O ar gélido do cemitério arrepiava os pelos do meu braço, o dia virou noite tão rápido que eu não percebi.
Ao longe mulheres juntavam seus terços que dançavam conforme o vento, lágrimas escorriam como chuva de verão, mas não é isso que presto atenção. À frente a lápide com tons cinza e preto possuia uma rosa vermelha sem espinhos sobre a pedra, uma cruz e um anjo no topo, as escritas estavam cobertas por neve mas a foto dela estava perfeitamente intacta, quando meus olhos encontram os dela o cemitério gira ao meu redor, a visão fica embaçada com as lágrimas se formando, o coração palpita, falta ar no meu pulmão e meu cérebro implora por oxigênio e então sei que é hora de voltar para casa.Mais abaixo no portão do cemitério olho ao redor o cheiro de morte não me incomoda mais.
- Boa noite - Uma senhora ja de idade com longos cabelos grisalhos me cumprimenta com um sorriso no rosto.
-Boa noite - Ela parece simpática, mas não paro, não posso parar.No caminho, paro no lago antes de voltar para casa, ele está quase totalmente congelado mas não perde sua beleza.
Me sinto tonto e fecho os olhos, quando abro ali está ela na outra margem quero puxa-la pra mim para que ela não escape mas é tarde de mais, eu vejo ali mesmo um carro em alta velocidade, um homem inconsciente ao volante, eu quero gritar mas nesse momento me torno mudo e o carro bate com toda força nela, sangue escorre até que o lago se torne vermelho, acordo com um susto, quando vejo estou parado a margem, no outro lado uma menina sentada me olha com o olhar perdido. Saio correndo sem olhar para trás.
Aquela menina não era Ária, mas me fez olhar duas vezes.