Untitled Part 17

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Melinda

Ando desanimada pelo meu quarto, já faz uma semana desde aquela noite no píer. Eu tenho ficado perto do meu corpo no hospital e no meu quarto. Não vi mais o Daniel. André e Laura foram me visitar no hospital e continuam fingindo muito bem que me amam. Estou cansada da hipocrisia deles. Cada vez pego mais nojo dos dois. O clima na minha casa não anda nada bom. Tenho medo de que meus pais se separarem antes que eu volte ao meu corpo. Desde que resolvi parar com minha busca pelo meu assassino que não tenho nada mais para fazer e é tão entediante. E solitário. Às vezes tenho vontade de procurar o Daniel, mas acabo desistindo. E hoje novamente meus pais estão brigando e então tomo uma decisão, descobrir se realmente meu pai está traindo minha mãe.

No outro dia cedo sigo o meu pai. Ele passa em uma cafeteria antes de ir para o trabalho, já faz dias que ele não toma mais café em casa. Por isso fico desconfiada, mas não vejo nenhuma atendente nova na cafeteria, apenas uma senhora velha e que parece bem simpática. Quando ele chega ao trabalho passa pela Luiza. Ele sorri para ela e diz bom dia e ela sorri de volta e o diz bom dia também. Eu sigo meu pai para dentro da sala sem tirar os olhos dela que continua sorrindo. Meu pai se acomoda em sua cadeira e abre o notebook. Luiza entra na sala em seguida, ela coloca um copo de cappuccino na mesa. Meu pai sorri e diz:

-Obrigado Luiza, mas eu já tomei meu café hoje.

-Ah, que bom! Então eu tenho um cappuccino para tomar.

Ela diz pegando-o da mesa e tomando um gole. Meu pai sorri e fala:

-É, acho que você tem!

-Vocês se acertaram então?

Ela o pergunta e ele desanimado abaixa a cabeça e diz:

-Nós não nos acertamos e nem sei se vamos.

Ela caminha até seu lado e passa a mão por suas costas como se estivesse o tranqüilizando e diz.

-Tudo bem, eu estou aqui e você sabe que pode sempre contar comigo.

Desde quando os dois estão tão íntimos? "Você pode sempre contar comigo" Conta outra. Só meu pai pra cair na lábia dessa vadia nerd. Pena que os dois não podem ver minha cara de raiva e nojo. Meu pai sorri pra ela e diz:

-Obrigado!

Qual é? Eles estão achando que estão em um maldito comercial de pasta de dente? Pra que tanto sorrisinho pra um lado e para o outro. Eu não gosto nada disso e enquanto isso minha mãe fica em casa sofrendo.

Eu passo o dia no escritório com meu pai e no final do dia ele vai direto para casa e nada acontece. Mas eu não vou desistir tão fácil e continuo seguindo meu pai até o trabalho por mais alguns dias. Noto que ele e Luiza estão bem íntimos, íntimos demais para meu gosto. Mas até agora não consegui pegar os dois no flagra ainda. Resolvo passar a noite no hospital perto do meu corpo, minha mãe está comigo esta noite. Um policial bate na porta e pede para falar um instante com ela. Ela olha para mim e então concorda e eles vão até uma área reservada para visitas no hospital. Ele pede que ela fale sobre o dia do meu acidente e pede se ela acha que alguém tinha motivações para fazer isso comigo.

-Claro que não! Minha filha era uma garota muito popular e todos a adoravam.

Se você soubesse mamãe...

-Certo... Senhora Barcellos nos temos claros indícios de que quem fez isso com a sua filha é uma pessoa próxima dela.

Minha mãe coloca a mão na boca e olha espantada para o policial que a olha com pena. Eu também estou espantada, não que eu não imaginasse que eu conhecia a pessoa, mas porque uma pequena parte minha ainda esperava que esse acidente não passasse de um engano. Que ninguém tivesse tanta raiva assim de mim a ponto de querer me matar. O policial vai embora e minha mãe volta para o quarto. Ela se aproxima de meu corpo e me olha, então começa a passar a mão pelos meus cabelos e cantarolar uma canção de ninar. Algumas lágrimas escorrem de seus olhos e eu a olho fixamente. Um soluço passa por minha garganta e só então percebo que também estou chorando.

Volto para minha casa e fico deitada na minha cama, penso no Daniel, o que será que ele estará fazendo agora? Quando de repente ouço alguém mexendo na janela do meu quarto. Meu Deus. Estamos sendo assaltados. Como vou avisar alguém? Então o sujeito pula dentro do quarto e então percebo que é só o Daniel.

-Você é louco? Quase me matou de susto!

Grito com ele. Ele me olha e então rola no chão gargalhando.

-O que é tão engraçado idiota?

Pergunto revirando os olhos.

-Eu quase matei um fantasma de susto!

Eu olho para ele com uma sobrancelha levantada e penso no que eu disse. Pior que ele tem razão. E dou risada também.

-Agora levanta daí e para de rir ou alguém vai aparecer aqui.

Ele se levanta do chão e olha em volta do meu quarto.

-Exatamente como eu imaginava.

Ele diz e eu indago:

-Como sabia que aqui era meu quarto? E como conseguiu entrar?

-Eu tenho meus segredos.

-Hum sei.

Falo cruzando os braços.

-E o que você está fazendo aqui?

Pergunto.

-Bom eu estou assaltando casas agora, sabe como é, não esta fácil pra ninguém. Ah e também estou aproveitando para assustar fantasmas.

Ele diz irônico e eu lhe dou um tapa no braço que não o faz nem cosquinha. Ele ri.

-A verdade é que eu estava te procurando. Esperei você aparecer lá no colégio, mas como você não apareceu, eu tentei entrar no hospital e quase fui preso por causa disso. Inclusive agora devo ser o suspeito número um da lista da policia. Então como última opção eu tinha sua casa.

-Uau! E por que tudo isso?

Pergunto curiosa.

-Porque eu acho que você não deve desistir.

-E por que não? Você não estava nada animado em me ajudar.

Ele parece ficar corado. Meninos podem ficar corados?

-Eu andei pensando e acho que eu preciso te ajudar. Deve ser uma coisa de carma, né? Só eu poder te ver.

-Carma?

Dou risada e ele fica sério.

-Eu também andei olhando aquelas fotos da sua festa. E achei algumas coisas bem interessantes.

Paro de rir e olho para ele.

-O quê?

Pergunto.

-Quer dizer que estamos de volta a investigação?

Ele pergunta animado.

-É acho que estamos.

Sorrio para ele.

Uma Patricinha em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora