Capítulo 4: Usuário Condenado

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Yuuri se sentia oco. Havia um vazio nele agora que ele não tinha certeza que algo poderia preencher. Não havia mais lágrimas quando Viktor o fodia, havia restado apenas uma carcaça oca que permanecia lá estirada aguentando aquilo com um olhar inexpressivo. Era a isso que ele havia sido reduzido... oficialmente, essa era a única coisa para a qual ele servia. Nas primeiras semanas ainda havia lá no fundo alguma ponta de esperança. Talvez seus pais teriam informado as autoridades e alguém seria capaz de encontrá-lo? No final das contas, ele acabou percebendo que aquilo não passava de uma piada. Mesmo que eles tivessem ido até a polícia, a Yakuza os tinha sob seu controle. Eles seriam pagos para não fazer nada. A morte tinha se tornado uma idéia muito mais sedutora.

Mas Yuuri era um covarde.

Quando eles avançaram para o segundo mês, Yuuri finalmente parou de comer, mas Viktor percebeu. Suas palavras pareciam afáveis, encorajando-o a comer para que ele não ficasse muito magro, mas Yuuri já tinha aprendido a ler nas entrelinhas. Aquilo não era nada mais do que ameaças banhadas a mel e era suficiente para que ele, apavorado, comesse. Se Yuuri quisesse mesmo dar um fim a sua vida, teria que ser de um jeito rápido e sem que ninguém percebesse. Em uma tarde ele vasculhou o quarto de Viktor, mas por incrível que pareça não havia nenhuma espécie de arma ali. Teria Viktor desconfiado, ou realmente não havia nada ali? Ainda tinha os lençóis, é claro... e uma viga perfeita no teto onde ele poderia atá-los para construir uma forca.

Mas mais uma vez ele foi covarde e incapaz de se levar a realmente fazer aquilo.

Todavia, ele fantasiava com aquilo, ele próprio suspenso e pendurado na viga, seu corpo sem vida balançando suavemente para frente e para trás. Yuuri imaginou aquilo durante todo o tempo que Viktor levou sobre ele invadindo seu corpo repetidamente com movimentos para dentro e para fora dele, seus ofegos e gemidos preenchendo o quarto em meio à escuridão. As estocadas de Viktor eram profundas e surpreendentemente lentas, o homem dedicando a maior parte de sua atenção em beijos e lambidas. Isso ajudava Yuuri a ficar à deriva, com suas mãos apoiadas no bíceps de Viktor apenas o suficiente para lhe dar suporte. O sexo já não machucava mais – ou se machucava, Yuuri já nem percebia mais. Às vezes até parecia que Viktor fazia um esforço para que Yuuri também se satisfizesse com aquilo. Seu corpo obviamente reagia, não importava o quanto ele tentasse negar. Aquilo só dava ainda mais poder à sua auto depreciação e seus pensamentos obscuros.

Talvez se ele lutasse contra aquilo com força suficiente, se fizesse Viktor se irritar o bastante para que ele se excedesse, ele mesmo trataria de matar Yuuri. Por uma fração de segundo Yuuri considerou aquele pensamento, apertando os dedos contra a pele de Viktor. Mas ele era um covarde e seus dedos relaxaram. A próxima estocada roçou em sua próstata e ele jogou a cabeça para trás com um gemido lamurioso e estrangulado por ser tão fraco. Ele queria que Viktor fosse bruto – que ele se irritasse. Que ele o cobrisse de hematomas e o fizesse chorar. Quando ele fazia dessa maneira, com toques delicados puxando seus cabelos pra trás e segurando seu rosto com devoção, era simplesmente devastador.

Viktor capturou a boca dele com a sua e ofegou dentro dela quando ele gozou dentro de Yuuri com investidas curtas e gentis, seu membro pulsando com cada jato branco atingindo as paredes de veludo. Lágrimas silenciosas de pura frustração se acumularam nos cantos dos olhos de Yuuri. Aquilo era exageradamente dócil. Excessivamente gentil. Viktor interrompeu o beijo e deixou seu membro escorregar lentamente para fora de Yuuri antes de engatinhar e seu corpo pairar sobre o pênis ainda ereto dele. Jogando sua franja prateada para trás com uma de suas mãos, ele se inclinou e tomou Yuuri dentro de sua boca quente. Yuuri choramingou com o espasmo involuntário de seus quadris, cobrindo seu rosto com um braço em humilhação. Algumas lágrimas de ódio escaparam de seus olhos quando ele sentiu que estava cada vez mais e mais próximo de seu ápice, investindo seus quadris e implorando por mais dos lábios de Viktor. Por que Viktor não podia ser simplesmente cruel?! Quando a língua dele pressionou a sua fenda, ele já era.

Omerta - A Lei do Mais ForteOnde histórias criam vida. Descubra agora