Capítulo 12

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Não consigo ficar mais parado, olhando ela partir e não fazer nada. Subo em Storm e vou embora, apenas cavalgo para longe, sem destino. Sempre foi assim, quando me sentia sem saber o que fazer, cavalgava até me cansar, cansar o pobre animal, ou senão me afogava em uma garrafa de uísque, mas essa ultima opção nunca mais farei.

Ela com a sua doçura me fez enxergar o caminho perigoso que estava percorrendo e o final dele não seria bom.

Sinto que Storm já está cansado, o encaminho para perto de um riacho, onde paro e desço. O pobre logo mata sua sede.

Fico ao seu lado, segurando suas rédeas e acariciando seu pescoço, quando acaba me olha com o olhar mais triste do mundo, acho que sente minha tristeza também.

Até meu cavalo se apaixonou por ela.

Sorrio em pensar na gargalhada que ela daria ao falar isso a ela e penso o quanto vou sentir falta disso, dela.

— É amigo, somos somente nós dois de novo.

Ele relincha, como se concordasse, o monto de novo e penso em voltar para o Haras, mas não tenho vontade, decido cavalgar mais um pouco, e acabo no caminho onde Ellie sofreu o acidente. Desço de Storm e o amarro em uma arvore, caminho até onde ele a trouxe e penso na ligação que existe entre eles, como ela disse uma vez, é mágico. Minha Fada, quer dizer, feiticeira, minha feiticeira de olhos azuis, olhos de oceano, meu oceano de pureza e força.

Como pode uma pessoa ser tão forte, suportar tanta coisa e não perder sua pureza, sua inocência? Não perder a capacidade de acreditar nas pessoas e extrair o melhor delas? Ela fez isso comigo e sei que foi isso que fez me apaixonar por ela.

Logo eu, que depois de perder Ellie, jurei nunca mais amar mulher alguma, por medo de perdê-la de novo, de passar toda a dor de novo, me apaixonei pela pessoa que menos devia, pois sabia que ela ia embora, que não ia se enterrar em uma fazenda ao lado de um Peão com o dobro de sua idade, de envelhecer ao lado dele. De deixar de viajar pelo mundo em seu avião para se limitar a esse pedaço de chão. Ela é grande demais, como seus sonhos, forte demais, merece ganhar o mundo e não ficar presa, limitada a este fim de mundo.

Tive que deixa-la partir e isso dói muito dentro de mim.

Passei dias com vontade de beija-la, de me declarar a ela, mas não podia, a ideia dela me chutar, dizer que não podia ficar comigo, que preferia a sua vida em Seattle, acabaria ainda mais comigo, então apenas a beijei para matar um pouco a vontade de tê-la por completo, para marca-la, para que se lembre para o resto de sua vida que fui seu primeiro beijo. E como gostaria de ser o primeiro em tudo, suspiro com isso, não posso ir por aí.

Tenho que pensar que fiz o certo. Dizem que quando se ama, quer o bem e a felicidade do ser amado, foi o que fiz, dei isso a ela. Sei que prefere sua profissão a mim, que é feliz assim, então, só me resta ficar com suas lembranças, de como sorria para mim, de como adorava a levantar para subir no Jipe, da sua voz conversando suave com Storm, são tantas lembranças de um mês que vão valer para uma vida toda.

E assim que vou encarar, um amor que nasceu e cresceu em um mês, mas que vou guardar em meu coração para o resto da vida.

Volto para Storm, o desamarro e o monto. Penso em voltar para o Haras, trabalhar e trabalhar como fiz nos últimos anos, só que agora sentindo a falta de uma moça linda de olhos azuis e riso fácil do meu lado.

50 Tons- Escolhas do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora