Vejo o ponteiro dos minutos a mexer-se lentamente, como se, até ele, estivesse com preguiça de fazer o seu trabalho. Eu já não estava a prestar atenção nenhuma à aula de Sociologia da Professora Stephenie e, pelos vistos, não era a única, pois quando olhei para ver se havia alguém a prestar atenção, a maioria das cabeças estava deitada nas mesas. Tem sido uma semana complicada, os testes estão a bater à porta e vai começar a rotina - chegar a casa e estudar, concentrar-me nos testes, tirar boas notas para conseguir uma boa média. Eu não sou a melhor aluna da escola, nem por sombras, mas posso considerar-me a terceira ou a quarta melhor. Apenas em educação física é que tenho uma maior dificuldade, mas consigo esforçar-me e obter pelo menos um 15 no final de cada período. Não é muito alto, mas eu sei que não consigo mais, até porque também somos obrigados a dançar, a fazer pinos e rodas, coisas que eu nunca serei boa.
TRIIIIIIIM
Assusto-me com o barulho da maldita campainha, a professora dá-nos trabalho de casa - maravilha - e deixa-nos sair. Vou em direção ao meu cacifo quando passo pelo Calum que me olha com cara séria e desvia apressadamente o olhar. Eu ignoro por completo a sua atitude, desde que não me chateie, ele pode fazer o que quiser. A verdade é que ele nunca mais me tinha magoado, nem sequer aproximar-se de mim, quando estou com os rapazes ele ou sai ou fica quieto no seu canto não me dirigindo a palavra. Eu e o Luke estamos mais próximos e nota-se na cara do Calum que não gosta da nossa aproximação, mas também não se esforça para nos separar.
-Olá jeitosa!
Olho para o rapaz loiro que está à minha frente ainda meio baralhada por estar perdida nos meus pensamentos.
-Ah, olá.
-Está tudo bem? - Pergunta-me com um olhar preocupado.
-Sim. Estou só um pouco cansada.
-Sabes que me podes contar tudo.
-Sei, mas não se passa nada confia em mim.
Trocoos livros e fecho o cacifo indo para a minha sala com o Luke atrás de mim.
-Maryan, eu sei que se passa alguma coisa...
-Não se passa nada. - Insisto. É verdade, não se passa nada, é só cansaço.
Entro na sala e logo de seguida a campainha toca, o Luke fica a olhar para mim até a professora chegar e lhe fechar a porta na cara, já com todos os alunos dentro da sala, à exceção de alguns que vão chegar atrasados. Esta aula passou igualmente devagar e quando toca acabo por ser a primeira a sair da sala. Estava-me a sentir prisioneira e precisava de sentir a minha liberdade. Decidi ir a pé para casa, apesar de ter um pressentimento de que não era boa ideia e, ainda nem a meio do caminho vou, quando vejo um rapaz com os seus perfeitos vinte e tal anos a correr muito depressa e, logo de seguida, vejo mais dois homens a correr atrás dele, com um pequeno intervalo entre eles.
Acabo por correr também para ver o que iria acontecer. Sim, sou muito curiosa e não penso nas consequências dos meus atos antes de os fazer. Segui-os até um beco, o mesmo beco onde eu quase tinha sido... Bem, vocês sabem e vejo que os dois homens tinham cercado o jovem. Ele ainda tenta fugir, mas o mais velho aponta-lhe uma arma matando-o logo de seguida. Vejo o rapaz a cair no chão inanimado, eu não conseguia sair do sítio, estava paralisada, com as mãos a tapar a boca de tão horrorizada que estava. Tinha as lágrimas a escorregarem pela minha cara e, quando finalmente levanto os olhos, vejo os homens a olhar para mim. Rapidamente percebo que tenho de sair dali e começo a correr - acho que nunca tinha corrido tanto na minha vida, aliás eu estava a correr para preservá-la. Olho para trás e vejo os dois homens a virem no meu encalce, cada vez mais perto e tento correr ainda mais rápido, mas ao virar numa curva esbarro em alguém, fazendo com que caiamos os dois.
