Amor correspondido

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Ten e Naryä foram a  conversar para junto do rio, enquanto observavam o Sol nascer. Tal como há quase 9 anos atrás, quando se encontravam junto ao lago de EdenVale. Até aquele momento, Ten esperara para lhe perguntar como é que ela lá ía, sendo que as duas cidades estavam a várias milhas de distância. A verdade é que Naryä nem sempre vivera em IdërFall, mas deixara Tennzin acreditar nisso, só para se divertir com a confusão dele. Nos primeiros dias, os dois conversaram sobre o desastre em Therefould, sobre a culpa, ou não de Tennzin no ataque e se ele havia agido bem em cavalgar para IdërFall. Para os dois, a resposta da última pergunta era clara, cada um deles sentia uma atração inexplicável pelo outro. Aliás, quando perto um do outro, nenhum pensamento se sobrepunha mais do que o desejo de se aproximarem mais, nem mesmo o ataque a Therefould se sobrepunha a esta necessidade tão pura na mente de Tennzin. Ao longo dos dias, foram mudando de assunto, falando de coisas mais alegres. Ten, pela primeira vez em vários dias, fora capaz de sorrir. Assim passaram várias manhãs, tardes e noites, nas quais os dois se encontravam e, só naquele momento, se sentiam realmente vivos.

   Haviam passado agora dois meses. Tennzin passava a maior parte do dia a caçar. Naryä dedicava-se às suas atividades do dia a dia em IdërFall, como sempre. Ao fim cada dia, encontravam-se junto à cascata, para ver o pôr do sol, passando, às vezes, noites inteiras juntos, até verem o sol nascer. Certo dia, Naryä estava deitada com a cabeça sobre as pernas de Tennzin, enquanto este lhe acariciava a cara e passava a mão pelos seus cabelos soltos. Os dois viam uma maravilhosa alvorada, dourada, brilhante e bela, que refletia sobre as águas do rio, junto ao qual eles estavam sentados. Ten sentia algum nervosismo, tinha, de certa forma, mais medo do que estava prestes a fazer do que tivera de perder a sua vida de cada vez que se envolvia numa luta. Mas a necessidade de se expressar era maior.
- Desde o massacre à minha casa, encontrei muitas coisas valiosas que,na minha cabeça, acreditava que pudessem preencher o vazio. Por toda a minha vida procurava incessantemente por algo que me fizesse sentir aquilo que não senti por quase 9 anos, felicidade.  Entre cada falhanço ficava mais enraivecido, desesperado e, lentamente ia perdendo uma parte de mim. Eu encontrei muitas coisas depois de ter perdido o meu lar. Mas, apenas uma delas pôde realmente preencher o vazio, essa coisa foste tu, Naryä. - Declarou Tennzin, mais genuinamente do que  teria feito 9 anos antes,se tivesse tido oportunidade. Naryä não sabia o que dizer, desta vez, havia sido o meio-humano a deixá-la sem palavras. Apenas uma coisa podia representar a reciprocidade, alegria e desejo de Naryä. Lentamente, ela deu um longo beijo na boca de Tennzin. O que Ten sentia naquele momento superava até, provavelmente, qualquer felicidade que tivera antes da destruição da sua cidade. Finalmente, acontecera aquilo que realmente fez Tennzin sentir-se bem, o aroma da elfo proporcionava um enorme prazer ao beijo longo, húmido e caloroso. Ambos sorriram quando pararam, voltando a repetir, poucos segundos depois.

   Os dois caminhavam agora até à habitação de Naryä. Aquela casa de pedra  élfica branca e reluzente, abundantemente decorada com vinhas, arbustos e outras plantas. Era bem maior do que uma casa élfica comum. Tinha pelo menos 3 compartimentos, um deles, não tinha teto, possuía apenas uma cama grande de lençóis vermelhos escuros,confortável e suave apenas como os elfos sabiam fazer. Tochas de fogo feérico azul iluminavam aquele belo local. Tennzin e Naryä observavam as estrelas, deitados na sua cama de algodão suavíssimo. Os dois estavam muito calados, provavelmente devido ao facto de terem conversado por horas seguidas durante vários dias, não tendo assunto para uma conversa atual, achavam eles. Mas ambos sabiam que não era verdade, sempre conversaram durante horas e dias e, tenha sido há 9 anos ou 9 dias, nunca haviam ficado sem assunto para falar, eram demasiado compatíveis para isso. Ambos sabiam que o beijo havia mudado o clima que quase 9 anos de desgraça não haviam mudado. Tanto Tennzin como Naryä, desejavam algo mais do que conversar.
- Ten...- Murmurou Naryä num tom baixo e suave, tentando quebrar o silêncio da noite. Mas Tennzin interrompeu-a logo, dizendo:
- Ouve, Naryä, acerca do que te disse há pouco... apesar de ter sido sincero, aquele discurso serviu apenas para disfarçar aquilo que te tenho querido dizer, desde o dia em que te conheci, junto ao lago de EdenVale, como em todos estes dias maravilhosos que temos passado nas últimas semanas. Naryä, eu amo-te.- Tennzin sempre tivera dificuldade em expressar os seus sentimentos por palavras, mesmo quando a sua família era viva. Por mais banais que aquelas palavras pudessem parecer, tinham, na verdade, um grande significado para ele. Uma lágrima chegou aos olhos da elfo, sendo que ela quase pôde sentir através daquele momento, toda a dor, aflição e também felicidade e euforia que Tennzin havia sentido ao longo da sua vida. Naryä apercebera-se agora, explicitamente, do que era aquele sentimento presente no seu interior de cada vez que via aquele homem-elfo. Naryä sentia que todos os pequenos desejos e felicidade que vivera com Tennzin, se juntavam agora, em algo muito mais poderoso e apaixonante. Desta vez, foi Tennzin que beijou Naryä, enquanto esta apreciava o momento e a sorte que havia tido em encontrar Tennzin e de o ter novamente na sua vida. Ten nunca se sentira tão vivo. A satisfação do desejo de se aproximar mais de Naryä era como uma chama acesa no seu peito. Ele começou a despir a veste superior de Naryä, enquanto ela se deitava na cama sorridente. Ten beijava-a em todas as partes do corpo que ia descobrindo, à medida que lhe retirava as vestes. Assim ocorreu até ao fim...

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