Nono andar

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Minha liberdade me custou caro, eu sei. Mas não a trocaria por nada.

Voar alto, com asas só minhas, foi um aprendizado duro e prazeroso - coisa para Sade se deliciar.

Quando havia a dor também havia prazer e meus vôos foram longos... nem sempre quentes, nem sempre solitários, mas sempre compensadores, didaticamente compensadores.

Criança, ainda, vi uma borboleta saindo de seu casulo e nada me pareceu tão frágil - qualquer ventinho esmagaria fácil aquelas asas quase transparentes. Eu também aprenderia a voar - mas as minhas asas seriam firmes e eu não perderia o meu poder de pássaro. Não domaria meus sonhos.

Nadine olhou-se sordidamente no espelho e viu seus próprios pensamentos.

Tirava as meias e se lembrava daquela boca em seus pés, sugando seus dedos ainda no carro, das mãos que entravam pelo decote de sua blusa e expunha sua pele nua – e o semáforo maravilhosamente fechado.

Tesão antigo, acumulado, proibido e negociado – que importava agora? Não havia culpa nenhuma. Só prazer. Sem conseqüências no dia seguinte – exceto pela enorme vontade de rir ao encontrá-lo formalmente e lembrar da trepada tântrica-selvagem que tiveram e da qual ninguém mais sabia.

Nadine gostava de ser eroticamente explorada e dava, literalmente, tudo de si enquanto transava. Ficava de quatro com orgulho. Cavalgava com prazer um belo animal humano.

Passeava pela sala ainda deliciada com aquelas lembranças e não se importava com a janela aberta – sua pele era sempre quente.

No nono andar do prédio vizinho, a luz ainda estava acesa - como Nadine.

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⏰ Last updated: Jul 12, 2017 ⏰

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Aprendendo a voarWhere stories live. Discover now