Não fui capaz de dizer uma única palavra durante o percurso até casa. O Calum também não me fez perguntas, o que me relaxou, porque assim poderia ficar sozinha com os meus pensamentos. Estou mesmo grata por ele ter aparecido e me ter salvo, mas continuo a pensar... Como é que ele me encontrou ou será que me estava a seguir? Mais: se ele não tivesse aparecido, o que será que me tinha acontecido? Estava tão embrenhada nestas perguntas sem resposta que nem dei conta por já ter chegado a minha casa. Fui em direção à porta, mas virei-me para trás para devolver o que Calum me tinha emprestado para me tapar.
-Podes ficar com ele. Tenho dinheiro suficiente para comprar uns cinquenta iguais a esse. - Ele diz, parece que quer aliviar o clima tenso que paira sobre nós desde que saímos daquele beco.
Eu apenas sorrio e entro dentro de casa, ele segue-me e eu fico a olhar para ele. De certeza que me lê os pensamentos, porque logo a seguir ele diz:
-Nem penses que te vou deixar sozinha.
Nem vale a pena eu refilar. Deixo-o entrar e fecho a porta atrás de mim. Os meus pais estavam em viagens de negócios e só falava com eles à noite para lhes desejar boa noite e dizer que os adorava. Nem pensar que lhes ia contar sobre o episódio de hoje, isso iria assustá-los, iria fazer com que eles apanhassem o próximo avião para cá e jamais me deixariam sozinha. Iria perder a minha liberdade e iria preocupá-los sem razão aparente. Afinal, não aconteceu nada, o meu bully salvou-me. É, salvou.
-Queres alguma coisa para beber ou para comer?
-Não, eu estou bem assim.
-Calum?
-Diz.
-O que é que estavas a fazer ali? - Eu perguntei receosa da sua reação. Tinha medo que ele voltasse a explodir como da última vez.
-Eu segui-te. - Ele diz como se fosse completamente normal seguir alguém, como se estivesse a ir a um supermercado ou assim.
-Porquê?
-Porque sim.
Decidi não fazer mais perguntas, não vale a pena. Meti o casaco no sofá e disse-lhe que ia tomar um banho, precisava mesmo de me refrescar e de limpar toda a essência do outro rapaz do meu corpo. Ainda o conseguia sentir contra mim, encostada contra a parede sem escapatória possível, ele estava a prender-me de tal forma que era impossível eu conseguir libertar-me... Ligo a água e deixo-a correr e decido que vou tomar um banho de espuma. Eu estou mesmo a precisar. Preciso de descansar, de pensar, de esquecer...
Ainda não tinha entrado na banheira quando ouço a voz do Calum a perguntar se podia convidar os rapazes da banda a vir cá a casa e eu disse-lhe que não me importava. E não me importo mesmo, desde que não me fizessem perguntas e não destruíssem a casa. Entrei dentro da banheira e tentei descontrair, nem um minuto tinha passado quando o Calum entra sem bater. Tento-me esconder rapidamente (o que não era muito difícil devido à quantidade de espuma que estava na banheira).
-CALUM, ESTÁS DOIDO?!
-Desculpa, desculpa. -Ele volta-se de costas para mim. - Posso encomendar pizza? Estou cheio de fome.
-Tu não vieste até aqui só para perguntares isso! Tu podias muito bem encomendar o que quer que fosse! És tu que está com fome, não eu!
-Tenho que admitir que estava com um pouco de esperança de ainda te ver a entrar. - E sai da casa de banho fechando a porta, mas pela primeira vez em muito tempo, fechou-a com cuidado.
Parvo. Eu odeio-o tanto. Mesmo depois do que eu passei ele tem a lata de dizer aquilo. Pensava que ele se preocupava mesmo comigo.... Enganei-me. Eu sabia que o Calum heroico não iria demorar muito, mas o que eu também sabia que não iria demorar muito era o meu descanso. Ouço a porta da entrada a abrir e ouço imensas vozes diferentes. Sim, não estou enganada. Não de apenas quatro rapazes, mas sim IMENSAS! Apresso-me a sair da casa de banho, pondo um robe à minha volta e, de forma muito discreta, vou descendo as escadas de maneira a não repararem em mim. Lembram-se do Calum perguntar se podia convidar os rapazes da banda? Pois, não foram só eles. Foram eles e todos os amigos que eles têm!
