Os demônios

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Capítulo 2: Os demônios

Os espíritos e as crianças haviam parado de bater na porta. "Eles voltaram aos quadros", pensava. Além de tudo, sua maior preocupação era onde estaria seu amigo, Harkness. Tentava não pensar nisso, mas a estranha sensação de que havia perdido seu melhor amigo e que estava sozinha no meio de espíritos a incomodava, mas conseguiu dormir.

                                                                                         ***

Naquele mesmo sono, Emma teve um sonho. Estava em um lugar vermelho rodeado de fumaça, via apenas um simples espelho redondo decorado com uma moldura com desenhos de um pentágono. Aproximou-se mais e viu seu reflexo, estava desgastada e suja; até que assustou-se com a mulher que tinha os cabelos negros cobrindo o seu rosto. A imagem parecia imóvel, mas assim que conseguiu a maneira mais fácil de assustar Emma, escreveu com sangue uma frase: "Saia... agora. MORRER. PERIGO. QUARTO. ESCURO". Estava tudo escrito em sangue, mas em vez de ser apenas uma imagem, o sangue realmente se escorregava no espelho. 

A mulher ainda a olhava, sem nem ao menos piscar, mas não fazia nada. Passado alguns segundos, duas portas se materializavam nos cantos da sala. Em uma, os espíritos encaravam-a; e em outra, sua irmã Collins aparecia triste. 

- Emma! Emma! - Collins choramingava para sua irmã, enquanto acenava para que Emma viesse até ela - Eles tentaram me pegar, Emma. Me ajude... 

- Collins! Ai meu Deus, você está viva - Emma parecia feliz com o ocorrido, mas quando tocou na garota; seu rosto se modificou e lembrou a mesma aparência das crianças possuídas por espíritos. "Collins", apertou o braço de Emma e, sussurrou: "NÃO DURMA NUNCA MAIS. DURMA, E VOCÊ MORRE. DURMA, E PEGAREMOS VOCÊ". 

De repente, a mulher coberta pelos seus negros cabelos e os espíritos da porta do outro lado da sala vinham em sua direção. Emma entrou em desespero, foi recuando até que chegou ao cantinho da sala, mas o espírito havia entrado em seu corpo.

                                                                                 ***

Emma acordou desesperada, tentando recuperar sua respiração. A porta agora fazia muito baralho, as crianças tentavam novamente pegá-la. Não havia como sair, a sala em que estava era completamente escura e sem saída. 

A voz da estranha mulher falava de novo em sua mente: "O que eu havia dito, querida Emma? Eu disse 'ESCURO', cuidado com o escuro! O escuro é traiçoeiro, pode conter mais coisas que você não imagina; é a hora em que o oculto se revela". Diante disso, a voz começava a cantar um estranho cântico, parecia antigo, mas que assustava Emma a cada verso. Emma conhecia um pouco de grego, e pode traduzir uma parte: "Ó lorde, vim-de a mim. Ó poderoso das trevas, renasça do abismo profundo e pertube essa pobre jovem". Imediatamente, as figuras estranhas que Emma e Harkness haviam notado nos quadros começaram a se materializar. Eram demônios, mas não qualquer tipo de demônio, eram diferentes e frios, sugavam a alma de quem os tocassem, causando uma dor profunda em cada canto de sua vida pelo resto da eternidade. 

Emma, em desespero, tentou escutar a porta para verificar se as crianças tivessem parado de perseguí-la. Elas pararam; talvez por medo do demônio, foi ele que sugou a alma de todas essas pobres crianças, inclusive de Collins. Emma sentia ódio e medo ao mesmo tempo, mas não tinha como lutar; um simples toque significaria o fim de todo o seu esforço, seria pior. Tentou abrir a porta sem sucesso, a chave em que usara para trancar quando entrou na sala já não funcionava mais. 

Emma estava prestes a ser sugada pelos famintos demônios.

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