Federico Devito/Luan Poffo. (Luderico)
O homem de cabelos castanhos e barba um pouco maior que o normal estava sentindo-se ansioso e até um pouco indeciso. Olhou novamente para a caixinha preta de camurça, localizada no criado-mudo, e logo depois para o relógio em seu pulso. Deitou, mais uma vez, naquela cama grande demais só pra ele e acabou encarando seu teto, que já parecia mais sem graça que o normal de tanto que o rapaz o havia observado nos últimos dias. Repassou novamente seus pensamentos, as possibilidades, imaginou de novo muitas coisas. Não podia negar, estava com medo. Medo? Não sabia se era medo. Estava com medo de ter medo.
O celular começou a tocar tirando o argentino de seus pensamentos e não lhe dando mais chance de nada, nem de ter medo.
- Oi! – Tentou transparecer toda a calma possível naquelas duas letras.
- Cheguei. Tô no táxi. – O outro tinha a voz cansada.
- Chegou bem?
- Dentro do possível, sim. Aí a gente conversa, tá? Vou desligar.
- Tá, tô te esperando. Não demora. – O mais velho tentou não parecer urgente, mas foi quase impossível.
- Não depende de mim, Federico.
- Eu sei, mas... Não demora mesmo assim.
Uma risada meio sem vontade e um tchau sem tempo de resposta.
Federico se levantou e tentou se acalmar ou se controlar. Não sabia ao certo o que estava sentindo e por isso não sabia como fazer aquilo passar. Mesmo sabendo, no fundo, que aquele desconforto e ansiedade só passariam com aquele garoto do interior nos seus braços. E “garoto” não era só jeito de falar. Luan tinha 16 anos. Dava pra acreditar? Um garoto de 16 anos tinha virado sua cabeça e sua vida toda do avesso. (n/a: na fic o Luan ainda tem 16 anos)
Eles estavam a quase um mês meio brigados e aquele relacionamento – aquilo era um relacionamento? – estava mais indefinido do que nunca. Aquela indefinição toda fora o motivo da(s) briga(s). Porém aquele um mês fora definitivo, pelo menos para o argentino. Recordou-se como fora difícil admitir pra si que estava apaixonado e que aquele garoto realmente havia entrado e bagunçado tudo na sua vida. Lidar com aquela paixão também não era muito fácil, além de todas as dificuldades normais ainda tinha ela... A mais amarga de todas: a distância. Tudo parecia conspirar pro não, mas eles queriam dizer sim.
A mente de Federico vagou por tão longe que ele acabou assustando-se com a campainha tocando. Precisou se segurar pra não correr até a porta da sala, o que fora muito difícil, pois a cada passo longo tinha vontade de ir mais rápido. Estava tão imerso a tudo que quando percebeu já estava girando a maçaneta e seus olhos castanhos logo encontraram o cor-de-mel do mais novo. Um abraço mais apertado que o normal, aquele cheiro familiar os invadindo e nada de palavras. Definitivamente aquilo era como estar em casa novamente. Era certo.
O menor puxou o outro pela mão até seu quarto. Ao chegarem, Luan jogou sua mochila em algum canto e tirou a blusa como se aquele pedaço de tecido o estivesse torturando.
- Rápido você, hein. – O argentino brincou tentando controlar seu sorriso malicioso que insistia em aparecer.
- Eu só tô com calor, OK?
- Calor... Sei. Você tá mais forte. – O mais velho disse se aproximando e deslizando as pontas dos seus dedos pelo peitoral do outro sabendo que aquilo o provocaria.
- E você engordou. – Luan disse já saindo de perto do outro sem dar chance nenhuma pra qualquer pensamento malicioso.
- Idiota.
