Perdoando o Adeus (Degustação)

Primeiro capítulo

PRÓLOGO

Rio de Janeiro, domingo - 14 de janeiro de 2001

Betina cravou a prancha na areia da praia e sentou ao lado de Leo que estava descansando depois de pegar ondas ao lado dela. Todo final de semana era a mesma coisa, praia, sol e surfe, mas hoje era um dia especial, estavam comemorando o aniversário de 16 anos de Leonardo.

– Está no mundo da lua, Leo?

– Não exatamente. Estava aqui pensando que daqui a 2 anos já vou poder responder por meus atos legalmente. A maioridade me assusta sabia? Quero crescer não. É estranho isso, não é?

– Não exatamente Peter Pan.

– Ah, vai! Eu aqui batendo um papo sério e você vem com onda.

Ao perceber que ele tinha ficado realmente magoado, Betina deu uma gargalhada do fundo da garganta. Era muito criança mesmo, filhinho da mamãe mimado, mas ela adorava esse jeito dele de ser.

– Não ri Bet. Você não me leva a sério mesmo.

Ele falou e levantou sacudindo a areia da roupa, estava irritado demais para ficar perto dela.

– Onde você vai, lesado? Eu não estava rindo de você. É que você fica muito fofo quando fica irritado.

Betina correu atrás dele e o segurou pelo braço forçando-o a olhar para ela. Ele tentou desviar o olhar porque sabia que toda a raiva sumiria assim que a encarasse, mas ela foi persistente e só desistiu quando ele olhou no fundo dos olhos dela e sorriu mesmo sem querer.

– Bobo! Não estraga nosso dia com bobagem vai.

– Não era bobagem, era sério.

– Eu sei que sim, mas não vamos pensar em coisas sérias hoje, vamos só curtir nosso dia. Daqui a pouco chega a galera e eu não vou mais ter você só para mim.

Ela falou e beijou ele fazendo toda a birra se dissolver como mágica.

– Não se preocupe, você vai me ter só para você eternamente, minha menina do Rio.

Ele falou abraçando-a pela cintura bronzeada e grudenta da água salgada, enquanto tirava os cabelos molhados do rosto dela com mãos delicadas.

– Dizendo assim até acredito.

Ela falou enlaçando o pescoço dele enquanto encarava seus olhos e sentia que aquela promessa era séria demais para seu gosto. Tinha muito medo do rumo que o relacionamento deles estava tomando, não estava pronta para algo tão definitivo, tinha muito medo do que o futuro reservava. Leo percebeu no olhar dela a insegurança e a abraçou pesaroso, seu maior medo era que ela fugisse dele, queria poder provar toda a intensidade do seu amor por ela, mas eram jovens demais para saber o que é amor de verdade.

– Estou sendo sincero.

– Vou cobrar de você por cada promessa não cumprida no dia que decidir me deixar. E isso, é uma promessa meu garoto de Ipanema.

CAPITULO 1

San Diego, sábado – 15 de abril de 2017

Leo entrou em casa pela garagem onde deixou a prancha de surfe e foi tomar um banho para tirar a areia da praia do corpo, eram onze horas em pleno sábado e tinha um passeio marcado às dez, estava mais que atrasado, mas sabia que sua irmã não ia partir sem ele. Ela sabia que aos sábados seu primeiro encontro do dia era com o mar e por isso sempre relevava seus furos.