-Maryan? Que raio porra! Vê por onde andas!
Reparo que foi o Calum quem eu acabei de deitar abaixo e, assim que ele repara na minha cara de assustada percebe que alguma coisa se passa.
-O que é que se passa?!
Mas nem tenho tempo de responder, porque assim que olho para trás tenho os homens a uma unha negra de chegarem ao pé de nós. O Calum percebe logo o que está a acontecer ao ver a arma na mão de cada um deles e pega na minha mão, começando a correr. Ao princípio não percebi, mas depois consegui entender que ele me estava a ajudar, óbvio que não hesitei, ele corre mais rápido do que eu e vi a distância entre nós e os homens a aumentar. Entramos numa casa abandonada, ele faz-me sinal para ficar calada enquanto espreita pela brecha da porta a ver se há sinal dos homens. Estes passam pela casa a correr, não reparando em nós, seguindo em frente a pensar que nós tínhamos ido por ali. Quando vê que estamos a salvo, ele pergunta:
-Em que raio te meteste?!
Eu olho para ele, os meus olhos demonstram pânico, medo, eu estou totalmente horrorizada pelo que tinha acabado de ver. Ele tenta acalmar-me apertando-me os braços com força e abraçando-me, eu (não sei como) acabo por conseguir encontrar as palavras e, a tremer, digo:
-Eu vi-os a matá-lo Calum.
-Quem?
-Àquele rapaz! Eles mataram-no e eu vi! E agora querem-me matar a mim!
O Calum afasta-se de mim olha para os meus olhos e pela maneira como eu estava, ele vê que não estava a brincar.
-Ninguém te vai fazer mal! – Ele responde com uma cara séria.
Rapidamente, agarra de novo na minha não e vê se o caminho está livre, quando o faz começa a correr em direção à casa dele. Em menos de cinco minutos já estamos dentro de casa, eu sentada no sofá e ele a encher um copo com água para eu tomar um calmante. Estou demasiado nervosa, não consigo pensar direito e parece que vou desmaiar. Tomo o medicamento e tento descansar. Assim que me deito, a imagem do rapaz a correr aparece logo - moreno, cabelo cortado de uma maneira rebelde com uma pequena crista, tinha um corpo musculado e depressa percebi que eu o conhecia. Mas de onde?
O Calum sentou-se ao pé de mim e fala mais para ele do que para mim:
-Mataram um rapaz e tentaram matar-te a ti, mas não te preocupes. Eu vou-te proteger, custe o que custar!
Eu não respondi, pois ainda estava a pensar na cara conhecida do rapaz e a tentar decifrá-la. Ouço a porta da rua a abrir e sei que os outros chegaram a casa. Apesar de estar com os olhos fechados consigo sentir o olhar deles em mim e em Calum, Ouço a voz do Luke com preocupação:
-O que é que ela tem? O que é que aconteceu?
-Ela está bem? - Desta vez é o Ashton a falar.
-Ela só está traumatizada. - Responde Calum naturalmente.
-O que aconteceu porra?! - Sei que é o Luke a falar e, também sei que ele neste momento está a passar a mão pelo seu cabelo todo despenteado. Sinto-o a aproximar-se de mim, pondo a mão dele na minha cabeça fazendo-me festinhas, como se me quisesse acalmar.
-TENTARAM MATÁ-LA CARALHO! - Percebo que o Calum se levantou do sofá e sinto o corpo do rapaz que está ao meu lado a ficar tenso.
-O QUÊ?! QUEM?
-Eu sei lá meu!
-Eu vou descobrir quem é que eles são e vou dar cabo deles!
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The Bad Boy
FanfictionEle. Eu. Ele, o rapaz mais desejado da escola . Eu, apenas uma rapariga normal com vários problemas na vida. Ele, o cantor de uma banda com inúmeras fãs atrás dele. Eu, apenas mais uma das suas fãs, apesar de ser mais discreta. Ele, o bully mais tem...