O último escolhido . Prólogo .

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  • Dedicado a Binho Cultura
                                    

A terceira maga abriu os olhos em meio a fumaça esvoaçante e brilhante da cidade . A água agitada dando-lhe forma , esguia e escura levantando-se devagar e mantendo os olhos abertos . Os cabelos escarlate  e o vestido das águas escuras e enegrecidas assim como o horizonte que guardava nuvens avermelhadas e sombrias . Levantando-se cada vez mais enquanto o vestido alongava-se como um céu sem estrelas , os olhos eram gélidos , vitoriosos e azuis como uma fogueira ardente .

As mãos sorrateiras pelas águas , borbulhantes e ganhando forma . Destilando e evaporando ao mesmo tempo . Equilibrando-se enquanto o vestido era tecido , tecido pelas águas borbulhantes até por fim ganhar forma .

Os joelhos caem abruptamente e dolorosamente enquanto as garras fincam no chão para conseguir sair dali . Cada vez mais , quase pronta . Pronta de verdade , aguardando ansiosamente todos esses anos escondida em meio as águas . Louca pela liberdade , louca para viver !

Quando conseguiu sair , as águas torceram-se e formaram rostos dolorosos e redondos com sua ida  enquanto a terceira maga equilibrava-se com as mãos entre os flancos vazios de pedra . 

As copas das árvores já estavam bêbadas de tanto saborear a noite e as Flores de Inverno já tinham crescido . Com pétalas amareladas e azuis .Um sorriso fino e elegante nasce enquanto o vestido das águas empoleirava-se da poeira e da terra .

Golems de pedra com olhos verdes crepitantes faziam uma reverência profunda e desajeitada . A terceira maga olhava pela última vez seu exército e fez um movimento com as mãos para que marchassem e os longos passos de pedra fazendo o chão afundar e cair . Vales vivos e colinas esverdeadas perdiam a cor lentamente até que das mãos da Feiticeira Rim fogueiras verdes dançavam lindamente entre os dedos .

Seus olhos estavam triunfantes e lindos esperando ansiosamente até arrancar dos mares salgados Hidras e Tubarões Brancos . Da terra eram nascido mais servos e dos céus Dragões , Gaviões negros . Mas a Feiticeira decidiu ir a pé , até sua vitória .

Os pés fizeram um baque surdo no chão e assim seu reino de terror iria começar .

Dos céus suas feras aladas foram na frente e as feras aquáticas eram levitadas por seu pensamento e eram incendiadas por sentimentos . Terror , ódio mas também amor .

Quando sua visão se estreitou e foi inundada pelas cidades e seres viventes .Sorriu .

-Seres viventes ! – silvou e cuspiu . – De hoje em diante sua rainha voltou , voltou das águas escuras !

As fogueiras verdes que tinha nas mãos ascenderam e silvavam como chicotes .

Trotes de cavalos marrons abatiam a terra até os cavaleiros se encontrarem diante da Feiticeira das Águas .

Magos Vermelhos e Amarelos encostavam e escondiam-se nas sombras com mais fogueiras só que brancas nas mãos .

Rim fitou um rosto conhecido . A barba bem feita  , os cabelos castanhos e porte forte . Encantador . Os lábios inchados e profundos e os olhos . Sim ! Se apaixonara primeiramente pelos olhos ,lindos e negros . Edgar estava ali na sua frente  , lindo e mais velho . Com músculos transparecendo através da cota vermelha .

-Meu amor ! – gritou Rim com uma pontada de amor na voz .

-Rim ...Pensei que tinha ...

-Meu amor , eu voltei , voltei para você ! – Rim ganhou vida enquanto seu vestido feito das águas borbulhava e desmanchava . Pensou que tinha me selado meu amor ! – continuou. – Mas eu te perdôo , na época eu tinha perdido a cabeça . Mas eu estou de volta para você ! – Rim tinha mexas do cabelo escuro caindo nas bochechas coradas  e grudando-se nas têmporas .

Tinha sido selada pelo seu amor , mas não liga . Só o queria de volta , só para si . Esticou os braços finos para tocar o rosto lindo de Edgar mas o homem limitou-se a esbofetear sua mão e soltou um ar desgostoso .

Os olhos de Edgar se estreitaram e fitaram devagar uma pequena criança , esguia porém com lindos cabelos castanhos . Nos braços da mãe que tinha os olhos achatados pelo desespero .

Sua boca ressecou e voltou a voltar para Rim .

-Rim ! – sua voz soou fria e distante . – Não deixarei que sua loucura tire mais vidas como aconteceu no passado .

Rim olhou rapidamente para a direção que seu amado tinha pousado os olhos .

Suas bochechas coradas esfriaram , o sorriso murchou e raios chiaram nos céus agora mais escuros que a própria noite . Uma criança ! Como uma criança ? Como uma criança poderia ter nascido . Não ! A mãe que ninava a esguia criança tinha os mesmo cabelos louros que sua irmã tinha . Os olhos vivos e cheios de Verão . Além do sorriso ! .

Rim praguejou e torturou a si mesma . A irmã tinha feito a cabeça do homem que amava , tinha o iludido e feito ele se deitar em uma amarga noite de prazer com ela .

Rim limitou-se a erguer a terra e exterminar com os olhos cheios de ódio os seres viventes da cidade .

O vestido tornou-se como um lago . Vazio , escuro e temeroso .

As mãos rodopiaram e chamas azuis ergueram-se firmemente nas palmas das mãos . Os pés sentiram o chão frio e os cabelos batiam nas costas ferozmente .

Os Magos Vermelhos e Amarelos saíram das sombras recitando magias de Verão de velhos livros de couro fedido  , cavaleiros desembainhavam suas espadas e arqueiros faziam as flechas voarem . Fumegantes e ardidas .

Rim colocou o ódio nas mãos , era um Feiticeira . Não precisaria de velhos livros para recitar o que queria .

Mas por fim o fez .

Das águas formas desconhecidas devoravam e afogavam os Vermelhos . Da terra , Golems socavam e enforcavam os inimigos Amarelos e dos céus sangue era arrancado pelas Bestas Aladas . Mas a Rim tinha mais um trunfo , já estava na hora de usá-lo . Libertaria os mortos .

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⏰ Última atualização: Jan 07, 2015 ⏰

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