Muglynd não era menos do que majestoso e lindo. Os olhos de Violet brilhavam por de trás dos cabelos sujos de areia, um sorriso alargava-se pelo seu rosto quase saltando para fora. Não era uma reação difícil de se esperar, qualquer um, mesmo alguém que já tenha conhecido todas as maravilhas do mundo, iria se espantar com a grandeza dessa cidade.
Ela era composta por várias quadras, todas sendo cortadas por uma larga estrada de paralelepípedos de todas as cores possíveis. Não parecia haver alguma ordem para a venda das mercadorias, pois onde havia armas poderia ter ao lado alimentos e poções; aparentemente os seus respectivos donos alugavam o local no dia e montavam as suas bugigangas.
Paramos para olhar todas as tendas possíveis, vimos um homem gordo com um bigode cumprido que fazia uma longa curva em suas bochechas rosadas vendendo varias poções.
- Para que serve essa? - Perguntou Violet apontando para um pequeno frasco contendo um líquido escuro cheio de pontinhos brilhantes.
- Não temos tempo para isso, Violet. - Eu a interrompi - Temos de achar o papai.
- Este aqui?Madame. - Disse o vendedor com um sotaque diferente. Violet simplesmente ignorou as minhas palavras e fez que sim com a cabeça. - Este pequeno frasco trará felicidade eterna na terra em que for plantada.
- Quanto custa?
- Para a senhorita eu lhe oferece por meras duas moedas douradas. - Ela tirou da pequena bolsa de couro na cintura a moeda que havia recebido. Prestes a dar o dinheiro eu a impedi agarrando seu pulso.
- Tem certeza que vai gastar metade do que ganhou com uma poção idiota?
- Tenho. - Então largou a moeda nas mãos do comerciante. Esperamos receber nosso devido troco acompanhado de um pequeno frasco idiota de poção e continuamos nossa procura.Ao longo do caminho Violet parou mais uma vez para maravilhar-se com uma barraca ao lado de um bar; nessa barraca, diferente das outras, não havia apenas itens específicos de uma classe como poções, vestimentas ou armas, nela havia de tudo um pouco, claro, nenhum dos itens ali tinha a mesma qualidade ou validade dos outros, todavia tudo parecia muito mais barato e viável. Enquanto ela observava alguns adagas enferrujadas duas pessoas surgiram de dentro da barraca discutindo entre si.
-Um pessoal veio comentando ontem na cidade, disseram que ele estava peranbulando pela mata com um homem de cabelos grisalhos. - Disse o homem alto e magro com a barba mal feita.
-Já disse para parar de se preocupar, não foi você mesmo quem o tacou para fora de casa. - Resmungou a mulher de cabelos desgrenhados presos num rabo de cavalo. Ela parecia dizer algo mais, todavia mudou de assunto quando viu Violet deslumbrando-se com seus itens. - Olá minha querida. - Disse ela aproximando-se num rápido pulo.
-Ela não me parece ter dinheiro. - Cochichou o homem com o canto da boca. - Não precisa mimar tanto.
-Cala a boca Carlos Müller! - retrucou a mulher sem desviar o olhar ou desconstruir o sorriso para Violet. - Está pensando em comprar algo? As mercadorias de Mephis são as melhores.
-Mephis? - Perguntei, a mulher desviou o olhar para mim, não usava mesmo sorriso, mas pelo menos a carranca não era tão grande quanto a do homem. - Mephis é a cidade dos dragões verdes, conhecidos por seus furtos. - Agarrei Violet pelo braço e me afastei da barraca. - Vamos Violet, não devemos nos misturar com essa gente.
-Tem certeza que não levara nada? - Disse a mulher tirando do bolso um frasco cheio de um liquido parecido com um céu escuro cheio de estrelas. - Veja essa poção por exemplo, não sei para que serve, mas é muito bonita. - Imediatamente Violet puxou o seu braço se soltando de mim, vasculhou a sua bolsa de couro tantas vezes que parecia caber o fim do mundo lá dentro, só após perceber que realmente nada havia ali, inclusive as moedas ela arregalou os olhos claros e espantados para a poção que a poucos instantes estava em sua posse agora nas mão daquela ladra.
-Essa poção é minha! - Violet avançou como uma leoa em direção a mulher, mas ela deu uma passo para trás e deixou o homem alto entrar em sua frente, antes com uma carranca de arrepiar os pelos da nuca agora com um sorriso gigantesco no rosto.
-Deixa pra lá, não viemos aqui por isso mesmo. - Eu disse à virando em minha direção, seus olhos tremiam e seus dentes rangiam, eu sabia que aquela expressão não era para mim, mas mesmo assim fiquei um pouco abismado. Eu tinha que fazer algo, se meu pai estava ausente era minha responsabilidade como irmão mais velho cuidar dela. Me virei novamente para a barraca e foquei meu olhar na mulher sinica escondida atrás do brutamontes. - Devolva a poção e as moedas dela agora. - Ameacei sacando a minha adaga. - Ou eu...
Por sorte, antes que eu fizesse algo que provavelmente iria me arrepender depois, um estrondo vinda a pouco mais de 12 metros chamou a atenção de todos, com exceção de mim e a mulher que não tirávamos o olhar um do outro. Eu estava preparado para avançar no pescoço dela exatamente como meu pai tinha me ensinado nos coelhos. E pensando agora eu consigo notar o quão errado isso teria dado. Se não fosse por Violet que puxou minha manga delicadamente enquanto observava a confusão que causou o barulho eu tenho certeza que não estaria vivo para relembrar essa historia.
-Maninho... - Disse ela. - Acho que temos de ir embora.
-Do que você está falando? Nos temos que pegar as suas coisas de volta.
- Mas meio que já encontramos o papai. - Foi apenas aí que desviei meu olhar para ver a confusão que ainda causava barulho.Meu olhos arregalaram-se com o que vi. Ao longe, em cima de alguns destroços de madeira e armaduras que algum dia já foram uma cabana de armas estava meu pai debruçado, na sua frente, empunhando uma enorme espada de pedra que parecia ser totalmente impossível de ser esguida estava um homem robusto vestindo uma armadura de mesmo material.
Violet avançou, mas por um instante quase não consegui agarra-la pela cintura.-Precisamos ajudá-lo. - Disse ela expressando desespero tanto em sua face como nas mãos tremulas. - Não consegue ver que ele está em desvantagem.
- Calma ai mana... - Pausei minha fala, pois não sabia o que dizer. Diria que não poderíamos ajudar? Que não seríamos úteis ou que iríamos entregar nossa etnia? Eram respostas covardes e egoístas, nenhuma delas faria Violet desistir de ir até lá e ainda por cima ela me odiaria para sempre caso dissesse tais palavras.Eu não precisei argumentar nada, afinal antes que eu tivesse conseguido ela se soltou dos meus braços e correu na direção do inimigo com uma pequena adaga em mãos.
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O Alvorecer dos dragões - Além Das Sombras
FantasyDrachen era um reino livre, onde cada um era líder de si mesmo e junto de seus dragões podiam viver, voar, lutar, desfrutar de suas vidas e aventuras, mas isso muda quando o guerreiro Lindwurm decide que esse mundo precisa da ordem de um rei. Todos...