CAPÍTULO 4

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STEFAN

Olhando para a figura passiva do Fernando deitado naquela cama, era o mesmo que ser apresentado à morte. Ele estava calmo e sua respiração regular. Alguns fios conectavam ao seu corpo me fazendo lembrar que eu poderia tê-lo perdido. Puxei uma cadeira ao lado da cama e sentei. Pegando a sua mão, senti um misto de emoções. Estava feliz por senti-lo e ver com os meus próprios olhos que iria ficar bem. Ele tinha que ficar. A sua mão gelada me fez lembrar-se do dia do velório dos meus pais. O Fernando estava lá segurando a minha mão, sussurrando em meu ouvido que não me deixaria cair. Bom, e o destino não era engraçado? Agora era a minha vez de apoiá-lo.

Ao redor da cabeça do Fernando estava enfaixado, deixando apenas alguns fios de seu cabelo vermelho a vista. Era ali que continha o corte que quase o levou de mim. Tinha alguns arranhões pelos seus braços que cobriam as suas tão formosas sardas e seu lábio inferior estava cortado. Eu só não entendi uma coisa; por quê o Fernando estava bebendo? E ainda mais enquanto dirigia? Por quê ele estava tão perturbado? Eu esperava que ele me respondesse todos essas perguntas quando acordasse. Gostaria de poder ficar ali olhando pra ele e tendo a certeza que ele realmente iria ficar bem. Mas o médico me disse que só poderia ficar 10 minutos.

Beijei a palma de sua mão quando a enfermeira avisou que eu tinha que ir. Levantei da cadeira e me encaminhei para porta. Olhei para ele por mais alguns estande antes de parte.

Fechando a porta atrás de mim, era como se eu estivesse acabado de perceber a situação. Estava me sentindo um pouco tonto e logo procurei me sentar em uma das cadeiras do corredor.

- O senhor está bem? - perguntou uma enfeira que passava ali.

- Só um pouco cansado, mas eu estou bem. - disse assentindo e lhe dando um sorriso fraco.

Ela olhou pra mim por alguns instantes como se estivesse comprovando se eu realmente estava bem e depois partiu. Peguei o meu celular discando o número da única pessoa que poderia me ajudar naquele momento.

- Cristian Reis. - atendeu uma voz ríspida.

- Oi, Cris. Sou eu, o Stefan.

- Oi, Stef! Tudo bom, rapaz? - disse mudando o tom de voz.

- Não muito bem. E foi por isso que eu te liguei. - disse com um suspiro. - Mas antes de qualquer coisa, você está bem? Você não me pareceu bem quando atendeu.

- Desculpe, Stef. É que eu acabei nem olhando para o celular quando atendi. - disse com um suspiro. - A minha vida está um inferno. - ouvi-o respirara fortemente. - O Caio me traiu. Na verdade, ele estava me traindo há muito tempo.

Eu fiquei surpreso. O Cristian e o Caio eram namorados desde a faculdade. Não estava dando para acreditar nisso. Eles moravam juntos e até estavam pensando em adotar uma criança. O Caio que eu conhecia não era esse tipo de pessoa. Ele era amável, gentil e tinha um caráter incrível. Eu não era tão amigo dele. Mas nós tínhamos um certo coleguismo. Nossa, como a gente conhece pouco as pessoas.

- Você ainda está na linha, Stef? - perguntou o Cristian

- Sim, estou aqui. É só que você me pegou de surpresa. - disse por fim.

- É, a mim também. - disse com uma voz triste. - Mas me diga o motivo da sua ligação. - disse rapidamente. Acho que ele estava tentando mudar de assunto. Tinha que lembrar futuramente de conversar com ele sobre isso.

Eu contei pra ele tudo o que havia acontecido nesse dia tão caótico. Expliquei a ele o caos que foi a situação na igreja e as minhas preocupações pelo Fernando.

- Eu sinto muito, Stefan. Eu quero dizer, sinto muito pelo Fernando. - disse. - E devo lhe dizer que estou aliviado por você não ter se casado. - completou

AMARGA MENTIRA (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora