A Primeira Música : O Ritmo

Capítulo 2: O Primeiro Dia

Acordo com uma forte dor de cabeça, me sento na cama com os olhos fechados, como de costume, abro os olhos , e me deparo com um garoto magro, de pele clara, cabelo preto bem arrumado, usando um pijama de listra. Ele está me encarando assustado. Percebo que estou com a roupa manchada de sangue, não lembro do que aconteceu para estar nesse estado.
- Ola, meu nome é Pedro Montenegro. - decidir quebrar o gelo.- creio que vamos ser colegas de quarto.- falei sorrindo.Ele continuou parado sem falar nada, isso já estava me assustando, os olhos deles estavam vidrados em mim.
- Eu sou o colega, quer dizer... o Gustavo.- quebrou a tensão que estava começando a se formar, ele se enrolou enquanto falava, acho que ele é tímido. Vou pegar leve.- seu colega de quarto.
-é um prazer te conhecer- levantei para apertar a mão dele e o mesmo recuou, Resolvi não forçar a barra. Abaixei minha mão e sorri para ele, peguei meu celular e mandei mensagem para minha mãe:
"Acabei de acordar. Me conta o que aconteceu! Bjs ! Obs: eu estou bem!!"
Olhei para o Gustavo, e o mesmo ainda me encarava. O que será que ele tem?
-Desculpa perguntar, você está bem?- o olhar dele ficou assustado.será que fiz mal perguntar? E se ele me odiar?- desde que eu acordei você está me encarando, e ... admito que estou ficando com medo.- ele virou o rosto , mas pude o ver corar.
- é que ... eu...- ele estava começando a soar visivelmente.
- se acalme, eu não mordo.- falei para tentar deixar-lo mais calmo, não deu certo, ele começou a bater os dedos na cama. Sentei do lado dele, o mesmo ficou tenso, o que eu estou fazendo?- Não precisa me responder, não precisa falar comigo, ou até mesmo me mostrar o Colégio. Só se acalme, vou tentar ser o melhor colega de quarto que você já tevê. - ele virou para mim e me abraçou, fiquei assustado , mas logo retribui o abraço. A tensão dele já havia se dissipado, até a porta ser bruscamente aberta por um garoto alto,de pele clara, atlético, cabelos castanhos cacheados presos em um coque, vestido com uma calça de moletom azul surrada e uma regata preta. Gustavo ficou tenso e logo me soltou.
- parece que o viadinho arranjou um namorado- o garoto disse ainda na porta. Quem era ele para falar com o Gustavo assim? Decidi não me meter ... ainda. Ele entrou no quarto e foi em direção a Gustavo, o garoto tremeu um pouco, já entendi o que estava acontecendo, Gustavo sofria bullying. - você quer apanhar aqui ou la fora? - perguntou , segurando o Gustavo pela a gola do pijama, fazendo o mesmo se levantar da cama.
- eu...- ele começou a responder de cabeça baixa. Não acredito que ele realmente vai escolher apanhar.
- ele não vai apanhar em lugar nenhum- levantei ficando de frente ao valentão, o garoto tirou o olhar dele de Gustavo e olho para mim.
- cala a boca novato, sua hora vai chegar- ele me empurrou e começou a socar a barriga de Gustavo. Não sei o que deu em mim, nunca fui de bater em ninguém, mas... aquela cena , me deu uma raiva imensa, que quando dei conta por mim eu tinha dado um chute na  barriga do garoto e estava batendo nele. O Gustavo me puxou de cima do garoto que estava sangrando, ele levantou.
- você fez merda!-falou me dando um soco, nesse mesmo momento, uma garota entrou no quarto, já agredindo o menino.
Me afasto do garoto, quando a menina o puxa pela gola e retirar o mesmo do quarto,  volto minha atenção a Gustavo para ver se o mesmo esta bem.
- você está bem?- pergunto e o mesmo se encolhe na cama.- você apanha sempre?- ele concorda com a cabeça. - vamos dar um jeito nisso- sorri para ele. Fui para o banheiro e para pegar o kit de primeiro socorros, volto para o quarto e o Gustavo esta encolhido na cama, talvez esteja com dor.
- está doendo muito?- pergunto me aproximando do mesmo,  que só concorda movimentando a cabeça positivamente. - por que ele faz isso? - pergunto me ajoelhando perto da cama. Ele não me responde, não vou forçar-lo a falar. Abro o kit de primeiros e pego uma pomada para dor.- levanta a camisa- falei e o garoto se encolheu mais ainda.- tudo bem... vou deixar a pomada aqui, vou comer algo e volto.- falo percebendo o desconforto instala no quarto.
Saio do quarto e dou de cara com a garota que tirou o louco do quarto.
- você Não vê por...- ela olha nos meus olhos e para de falar.- Quem é você? - pergunta me empurrando na parede  levantando-me pela gola da camisa.
- P-pedro M-Montenegro-  me engasgo com as palavras.- aluno novo.- ela me solta e me abraça.
- obrigado por defender o gusta do ignorante do meu irmão. - falou. Provavelmente estou com cara de perdido, não estou entendendo nada, ela do nada começa a rir. - sou a Tamiris, mas pode me chamar de tris.-  a mesma levanta a mão em minha direção e eu aperto. - aquele idiota que você conheceu mais cedo, é meu irmão,  joão.
- por que ele bateu no Gustavo?- pergunto ignorando tudo que ela falou.- isso é diário?  Pelo o que eu vi e ouvi é. Ninguém faz nada em relação a isso?- despejo mais perguntas do que pretendia.
- calma ai...- fala jogando as mãos para cima em sinal de rendição. - não posso falar... mesmo que o Colégio todo saiba. Ele deve falar . Nosso pai é responsável por descobrir novos talentos para uma grande gravadora do Rio de Janeiro,  o povo aqui tem medo de fazer algo, acho isso ridículo.
- como? Ele tem medo de falar comigo.- pergunto.- pessoas as vezes são ridículas.
- quem é essa bebezão? - ouço a voz de minha mãe.  Olho pra o início do corredor e la esta ela.
- SAI DE PERTO DE MEU FILHO, SUA PSICOPATA!- Ela vem em direção da gente , ficando em nosso meio.- não bastou bate uma guitarra na cabeça dele?
- mãe,  se acalma por favor.- falei colocando a mão no ombro da mesma. Contei tudo que tinha acontecido a ela.
- obrigado por te ajudado meu filho. - ela virou para tris e deu um abraço nela.
- você é muito louca!-tris falou entrando no quarto.
- já fez amizades, bebezão! - ela me abraçou. E ajeitou meu cabelo.- ela que bateu a guitarra na sua cabeça, mas, tudo bem.
- Ela que bateu em minha cabeça? ?- perguntei assustado lembrando de tudo que aconteceu. - não acredito!!
- esqueça isso, já passou. Vamos comer agora.- me puxou e fomos comer.