda animada de novo

- Já falei que eu vou não me faça mudar de ideia, só me passa o endereço e o horário que eu estarei lá, não quero ninguém me pegando aqui em casa – vai que o tal do Leo é maluco? Não quero ninguém sabendo meu endereço não, mas não falo nada pra ela.

- Ok, te mando por mensagem, vou ter que desligar aqui, mas não pensa que eu esqueci essa historia não, te ligo mais tarde pra conversarmos. Beijos minha filha – mamãe se despede e eu suspiro de alivio.

- Pelo menos ela vai parar de me perturbar tanto – falo sozinha olhando pro meu gato Valtinho que esta deitado como um rei em cima do meu sofá – Sabe como é a vovó não é Valtinho meu lindinho? – faço carinho na barriguinha linda dele.

Já se pode ver que eu não sou muito madura quando se trata de gatos ou coisas fofinhas, Valtinho foi presente do Valmir, meu padrasto, e claro foi ele que escolheu o nome, me deu de presente de mudança, a primeira vez que eu iria ficar longe de casa e ele não queria que eu ficasse sozinha. Disse que Valter era um nome de um gato guerreiro e que iria me proteger. Bufei rindo sozinha com esse pensamento, era mais fácil um rato me proteger do que meu Valtinho lindinho. Cocei mais a barriguinha dele enquanto me sentava e fiquei conversando sozinha com meu gato.

- Meu amor, você vai proteger a mamãe do terrível Leo não vai? Se ele tiver mal hálito você arranha ele – ele ronronou no meu colo e eu ri mais.

Eu tinha me prometido nunca mais ir nesses encontros da minha mãe, mas fazer o que eu não consigo dizer não, e olha que eu tentei. Só imagino o sofrimento que eu vou ter...

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⏰ Última atualização: Jun 23, 2017 ⏰

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