"Não está dando mais mãe, não tem como continuar a faculdade. Terei de parar de estudar".
"Não faça isso Gabriel, não desista agora meu filho"
"Mãe, os empregos estão difíceis até para que terminou imagina para mim que ainda estou cursando".
"Eu sei filho, mas seu pai foi para guerra e nunca voltou. "Você é o meu menino, o meu único amor. O trabalho de doméstica não é o suficiente para pagar a tua faculdade, as economias acabaram, mas eu vou dar um jeito. Confia filho!"
"Vou tentar mãe"
"Tim, tim"- meu telemóvel tocou. Era Mike me convidando para sair. Aceitei na hora.
Mike era meu amigo cheio da grana, que pagava todas rodadas. Mike pegava todas, eu queria ser foda como Mike. Mas as meninas mal olhavam para mim, que apesar de lindo, era pobre.No bar, Mike, Artur e eu, conversávamos então sobre sexo, quando Mike decidiu organizar um festão em sua casa porque seus pais estariam viajando.
Sr Otacílio tinha uma reunião de negócios em Benguela, e dona Verónica decidiu ir com ele pois desconfiava que seu marido andava a pular a cerca
Pai de Mike era empresário e a mãe era uma dessas peruas que não fazem nada da vida, só se ocupam com a aparência e gastar o dinheiro do marido.
Tudo a ser preparado para o maior festão, todas pessoas " super importantes" da escola lá estariam e eu não podia fazer feio. Não tinha dinheiro para comprar roupa nova, nem podia pedir a dona Constância, minha mãe , pois nem para pagar a escola tínhamos.
Comecei a pensar mil maneiras de conseguir a roupa para aquele festão.
Sai desmotivado de casa, todo o dia era a mesma coisa, ser pobre começava a cansar.
Os dias só mudavam no calendário, mesma coisa, mesmo bairro, mesma miséria e eu queria a todo custo sair daquela vida.
Ser pobre não era para mim!