O CURSO

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Era novembro de 2006. Roney estava em seu quarto, e sua mãe na rua conversando com Marina, uma antiga professora de matemática de Roney.

– É verdade, Marina? Que bom saber disso. Eu vou ver isso para o meu filho.– É verdade, Marina? Que bom saber disso. Eu vou ver isso para o meu filho.

– É verdade sim, Rosemeire. E quando meu filho terminou esse curso, ficou muito mais fácil dele arrumar um emprego, e um emprego bom por sinal.

De volta à sua casa, Rosemeire chegou dizendo:

– Filho, corre aqui embaixo. Eu tenho uma ótima notícia pra te dar.

Ele desceu.

– Você se lembra daquela sua professora de matemática, a Marina? – perguntou Rosemeire.

– Lembro, mãe. O que tem ela?

– Ela me contou que o filho dela fez um curso num lugar chamado APEN. O curso é excelente. O filho dela, agora, arruma empregos ótimos e com facilidade.

Roney mudou o seu humor.

– E o que eu tenho a ver com isso?

– Que você vai fazer esse curso – ela disse com um sorriso exuberante no rosto.

– Ah não, mãe! Eu não vou fazer curso nenhum! Você sabe muito bem que eu tenho uma enorme dificuldade de fazer amizade.

– Não vai começar, Roney. Eu só quero que você cresça na vida, meu filho. Só isso.

– Mas eu já sofri muito com esses cursos que você me arruma. Eu fico isolado num canto sem falar com ninguém, mãe. Por favor, não me ponha nesse curso. Eu não quero ficar isolado de novo.

– Me desculpa, meu filho, mas você vai fazer esse curso. Ele é diferente dos outros, você vai ver só. Lá dentro você vai ter um amigo para conversar, acredite em mim. E também o mais importante é o seu futuro.

– Droga! Que inferno de vida! Eu te odeio, mãe! Te odeio!

Rosemeire ficou chateada, mas para ela o importante era o futuro de seu filho. Não importava da maneira que fosse.

Passaram-se dois meses. Chegou Janeiro de 2007. Já se aproximava o dia de Roney começar o curso. Ele ficava mais deprimido e de baixo astral a cada dia.

Num domingo, já o que antecedia o início do curso, Roney e Rosemeire tomavam o café da manhã.

– Filho, já é amanhã que vai começar seu curso. Eu espero que dê tudo certo. Eu te desejo muita sorte. Você vai ver como você vai gostar de fazer esse curso. Sua professora Marina me falou que o filho dela também não queria fazer. Ele chorou demais porque não queria entrar nesse curso. Mas, na formatura, ele chorou demais porque não queria sair de lá. Ele fez muitos amigos lá dentro. Ele era muito tímido, talvez até mais do que você, e lá dentro ele aprendeu a ser extrovertido e a ter muitos amigos.

Roney não queria saber de nada. Ele não queria entrar no curso de jeito nenhum.

– Isso não me interessa! Tudo bem que é bom para o meu futuro, mas eu não quero entrar nele! Toda vez é a mesma coisa. O pessoal fica se divertindo, bagunçando e zoando e eu fico igual um idiota encostado numa parede olhando eles se divertirem. Eu não aguento mais essa situação!

– Então, filho, por que você não chega em alguém e conversa? Por que você não chega no pessoal e se entrosa com eles?

– Porque eu não consigo! – ele já estava chorando. – Eu tenho um bloqueio muito forte! Eu sou muito tímido!

O CursoWhere stories live. Discover now