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06:00

O maldito despertador toca tal como todas as manhãs e eu levantei-me sonolenta ainda sem ter aberto por completo os olhos, tal como todas as manhãs. Fui em direção à casa de banho para fazer a minha higiene pessoal e, no fim, vesti umas calças de ganga, as minhas adoráveis vans pretas, um top preto e meti uma camisa à cintura. Apanhei o meu cabelo num coque desajeitado e pus um pouco de gloss nos meus lábios, odeio exagerar na maquilhagem e odeio ver aquelas raparigas que pensam que, com uma caixa inteira de maquilhagem, ficam muito mais bonitas. Anyway, desci as escadas e fui em direção à cozinha onde fiz uma sandes que ia comer pelo caminho. Os meus pais saem sempre primeiro que eu, normalmente só os vejo à noite e, às vezes, tenho de ficar sozinha em casa por eles passarem o dia e a noite a trabalhar. 

Saí de casa não me esquecendo de trancar a porta (o que já me aconteceu inúmeras vezes), pus os meus fones e fui a andar até à paragem de autocarros. Ia a ouvir a minha música preferida Amnesia dos Five Seconds Of Summer, de certeza que os conhecem, e, assim que cheguei à paragem o autocarro chegou. Timing. As viagens que costumo fazer não costumam demorar muito até porque a escola também não fica muito longe de casa (também pode ter sido uma das razões que me influenciou a mudar de escola). Quando o autocarro parou, saio e vou para o enorme edifício (a caminhada não dura mais que 10 minutos) e, tal como todos os outros dias ele está ao portão. Calum Hood e os seus amigos. Que maravilha. É verdade, eu ando nesta escola apenas há uma semana, mas este rapazinho já me faz a vida num inferno e, o mais incrível, é que ele pertence à minha banda favorita. 

Mais ironia é impossível, o meu ídolo é o meu bully.

Tento passar despercebida, apressando o meu passo e aumentando o volume da música que estava a ouvir. Passo por eles e entro na escola em direção aos cacifos para ir buscar os livros das respetivas disciplinas que iria ter agora na primeira aula. Quando estou a arrumar o último livro na minha mala, a porta do meu cacifo é fechada com tanta força, que me levou a pensar que se tinha partido. Para meu grande alívio não se tinha partido, mas para meu desgosto ele estava mesmo ali, à minha frente. Usava umas calças de ganga pretas, rasgadas nos joelhos, umas vans pretas e uma t-shirt dos Nirvana, na cabeça usava um gorro. Como se estivesse muito frio, pensei.

-O que é que tens para mim hoje, Maryan? - ele olhou-me nos olhos e acreditem, se o olhar matasse eu já estaria morta e enterrada.

-Se me tivesses partido o cacifo, eras tu quem pagava! - ripostei desviando o olhar da cara dele e começando a andar, numa tentativa falhada de fugir dele.

Rapidamente me sinto a ser puxada para trás e encostada aos cacifos com um pouco de violência.

-Ao falar comigo tu olhas para mim e não sais de ao pé de mim sem eu mandar.

-Estás-me a aleijar. - Definitivamente estava. O meu braço estava contra um cacifo e ele estava a agarrar-me com demasiada força, tenho a certeza que aquela marca se irá notar mais tarde.

-Não me interessa. Tu não és ninguém e ninguém se preocupa contigo, ouviste? Pára de te armar em espertinha, porque nesta escola quem manda aqui, sou eu.

Eu bem que me tentava libertar, mas sem sucesso. Apesar de ser só uma semana, quando se é vítima de bullying, uma semana, parece um ano. Desisti de me tentar soltar, visto que, ele era mais forte que eu e, absolutamente, mais alto. Já sentia as lágrimas a quererem sair, mas desta vez eu não ia deixar, estou farta de ser tratada como um simples objeto. Todos dos dias ele vem ter comigo e fala-me mal, manda bocas, espalha boatos horríveis sobre mim, isto tudo sem me conhecer. Mas quem é que ele pensa que é? Lá porque é famoso acha que pode menosprezar alguém assim, desta maneira? Estou farta!

-LARGA-ME! - gritei e empurrei-o, por incrível que pareça empurrei com tanta força que ele quase ia cando para trás. Ele não estava à espera desta - SABES QUE MAIS? EU ESTOU FARTA DE TI E DOS TEUS JOGOS COMIGO! ESTOU FARTA QUE ME TRATES MAL SE EU NÃO TE FIZ NADA! TU NUNCA MAIS ME VAIS TRATAR MAL, NEM A MIM, NEM A NINGUÉM! ESTÁS SEMPRE DESEJOSO DE ATENÇÃO, TU ÉS UMA PESSOA HORRÍVEL E SABES QUE MAIS?! EU ARREPENDO-ME DE SER TUA FÃ E DE PENSAR QUE ÉS O MEU ÍDOLO! EU ODEIO-TE POR TUDO O QUE ME FIZESTE PASSAR, PELA MANEIRA COMO ME FIZESTE SENTIR E PELA MANEIRA COMO ME HUMILHASTE CALUM HOOD!

Dito isto, fui-me embora sem olhar para o rapaz que me fez tanto mal em tão pouco tempo. Posso ter sido demasiado bruta, mas estavam à espera de quê? Se eu não tivesse feito nada ia acabar por sair dali ainda mais magoada do que já estou. Tentei respirar fundo para me acalmar e entrei na sala de aula sentando-me no lugar da frente onde já se encontrava alguém. 

-Vi o que fizeste no corredor. Acho que te vais arrepender de o ter feito. - diz o rapaz misterioso que, ao dizer isto, nem olhou para mim.

Decidi mudar de lugar e sentei-me na mesa ao lado (sim, fiquei com medo dele) e, dentro de segundos a professora entrou na sala, seguida de todos os outros alunos. Infelizmente, eu não consegui estar atenta à aula como costumo ficar, pois fiquei a pensar no que o rapaz me tinha dito e cheguei a uma conclusão:

Acabei de abrir uma guerra com a pior pessoa desta escola. 


The Bad BoyWhere stories live. Discover now