Não acredito! Como é que ele me pode faze isto? Na minha própria casa! Eu só queria descansar, ver um filme e dormir, mas agora? Agora tenho de aguentar desconhecidos em MINHA casa, no MEU sofá, na MINHA cozinha, no MEU espaço! Eu odeio-o tanto, não devia ter confiado nele! Vou-me assegurar de que ele vai pagar por isto bem caro. Mas não o vou dar por vencido, ele vai-se surpreender assim que eu lhe aparecer à frente.
Vou rapidamente ao meu quarto, visto um vestido não muito curto preto, calço saltos altos brancos (mas não muito altos) e meto apenas um batom. Desço as escadas e sinto todos os pares de olhos pousados em mim, estou extremamente envergonhada e assustada. Hoje passei por uma experiência terrível e tenho a minha casa cheia de rapazes e algumas raparigas que, sinceramente, parecem mesmo putas – o que me leva a pensar, outra vez, na situação desagradável que passei hoje. Tento furar a multidão, que voltou a fazer o que quer que estivesse a fazer, e vou em direção ao Calum. Este, assim que me vê fica pasmado.
-O que é que estás aqui a fazer? - Não desviou os olhos do meu corpo uma única vez.
-O que é que eu estou aqui a fazer? O que é que eles estão aqui a fazer?! Que eu saiba esta ainda é a minha casa e eu tenho todo o direito de estar aqui! Disseste que eram apenas os rapazes da banda, não o bairro inteiro! - Sinto a raiva a subir-me à cabeça. É bom que te prepares para o que aí vem, Calum Hood.
-O que é que estás aqui a fazer assim vestida? - Ele reformula a frase que tinha dito anteriormente, ignorando-me completamente.
-Calum, tu tiras estas pessoas todas de minha casa ou eu própria o farei! – Ele não tem tempo de responder, porque surgem três rapazes ao pé de nós.
-Hey Calum, não nos queres apresentar a tua amiga?
Sei exatamente quem são, olham-nos com uma cara atrevida e eu sei perfeitamente no que estão a pensar.
-Não, eu não sou namorada dele. - Digo antes que eles possam dizer alguma coisa.
-Rapazes, esta é a Maryan. Maryan, estes são o Luke, o Ashton e o Mike. -Ele apresenta-nos, mas vê-se na cara dele que está bastante contrariado.
-Prazer em conhecer-vos rapazes e bem-vindos a minha casa. - Não podia fazer nada. Não me julguem. Mas esta gente ia toda para a rua, mais tarde ou mais cedo. Quando dei conta já eles tinham ido para outro lado qualquer, mas o loirinho ficou a olhar para mim e a sorrir de uma forma muito parva.
-Luke? - Chamei-o a ver se ele acordava.
-Hum? Ah desculpa! - Ele apercebe-se das figuras que estava a fazer e passa a mão pelo cabelo demonstrando que estava envergonhado. -Eu é que não pensei que fosses assim tão bonita. O Calum falava de uma rapariga que mexia com os seus sentimentos e que para a manter afastada ele fazia-lhe mal, eu pensava que era uma rapariga normal como todas as outras, mas agora percebo o que ele queria dizer quando TU mexias com os sentimentos dele.
Fiquei sem palavras. Eu mexia como Calum? Era por isso que ele me fazia bullying? Isso não é de todo uma razão justificável para o mal que ele me fez. Esperem lá. O Luke acha-me bonita? Desta eu não estava nada à espera.
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The Bad Boy
FanfictionEle. Eu. Ele, o rapaz mais desejado da escola . Eu, apenas uma rapariga normal com vários problemas na vida. Ele, o cantor de uma banda com inúmeras fãs atrás dele. Eu, apenas mais uma das suas fãs, apesar de ser mais discreta. Ele, o bully mais tem...