Tick Tick-Tock

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 O tempo caminhava lentamente para o meu futuro incerto.

Tic Tac.

O que estou fazendo aqui? Quero ir para casa, encontrar minha esposa e filho. Daqui a duas horas eu tenho que buscá-lo da creche... Ah, aquele enorme espelho me arrepia, odeio espelhos. Odeio me ver neles!

– Então – o policial adentra. A porta faz um barulho rangido e agoniante. Ele me olha intensamente – me relate o que aconteceu ontem a tarde – tinha uma voz suave. Engraçado.

– Relatar o que? – pergunto desorientado. Analisava inconscientemente a luz branca forte no teto.

Realmente não sei o que fiz, não sei o que aconteceu. Espero que seja tudo um enorme e incrível pesadelo que tem me atormentado o dia inteiro! Minhas pernas tremem como varas verdes, minhas mãos não param de se esfregarem instintivamente. Suo frio. Meu deus, o que eu fiz?

Tick Tick-Tock

– Não se faça, senhor... – Se aproxima com a pasta e sentasse na cadeira do outro lado da mesa. Examina um papel lentamente – Jorge de Almeida Santos – ele continua me olhando. Parece que matei alguém!

– Senhor... eu.. n-não fiz nada – minha respiração está apressada, se acalme, Jorge!

– Então quer dizer que isso – ele me mostra duas fotos – aconteceu do nada!?

Ai meu deus. Duas pessoas mortas, seus miolos para fora. Que vontade de vomitar, Aguente!... não... não fui eu... eu não poderi...

– Sim!

– Como? – ele me pergunta calmamente. Com um olhar questionador típico de policias.

– Eram ratos da sociedade, sugando-nos até não passar de nada. Ou carrapatos dos carrapatos, se preferir – o que estou dizendo? Cale-se, cara!

O policial se levanta da mesa me encarando, seus olhos demonstravam duas coisas: Curiosidade e apreensão. Ele se retira da sala e eu, novamente, me sinto sozinho, acabado, abalado... Realmente matei aqueles homens? Nunca matei nem um animal... como?

Tic Tac

Como? Como? Como? E como? Essas infelizes perguntas repetidas permeiam e espremem meu cérebro à exaustão. Quero apenas dormir, cair num profundo sono esotérico e sombrio. Elas ecoam fortemente... quero sair daqui... morrer, talvez? Quem sabe... que pesadelo.

Olho o relógio. Já faz mais de meia hora sozinho... já pensei em tantas coisas. Já me vi inúmeras vezes naquele infernal espelho de duas faces... Huh! Ando perdendo cabelo demais!

Já é quase cinco da tarde, a essa hora eu pegaria meu filhote... Ah, como deve estar Maurício? Meu pequeno...

Passo as minhas mãos algemadas na mesa. Madeira de lei. Nossa, deveria ser tão bom...

Tic Tac

Merda de relógio! Esta bosta não para nunca!

– Ah, Jorge, me explica uma coisa – o mesmo policial entra na sala. Ele me fuzila estranhamente com os olhos – como pode... um pai de família, sem antecedentes, sem brigas na escola, um típico nerd com histórico de depressão... – dando uma pausa dramática? – matar dois assaltantes a sangue frio? Ouvimos seus parentes, esposa e amigos. Tu é um cara calmo, introvertido e um microempresário monótono... isso – ele olha para o espelho no fundo da sala, atrás de si – é, incoerente com o que aconteceu! – ele esmurra a mesa com força, me assusto e volto a tremer inconscientemente – me responda! – vociferou.

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⏰ Last updated: Jul 08, 2017 ⏰

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Crônicas de Uma Legião Sem FimWhere stories live. Discover now