Capítulo 4

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A manhã é monótona, me arrumo, desço e caminho até a escola.

No caminho me sinto observado, o vento corta o ar e as folhas balançam lançando pequenos flocos de neve, a estrada asfaltada a pouco tempo sob meus pés parece cada vez mais escorregadia, mesmo com essa sensação continuo o caminho, talvez sejam só crianças observando um cara de 17 anos andando na rua.
A cada passo me sinto engolido pela tristeza, sempre foi horrível andar até a escola principalmente em dias frios como este, mas antes do acidente eu saberia que ela estaria lá com seu abraço quentinho e seu sorriso confortante, agora tudo o que vejo no final da caminhada é o vazio, o vazio que eu criei e que ela deixou para que eu lidasse.
A cada passo o abismo mais fundo vai se abrindo, eu estou a segundos de cair, uma leve queda que me deixaria tranquilho e me daria a visão de seus onhos verdes novamente. Não, eu não posso deixar todos, minha mãe e Saulo eles são tão importantes que o fato de eu me ver longe faz com que meus olhos encham de lágrima e que elas caiam sobre o suéter preto.

Enxugo as lágrimas por estar perto da escola, me viro para trás mas a sensação já passou então sem mesmo pensar em olhar todas aquelas vidas sociais me viro e entro na escola.
No porta de meu armário uma garota com cabelos ruivos e olhos castanhos claros me espera.

- Oi Angel - Digo com um pouco de animação por ela ser a única amiga que eu pude contar depois do ocorrido.
- Olá Apolo
- Porque faltou ontem? - Digo num tom de preocupação visível.
- Remédios.
- Ah Angel, já conversamos sobre isso.
- Eu sei mas eu me sinto tão sozinha agora com Ária longe para sempre.

Abraço ela pois é a unica coisa que me vem a mente, tento imaginar Ária, mas o abraço dela é frio e forte e seu perfume nunca chegará aos de Ária, ela tinha um leve toque de lavanda, isso me deixa feliz a ponto de querer levantar pelos corredores da escola mesmo que todos olhem, mas o sangue dela escorreu antes que eu pudesse fazer isso.

- Apolo eu...
O sinal toca antes que ela termine de falar, vários alunos andam como uma matilha e me separam dela.
Lembro-me quando ela estava apaixonada por mim, nunca senti nenhum tipo de interesse nela por motivos óbvios, olhos verdes me prendiam muito mais.

Entro na sala quente de História.
-Bom dia Alunos - Diz Senhora Martha com sua voz calma e suave.
- Bom dia - alguns alunos respondem com falta de vontade
- Temos trabalho para hoje, será em duplas que eu escolherei.
A sala todo fica quieta, as duplas sempre são as piores.
Uma vez me colocaram com um menino que tinha pânico de insetos, era um trabalho de ciências.

- Ok, o trabalho não é sobre Segunda Guerra ou qualquer coisa que vocês acham tediante.
Ouço vivas na sala.
- O trabalho é sobre Histórias, como elas podem se juntar e formar uma só, pesquisem sobre vidas passadas ou pessoas que se sentiam ligadas à alguém sendo que nunca se viram.
A sala mexe desconfortávelmente, como assim vidas passadas? Sempre acreditei que ela fumava altas drogas.
- As duplas são.
Todo mundo fica alerta e só se ouve o respirar de todos.
-Justin e Anabeth
Elen e Johanna
Frank e Jésica
Apolo e Clarissa

O nome faz minha cabeça rodar, Clarissa, viro pra trás e lá está ela, não havia percebido talvez seja uma novata mas eu reconheci aqueles cabelos, aquele rosto, ela acena e apenas gesticulo um Oi, como ela poderia estar lá? A garota do lago? Porque?
Me viro e penso em como me transformava no caos toda vez que via aquela garota.

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⏰ Última atualização: Apr 14, 2019 ⏰

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