O cheiro de álcool estava fazendo o Gustavo torcer o nariz ao abrir a porta do apartamento. Hesitou em adentrar e parar no meio da sala onde continha poucos móveis— Uma televisão de plasma ultrafina desligada, um sofá estupidamente enorme no meio da sala, armários que continham algumas coleções estranhas para seu gosto— ,e várias garrafas vazias espalhadas no chão. Resmungou quando chutou sem querer uma lata de Red Bull causando barulho naquele lugar estranhamente silencioso. Deu um suspiro profundo.
— Lucas?
Chamou o amigo imaginando que ele esteja numa ressaca daquelas. Colocou a mochila encima da poltrona e foi na cozinha abrir a geladeira, já que estava acostumado a perambular na casa de Lucas.
Estava bebendo copo d'água quando sentiu um ar em sua nuca.
— Não lhe ouvi entrar.
Por impulso, virou para o lado enquanto tampava o local de onde espalhou arrepios pelo corpo. Fechou a cara irritado pela risada debochada dele. Odiava como seu corpo respondia com aproximação, tentava sempre ocultar na máscara gélida que acompanhava o dia todo.
— Fez alguma festinha? Vejo várias garrafas esparramado.
— Sim, foi como aquelas de sempre. Ao menos tive uma chupada boa. Melhor pensar nisso do que nessa merda de ressaca.
Tomou o copo de Gustavo murmurando um "obrigado" e saiu coçando o bumbum apertado pelo sunga boxer branca. Seu amigo tinha um físico avantajado aos 25 anos, os cabelos caramelos curto na lateral, comprido em cima do topo, e sempre era acompanhado por comentários maliciosos. Já o Gustavo tinha menos músculos, pele negra, cabelos Black Power e barba que seguia a linha do maxilar apontando para cima.
— Ei, Guto, devia vir nas minhas festas quando lhe chamo. – Disse ao retirar a mochila do Gustavo jogando ao lado da poltrona e, praticamente, se jogou no lugar. Pegou o tablet e ligou digitando o programa para verificar seu status corporal, um tipo de aplicativo que veja todos os dados emocionais e níveis de glicemia até quantidade de glóbulos vermelhos.
— Não participo de suruba.
Gustavo não tem nenhum interesse em saber como ele fazia com 12 pessoas ao mesmo tempo. Preferia não poluir sua mente ao imaginar o amigo dando conta de tudo.
— Qual foi a ultima vez que transou?
— A policia está na sua escolta. – Desconversou.
O homem crispou a boca tirando os olhos do painel azul, perdendo a vontade ao ter uma noticia nada boa ao seus ouvidos.
— Não se preocupe, darei conta.
Gustavo retirou da mochila o tablet linha transparente e clicou para aparecer a foto de uma mulher bela, olhos felinos e lábios fartos. Entregou para o outro e o mesmo deu um assobio.
— Não é de jogar fora.
— Escute-me ao menos uma vez. — O amigo apenas ergueu uma sobrancelha dando a entender para que prosseguisse. — Ela está atrás de você. Tive um certo trabalho para chegar aqui.
— Devia pegar ela. Talvez ao menos dá conta de... — Provocou-o.
— Se não calar a boca, juro que disparo o Pliron. — É uma arma que recebera de presente no seu aniversário. Ele imobiliza qualquer ser humano podendo também controla-lo a seu favor.
Pelo visto havia conseguido já que o rapaz mordeu a boca e ficou calado.
De fato é complicado conversar com Lucas, ele não lhe dava chances para ouvir o que o amigo tem a dizer até do seu trabalho nada digno. Apesar de tudo, tem uma amizade forte uns dos outros e sempre que um precisa, ou outro não hesita em ajudar.
Exceto para o sexo.
Tivera uma pequena experiência e, alias, não fora nada boa. Ele sabia que nutria algum sentimento por ele, e daquele dia, acabou comprovando que deve esconder muito bem.
Era algo pessoal e difícil de dizer do porque da decisão.
(...)
Os gemidos fracos dos robôs sendo produzidos pelas máquinas era assustador a quem não era acostumado. Quem diria que o Brasil fosse prosseguir daquele jeito, surpreendendo aqueles que sempre acharam que não fosse evoluir como os outros países. Gustavo comandava parte daquele grupo que produzia matérias especiais para construções, carros, ou até aviões. A política do local era comandando entre pessoas, dando benefícios igualitários deixando para trás os anos que foram a republica corrupta.
Riscou na placa azulada usando a caneta para marcas novos dados apurados e entregou a uma funcionária, logo indo retirar o jaleco branco e parar no carro dando um longo suspiro. Pegou o aparelho de telefone colocando no ouvido esquerdo e ligou o carro esperando restaurar a energia — Os automóveis foram produzidos tendo sua própria bateria, poupando o oxigênio sem necessitar soltar os produtos tóxicos no ar. Alias, as ruas eram perfeitamente feitas, havia pontes onde carros circulavam em velocidades consideráveis.
Finalmente a pessoa por quem liga atende, surgindo o rosto na sua frente produzindo, assim, uma chamada audiovisual.
— Senhor Will, aqui é o Gustavo falando.
Continua...
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Ponto 22
Science FictionEm um Brasil onde a tecnologia expandiu de um jeito chocante, mudanças significativas ocorreram em prol do bem estar da população. No ano de 2020, com um novo projeto na mente do governo, começa-se a criar robôs que serviriam como uma companhia para...