Eu sou aquele tipo de rapariga tímida, honesta, não tenho um grande círculo de amigos, mas tenho constantemente propostas para sexo. Não que eu seja atraente, porque definitivamente não o sou, mas eu acho que uma rapariga tão tímida e "virgem" como eu deixa muito a desejar. Os meus pais sempre me disseram que eu era uma rapariga bonita, com um corpo elegante, mas eu nunca achei isso e desde que sofro de bullying pelo Calum, eu acho que ele também não está de acordo. Acho? Não, tenho a certeza.
Ontem à noite acabei por adormecer no sofá a pensar no que o Calum me tinha dito e, claro está, que acordei cheia de dores. Tive que me despachar e nem tive tempo de tomar o pequeno-almoço por já estar meia hora atrasada, já tinha perdido o autocarro e tinha mesmo que ir a correr para a escola. Maravilha.
Quando cheguei já tinha tocado para entrar e não se encontrava ninguém nos corredores. Quando cheguei à porta da minha sala, não encontrei ninguém e comecei a pensar que talvez estivessem a ter aula noutro lugar, mas essa ideia rapidamente desapareceu quando uma colega da minha turma (que também tinha chegado atrasada, mas já tinha mandado mensagem a alguém) me avisou que não íamos ter a primeira aula. Só podem estar a brincar comigo. Agradeci e comecei a andar para o pequeno jardim. Este dia não começou da melhor forma. Estava tão distraída com os meus pensamentos que nem reparo num grupo de rapazes a aproximarem-se de mim e a chamarem-me. Só dou conta quando um deles fala comigo.
-O Calum está à tua espera. - Disse aquele que parecia o mais velho do grupo.
-Mas eu não quero ir ter com ele, obrigada. - Respondi, desviando o olhar do dele.
-Não te perguntei se querias ou não. Tu vais e acabou a conversa.
Pegou no meu braço de tal forma que me levanto logo (acho que o deslocou) e, praticamente, arrasta-me para ao pé do rapaz que eu mais odeio neste mundo. A sério, o que é que ele quer?
-O que é que tu queres?
-Preciso da tua ajuda.
-AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH, isso é uma piada, só pode ser. - Digo eu surpreendida com o seu pedido, que até me parecia bastante honesto.
-Eu não estou a brincar Maryan. Eu e os rapazes precisamos de um lugar para ensaiar, uma rapariga encontrou-nos na garagem e não fazes ideia do espetáculo que foi! - Ele começa a aproximar-se (até de mais) e reparo que ele está mesmo a falar a sério.
-O que é que queres que eu faça? Eu avisei-te que aquele não era o lugar mais seguro para treinarem. E não, eu não conheço nenhum lugar para vocês, pede-lhes desculpa por mim. - Assim que acabo, vou-me embora, mas paro de caminhar assim que ouço a palavra mais inesperada sair da boca dele.
-Desculpa.
Quando eu olho para trás ele está encostado a uma árvore e com a cabeça baixa, não olhou para mim, ainda bem, ou ia ver que eu estava com a boca quase no chão.
-Desculpa?
-Eu pedi-te desculpa. - E vai-se embora.
Ok, eu não sei o que é que se passa com ele, mas de certeza que deve estar sob o efeito de alguma droga ou algo parecido. O Calum Hood a pedir-me desculpas? O meu bully a pedir-me desculpas? Sim, claro. Algo está mal aqui.
A manhã passou depressa e não via a hora de finalmente ir para casa (perdi novamente o autocarro, eles hoje não querem mesmo nada comigo). Ia com os dois fones nos ouvidos e com a música alta, logo não me apercebi de alguém a vir atrás de mim e assusto-me quando sou empurrada para um beco. Quando dou por mim tenho a minha camisola rasgada e as calças quase no chão e um rapaz que não deveria ter mais de 20 anos a prender-me de forma a não resistir. Este é o meu pior pesadelo e não tenho ninguém que me possa ajudar, este beco é escuro, no meio de duas casas e raramente alguém passa aqui. Estou lixada.
-AJUDEM POR FAVOR! POR FAVOR! AJUDEM!!
-Não vale a pena gritares, princesa. Ninguém te vai ouvir. - Ele olha para mim com aquela cara de porco e eu já estou a chorar imenso, tenho mesmo muito medo e só quero sair daqui, mas tenho as mãos presas por ele. Não acredito que isto vai mesmo acontecer. No fundo eu sabia que ele tinha razão, ninguém me vai ajudar. Arrependo-me seriamente de não me ter despachado e de ter perdido o autocarro, arrependo-me mais de vir a ouvir música alta e completamente distraída!
-É bom que a largues!
Esta voz. Que alívio e medo ao mesmo tempo, ele vai me ajudar. Certo?
-CALUM, POR FAVOR AJUDA-ME! - Nunca pensei estar a pedir ajuda a alguém que já me fez tanto mal, mas neste momento eu preciso desesperadamente de alguém que me tire daqui. Não tive tempo de gritar mais, pois levo uma estalada na cara o que me faz chorar ainda mais.
Sinto o rapaz que estava à minha frente a ser empurrado e eu consigo respirar outra vez. Puxo as minhas calças para cima num ápice, mas não posso fazer nada com a minha camisola, está rasgada. Olho para a minha frente onde vejo o Calum a encher o outro rapaz de porrada que nem se consegue defender perante a fúria do seu agressor. Nunca tinha visto o Calum assim, estava cego de raiva. Depois de tantos murros e pontapés, com um último murro eu ouço-o a gritar:
-É BOM QUE NUNCA MAIS TE APROXIMES DELA OU ENTÃO ÉS UM RAPAZ MORTO, OUVISTE CARALHO?!
O rapaz não lhe respondeu de tal forma estava apenas contorcendo-se de dores no chão. Eu estava completamente traumatizada e assim que sinto o rapaz que me salvou a aproximar-se, afasto-me de seguida. É automático devido ao que estava prestes a acontecer, se não fosse ele...
-Estás bem?! Ele chegou a tocar-te ou a fazer alguma coisa de mal?!
Eu não conseguia falar e apenas neguei com a cabeça. Não quero sequer pensar no que teria acontecido se o Calum não tivesse chegado. Como é que ele me encontrou? O que é que ele estava a fazer nesta zona? Estaria a seguir-me? Tantas perguntas, mas, no entanto, agora não é o momento certo para procurar respostas. Vejo que ele se tenta aproximar de novo de mim e eu, novamente, afasto-me.
-Eu não te vou fazer mal. Acredita em mim, nunca mais te farei mal. - Ele estende-me o seu casaco para eu vestir e eu aceito-o ainda hesitante. Se eu acreditei no que ele disse? Claro que não. Mas eu rapidamente apercebi-me duma coisa que não conseguia compreender e não fazia sentido na minha cabeça.
O meu bully salvou-me.
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The Bad Boy
FanfictionEle. Eu. Ele, o rapaz mais desejado da escola . Eu, apenas uma rapariga normal com vários problemas na vida. Ele, o cantor de uma banda com inúmeras fãs atrás dele. Eu, apenas mais uma das suas fãs, apesar de ser mais discreta. Ele, o bully mais tem...