Viajando. (4)

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  Rodrigo ficou revoltado com a decisão, mas não tinha muito o que fazer, em duas semanas as aulas iriam acabar, com certeza Nando e Diogo arrastariam ele para Prata a todo custo, ele não tinha dúvidas que a viagem não mudaria sua sexualidade, mas com certeza seria horrível encontrar um monte de gente igual seu avô e pai.

  O rapaz já estava imaginando uma cidade, cheia de velhos tarados, loucos por um rabo de saia, dando lição de moral, enquanto os mais jovens seguem fielmente eles, imaginou as mulheres trancadas em casa, cuidando dos filhos e encontrar um lugar parecido com a idade da pedra, aqueles pensamentos lhe davam cada vez mais desânimo.

  Contra o desejo de Rodrigo, as últimas semanas de aula passaram correndo, Nando e Diogo deram alguns sermões durante elas, mas não desistiram da viagem. Com muito desânimo Rodrigo começou a fazer as malas, meio indeciso do que levar, afinal não conhecia nem um pouco a cidade, então acabou enchendo duas malas.

- Para que tanta bagagem? -perguntou Nando, enquanto Rodrigo andava até o carro.

- Não sei o que vou precisar lá...

- Prata é cidade de macho, pode repetir a mesma roupa quantas vezes quiser, ninguém vai ligar, leve apenas uma mala.

- Só porque sou homem, não quer dizer que tenho que abrir mão da minha higiene, sem contar que estou levando as coisas do Álcool também.

- E desde quando cachorro tem bagagem?!

- Não crítica, somos uma família de três homens, sendo que dois deles são tarados, um é gay e para piorar a situação temos um cachorro alcoólatra, acha que essa viagem vai ser fácil?! -perguntou Rodrigo revoltado e jogando as malas no porta malas.

- Tudo bem, mas quando voltarmos, seremos três homens héteros e um cachorro alcoólatra.

  Rodrigo colocou Álcool dentro de uma casinha de viajem para cães, com a ajuda de Nando o enfiou no banco de trás e sentou ao lado, logo em seguida Diogo apareceu só com uma sacola, sentou no banco do passageiro, Nando também entrou e começou a dirigir.

- Ótimo, essa será a melhor viajem de nossas vidas!

  Nos primeiros minutos, Rodrigo ficou ouvindo música e olhando a paisagem, enquanto Nando e Diogo começaram a falar de coisas aleatórias, na metade do percurso, Álcool começou a latir, ficou inquieto dentro do carro.

- Eu sabia, deveríamos ter dado um algum remédio para ele dormir a viagem inteira! -reclamou Nando.

  Rodrigo tentava acalmar o cão, mas Álcool estava super agitado, seus latidos deixavam Nando louco. Na verdade ninguém no carro, suportava aqueles latidos, stressado, Diogo mandou Nando parar em um posto, ele saiu do carro rapidamente, não se passaram nem três minutos e Diogo voltou cheio de bebidas alcoólicas.

- A gente não pode beber, temos que dirigir muito ainda. -disse Nando.

- Não é para gente... -Diogo colocou a bebida em um pote e colocou dentro da casinha de Álcool. - Pronto, agora ele vai se acalmar.

- Vovô, pare de incentivar o Álcool ao vício!

- Ele não vai morrer se beber uma vez no mês, veja só como parou de latir, agora podemos viajar em paz!

  Eles voltaram para estrada, o cachorro realmente ficou mais calmo, mas outro problema surgiu, a viajem era para durar seis horas, mas já faziam oito que estava viajando.

- Não estamos perdidos. -afirmou Nando, olhando no GPS, enquanto Diogo entrava em uma rua de terra.

- Droga, vamos acabar sendo pegos por maníacos. -Rodrigo tirou Álcool da casinha e abraçou o animal.

- Ninguém vai tocar em nós!

  A estrada de terra estava deserta, só havia árvores e mato para todos os lados, além da imensa escuridão da noite, por sorte, a estrada de terra não durou muito, mas assim que eles saíram dela, notaram que havia algo errado com o pineu de trás, Nando saiu para olhar e começou a chingar o carro, ao ver um pineu furado.

- O pineu furou.

- Vá trocar. -mandou Diogo, no mesmo momento eles ouviram um carro parar ao lado deles, Rodrigo fechou os olhos, enquanto apertava Álcool, Nando apertou o ombro do pai, que estava paralisado.

- Boa noite, vi que seu pineu está furado, precisam de ajuda? -perguntou uma voz grossa de forma simpática, Rodrigo abriu os olhos e ficou fascinado, ao ver um belo homem de olhos azul escuro, cabelos castanho claro, com um sorriso lindo e usando uma blusa que apertava seus músculos.

Meu filho é gay!Onde histórias criam vida. Descubra agora